“D. Francisco de Souza”. Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957), Jornal Correio Paulistano
10 de outubro de 1904, segunda-feira Atualizado em 11/11/2025 22:20:08
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Governar foi para d. Francisco de Sousa descobrir minas: e, assim pensando, ele por todos os lados atacou o sertão, a parte interior do Brasil, onde desvairadas lendas situavam Sabarábussú, a montanha resplandescente, a serra de ouro e de prata.
Na Bahia auxiliou a mallograda expedição de Gabriel Soares de Sousa: do Espírito Santo fez partir Diogo Martins Cão; de São Paulo despachou bandeiras em busca das minas de prata.
Ele rodou as nascenças do rio São Francisco, onde se supunha estar a famosa serra, como a ave de rapina tenazmente rodea a preza, estreitando cada vez mais o círculo de seu voo.
Chegado aqui, logo de transportou - outubro de 1599 - para Biraçoyaba e Caativa, com ensaiadores, mineiros, fundidores.
Somas enormes ansiavam essas viagens, essas explorações, dirigidas pelas mãos rotas do governador geral do Brasil, que sempre e largamente gratificavam.
O descendente de Ruy de Sousa, porém, não encontrava embaraços para arranjar dinheiro.
Quando esgotava o produto dos dízimos, receita ordinária dos governadores; quando consumia o que tomava emprestado, por autorização especial do rei de Hespanha, saqueava sem escrúpulos.
Por fevereiro, talvez de 1609, no porto de Santos arribara o Mundo Dourado, grande urca de Amsterdam, cujo capitão, Lourenço Bicár, alegando as suas crenças cristãs e os seus intentos comerciais, requereu licença para descarregar e vender mercadorias que levava.
Despachado favoravelmente o Mundo Dourado fundeou e, depois de pagos os direitos reais, entrou a negociar com os moradores de Santos.
Dizem que mais tarde, tomando inquirições, d Francisco de Sousa viera a saber que essa nau, separada por tormentos de uma armada que fóra ao Estreito de Magalhães, a pilhar carregamentos vindos do Peru, aportara apenas para esperar as companhias.
Naquele tempo, as outras nações vingavam-se do poderio a que chegara a Hespanha e opunham-se á sua expansão, consentindo que piratas saqueassem os portos, depredassem as povoações que constituíam o domínio hespanhol "tão vasto que nele o sol não encontrava nunca o ocaso".
Meditando uma de suas manhas, que logo poz em prática, de São Paulo, onde se achava, com muitos moradores partiu d. Francisco de Sousa para Santos.
Lá, um dia, em que a maior parte da marinhagens se achava em terra, se dirigiu para a urca uma canoa empavesada, coberta de ramagens conduzindo aventureiros portugueses que cantavam e tocavam guitarra.
Recebidos a bordo sem desconfiança, começaram a bailar e a beber com os flamengos; e quando estes menos o esperavam, se fizeram senhores da praça, d´armas e da pólvora, e, logo, a sinal adrede combinado, muitas outras canoas com soldados e índios frecheiros abordaram a tomaram a nau sem que os tripulantes pudessem defender.
A manha ai passou a perfídia; mas, que importa, se os costumes da época permitiam essa duplicidade, e se essa duplicidade permitiu um apresamento superior a 100.000 cruzados, os quais tão depressa se adquiriram como se gastaram, conforme contou frei Vicente.
As minas de Piraçoyaba pouco ouro tinham; não eram mais que uma montanha de ferro, o nosso Ypanema de hoje, e foram, portanto, uma decepção para d. Francisco de Souza. Apesar disso não esmoreceu; nessas proximidades levantou pelourinho e erigiu uma vila que denominou São Phelippe; do mesmo modo, depois indo examinar as minas de Bituruna, que não corresponderam á sua expectativa, também levantou pelourinho e erigiu outra vila, a vila de Monserrat.*
Com a primeira cortejava o rei e com a segunda a santa de sua especial devoção; e não se esquecia dos moradores de São Paulo, porque prometia procurar-lhes com sua majestade muitos privilégios e mercês e elevar-lhes a vila á cidade, "por ter sido a primeira e principal parte onde, mediante o favor divino, descobriu minas".
Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) equivocou-se dizendo ficar a vila Monserrat próxima ás minas de Biraçoyaba; confundiu Monserrat com São Phelippe supondo ter existido uma só vila. Na coleção de mapas apresentados ao árbitro pelo Barão do Rio Branco, na questão chamada das Missões, ha os mapas n°. 5-A e n°. 6-A, que localizam Monserrat a N.O. de São Paulo, além do Anhamby, e São Phelippe a oeste de São Paulo, na margem de um afluente do Anhamby.
Quando Salvador Correia elevou Sorocaba a vila, diz que d. Francisco de Sousa já lá tinha mandado levantar pelourinho. - Vide em "Azevedo Marques. Apontamentos sobre Sorocaba. Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1775-1844) (Jornal de Viagem, por diferentes vilas até Sorocaba - R.I.H.G.R., vol. 45) em 1803 esteve em Parnahyba, e nas proximidades desta vila, examinou as lavras de Bituruna, "Monserrat", Taboão e Santa Fé. O mapa da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, situa o município de Parnahyba sua fazenda "Monserrat" e porto "Grupiara", vocabulo usado pelos mineiros daquele tempo.
Vida ativa levou ele em São Paulo. Em 26 de junho de 1600, dia em que armou cavaleiros a Antonio Raposo e a Sebastião de Freitas, já tinha visitado e demoradamente examinado as minas de Biraçoyava e Caativa, e Bituruna, e três vezes, pelo áspero caminho do mar, com moradores da capitania, tinha ido a Santos, defende-la e fortifica-la contra inimigos corsários.
Por historiadores contemporâneos é acusado d. Francisco de Sousa de não ter sido rigoroso no cumprimento do alvará de 11 de novembro de 1595, que proibiu terminantemente a escravização do indígena e revogou o de 20 de março de 1570, que permitia a escravização que fossem tomado em guerra justa.
D. Francisco de Sousa não foi e, conhecidas as suas circunstâncias, não podia ter sido rigoroso no cumprimento do humano alvará; porque, justamente, sendo a cativação do índio o lucro imediato das bandeiras, tornar efetiva a sua proibição, seria proibir as entradas ao sertão, seria, pois, proibir as pesquisas e investigações das minas que ele entendia descobrir.
Ao contrário, não deu cumprimento a esse alvará; ao contrário, fomentou a cativação do índio, fomentando as entradas ao sertão. Foi ele quem arremessou a capitania ao sertão; é verdade que já existia o arco forte e a frecha acerada, mas não é menos verdade que foi ele quem o disparou.
Antes do alvará de 1595, as bandeiras não entravam ao sertão sem que houvesse declaração de que a guerra era justa; depois elas entravam, em qualquer caso, mesmo sem declaração. E, coisa notável, o alvará que proibiu terminantemente a cativação do índio veio a tornar essa cativação mais franca.
No tempo de d. Francisco de Sousa as bandeiras tomam, por assim dizer, um caráter oficial; e, mais bem organizadas e mais ousadamente, saem a cumprir a faina gloriosa, se bem que às vezes inconsciente, da constituição geográfica do Brasil.
As bandeiras queriam escravos, d. Francisco procurava minas, e o Brasil definia-se territorialmente.
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (5): 20/07/1553 - Carta escrita por João de Salazar ao Conselho das Índias 11/11/1595 - Alvará proibiu terminantemente a escravização do indígena e que revigorou o de 20 de março de 1570, que permitia a cativação dos que fossem tomados em guerra justa 01/11/1599 - A expedição de Salvador, Martim de Sá e o pirata Anthony Knivet, enviada por D. Francisco de Souza* 06/06/1600 - Sebastião de Freitas, por alvará de 6 de junho de 1600, foi armado cavaleiro por d. Francisco de Sousa e nesse documento se faz referência aos serviços que prestara 01/01/1656 - *Mapa “Le Bresil” de Nicolas Sanson (1600-1667) EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.