Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII
1908 Atualizado em 14/11/2025 03:42:17
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Tivesse ou não sido o padre Rodrigues o soldado desertor que alcançara Schmidel no segundo dia da sua viagem, é inegável, porém, que ele conhecia o caminho do Paraguay e poderia servir de guia a Nóbrega e voltando atrás, repisando as pegadas, mostrar-lhe os trechos por que passou e a aldeia que o seu companheiro chamou de Biesaie, cujos nativos lhe forneceram os viveres para a viagem, e onde talvez escolhessem o lugar para a sua primeira povoação. A cronica, porém, o que narra é que Nóbrega, partindo em companhia do noviço Antonio Rodrigues e de alguns nativos catecúmenos de Piratininga, chegara até á aldeia de Japyhuba ou Maniçoba, onde tratou de realizar o que tinha em mente.Erigiu uma pequena igreja e começou a ensinar a doutrina, dando assim princípio a uma residência que durou anos, com grandes proveitos para a religião. A fama de Nóbrega se estendeu por todo o sertão do Paraguay (Era assim chamada toda a região de Piratininga para diante) donde se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele para serem doutrinados na nova aldeia que lhes ficava mais perto.Uma ocasião, quando uma dessas "levas" de Carijós se achava nas proximidades da igreja, foi atacada á traição sendo mortos muitos nativos por uma horda de Tupis seus contrários e moradores em Paranaitú.Entre esses Carijós vinham alguns espanhóis que na ocasião do encontro se esconderam na mata e, depois de terminada a luta, foram ter, parte á aldeia de Maniçoba, parte á aldeia dos Tupis no Paranaitú que os aprisionaram, mas que foram soltos por intervenção do Padre Pedro Correa.
A dispersão e chegada áquela aldeia, bem como a facilidade com que Pedro Correa obteve a liberdade, dão a entender que as aldeias eram próximas uma da outra. O nome Paranaitú é muito sugestivo na sua significação de "salto de rio grande". Rio Grande era o primitivo apelido do rio que, ao depois chamado Anhembi, tem hoje o nome de Tietê.
A denominação de Rio Grande deve preceder da tradução imediata do nome Paraná, pelo qual parece ter sido conhecido antes da entrada dos portugueses no Brasil. Paranaitú, "salto do rio Grande" ou salto do Tietê, não pode ser identificado com outro senão o salto de Itú, na vila da comarca deste último nome, e que hoje ainda conserva a grafia da sua primitiva denominação; traduz e repete a palavra traduzida.
Nas vizinhanças de São Paulo, ou nas 40 léguas de exploração que fez Nóbrega não ha outro rio Grande que dê salto que mereça aquela definição. Maniçoba ou Japyuba é possível que seja o local onde está situada a atual cidade de Itú. Maniçoba não teve vida muito duradoura, parecendo que pouco depois de sua fundação foi abandonada.
Simão de Vasconcellos diz que em 1554 os mamelucos filhos de João Ramalho foram até essa aldeia, perturbaram tudo e conseguiram que aqueles catecúmenos abandonassem os padres convencendo-os que os mesmos eram estrangeiros que foram degradados para a colonia como gente sem ocupação e que seria o mais honroso obedecer a quem fosse tão valente no arco e na flecha como eles.Acrescenta em seguida "não só disseram como fizeram; porque os pobres nativos, suposto que mansos por natureza enganados da eloquência e eficácia dos mamelucos, em cujos corpos parece falava a diabo, assim se foram embravecendo e amotinando que houveram os padres de deixá-los em quando não esperava mais fruto. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Páginas 173 e 174]
Além desses elementos e da excelência das condições topográficas locais, Itú está situado em meio de uma vegetação baixa que devia ser naquela época uma das condições excepcionais para fundação de povoações. Demais, qual outro povoado poderia ter sido sido reconstruído sobre os escombros de Maniçoba?
Parnahyba, Baruery, Araçariguama, Porto Feliz e Sorocaba são os povoados mais velhos que poderiam disputar a honra de ter sido a primeira residência de jesuítas construída serra acima.
Qualquer delas, porém, não só pela distância em que ficavam de Paranaitú, como por terem a sua origem bem historiada não poderia ter sido a continuação daquela aldeia.
Referindo-se aos Carijós que se vinham doutrinar em Maniçoba, diz o cronista que eles eram acompanhados de alguns espanhóis, não sendo provável por isso que eles viessem de outro ponto que não fosse Cananéa. Ai é que se moravam os espanhóis e era a habitação desses nativos.
Não é possível que a cronica se refira aos espanhóis e carijós de Santa Catarina, porque no ano antecedente (1552) Thomé de Souza mandou obstruir o caminho de Santa Catarina ao Paraguay.
É provável que essa obstrução se estendesse somente até ás proximidades do Iguassú porque o caminho de São Vicente ao Paraguay por Santo André ainda continuava frequentado.
Dai se infere que da aldeá de Maniçoba ou de Paranaitú o caminho deveria seguir, aproveitando quando possível a vegetação de cercados que veste a região de Itú, e que dai para diante se definha em campos que estendem por Sorocaba e Sarapuhy até a proximidade de São Miguel Arcanjo, povoação situação na direção de Cananéa, para onde deveria prosseguir pelo vale da Ribeira. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Página 175]
Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro á capitania de São Paulo, no Brasil, no verão de 1813, com algumas notícias sobre a cidade da Bahia e a ilha Tristão da Cunha, entre o Cabo e o Brasil e que ha pouco foi ocupada. De Gustavo Beyer
Jaraguá, que pertence ao ex-governador Orta (Horta), é conhecido pela quantidade excepcional de ouro ali extraído ha 200 anos, quando era considerado o Perú brasileiro. Hoje, porém, não é assim, apesar de continuar a extração. O terreno ao redor é montanhoso e desigual; a própria montanha parece composta de gneiss com hornblenda cuja superfície é vermelha e contém ferro. O ouro é encontrado em "stratos" de pedregulho com ouro, chamados "cascalho" que se retira do morro com uma picareta chamada "amocafre". [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Página 291]
Viajando pelos arredores de Itú é impossível não notar que toda a gente da classe baixa tinha os dentes incisivos perdidos pelo uso constante da cana-de-assucar, que sem cessar chupam e conservam na boca em pedaços de algumas polegadas. Quer em casa, quer fóra dela, não a largam e é possível que esta também seja a causa de haver aqui mais gente gorda do que em outros lugares.
Ao pé da cidade há a grande montanha calcarea denominada "Arara Itaguaba",nome este que conserva do tempo dos índios e quer dizer: "comer cal", porque, nos meses de janeiro e fevereiro chegam aqui milhares de papagaios e outros pássaros americanos que comem cal antes de porém os ovos. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Páginas 292 e 293]
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII Data: 01/01/1908 Página 293
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.