'Introdução à História das bandeiras - XXII. Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960), Jornal A Manhã - 18/01/1948 Wildcard SSL Certificates
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Introdução à História das bandeiras - XXII. Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960), Jornal A Manhã
    18 de janeiro de 1948, domingo
    Atualizado em 30/10/2025 05:33:22

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Assim se explica que certos fatos da geografia americana, cuja, revelação deveria caber aos espanhóis, foram primeiramente conhecidos pelos bandeirantes de São Paulo e do Belém do Pará.

Caso típico é o do Rio Grande ou Guapaí que, junto ao Mamoré, engrossa, com o Guaporé, o Madeira, afluente por sua vez, do Amazonas. Durante o século XVI, os espanhóis consideraram o Guapaí como terminação do Maranhão (Mearim). Assim figura na carta de Gutierrez (1562) a que nos referimos. Nas várias relações quinhentistas de Santa Cruz de La Sierra e governação respectiva, publicadas por Jimenez de la Espada, continua a identificar-se o Guapaí com o Maranhão português.

Para melhor se compreender o significado deste erro, convém relembrar que Santa Cruz de la Sierra, tendo embora mudado de posição, quedou sempre situada cercas das margens daquele rio e no começo do larguíssimo trecho em que é navegável até às quedas do Madeira.

Mais tarde, em 1612, Rui Dias de Gusman, em sua "Argentina", continua a sustentar a mesma opinião. Finalmente, nas vésperas de 1650, em que Raposo Tavares e os seus companheiros desciam o rio toda a sua extensão, e depois de baixar a escadaria de ciclopes do Madeira, desembocaram no rio-mar, a cartografia dos jesuítas espanhóis fazia desaguar o Guapaí no Paraguai!

Aliás, até à viagem memorável do grande bandeirante domina entre os portuguese a falsa opinião de que Potosí e as demais cidades do Peru estavam muito próximas do Brasil. Para isso contribuiu grave erro de Lisboa na cartografia da América do Sul. Desviando muito para o leste o curso do Prata-Paraguai, para abranger na soberania portuguesa todo ou quase todo o vale platino, resultava que o Tocantins-Araguaia ocupava nas cartas da primeira metade do século XVII o lugar que na realidade pertencia ao Tapajoz e ao Madeira-Guaporé. No atlas de 1630, de João Teixeira Albernaz, que se guarda na Biblioteca de Washington, o curso geral e as fontes do Araguaia figuram a oeste do Paraguai!

Não espanta assim que os mitos geográficos e geográfico-humanos pululassem e tivessem resistido até ao século XVIII na pena dos cronistas mais conspícuos, como o Padre Lozano. Já nos referimos ao mito essencial da Ilha Brasil, ao qual veio agregar-se o da Lagoa Dourada, mito secundário. Ao lado desses, outros mitos, como o da Serra resplandecente, das Amazonas, o dos gigantes e pigmeus, esmaltaram a geografia e a cartografia dos primeiros séculos.

Servindo-se de todos esses dados míticos, um explorador, a cuja pena devem vários relatos verídicos e reais, não hesitou em misturar à narrativa das suas aventuras aquilo a que podemos chamar uma bandeira mítica. Esse relato, a que vamos referir-nos com alguma demora, posto que puramente fantasioso, não deixa de ter interesse. Faz-nos entrar no ambiente psicológico da época. Dá-nos a medida da importância dos mitos e de sua eficácia como possível incentivo da ação. Mostra-nos igualmente quanto as fraudes cartográficas acabavam por influir na mentalidade dos contemporâneos.

É o caso de Anthony Knivet quando, em 1597, resolve abandonar a bandeira de Martim de Sá, por alturas do Sapucaí ou do Rio Verde, isto é, no extremo ocidental da bacia do Paraná, para se internar para oeste. O aventureiro inglês e seus doze companheiros lusos de aventura resolvem, no dizer do primeiro, seguir para o Mar do Sul, quer dizer, para o Pacífico e o Peru. Passada uma semana, os aventureiros encontraram, além de pedras verdes, objetos de ouro em mãos dos nativos. "Ao deparar com tais pedações de ouro, e aquelas pedras, escreve Knivet, rendemo-nos conta de que estavamos muito perto ode Potesí". Mais adiante e quando narra a mesma aventura, acrescenta: "Sabíamos que não estavamos distantes do Peru e Cursco".

O aventureiro inglês limitava-se a reproduzir as opiniões correntes entre portugueses, às quais mistura as lendas, colhidas da boca dos nativos.

"Arribamos á seguir a uma vasta região divisando à nossa frente imensa e resplandescente montanha, dez dias antes de poder atingi-la, pois quando chegamos à região plana, fora das serras, com o sol em seu auge, não era suportável avançar na direção deste monte, em razão de seu brilho, que nos ofuscava os olhos".

O bom inglês dava como real o mito da Serra Resplandescente, que já Filipe Guilhem, nos meados do século, recolhera da boca dos nativos em Porto Seguro.



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Jornal A Manhã
Data: 18/01/1948
Página 8


ID: 12956



ME|NCIONADOS Registros mencionados (7):
01/01/1522 - *Portugueses (com a expedição de Aleixo Garcia) e espanhóis passam a procurar a célebre Lagoa subindo o Rio da Prata e Paraguai, mas sem conseguir chegar à sua nascente
01/01/1526 - *Segundo as noções geográficas de então, a região de São Vicente localizava-se nas vizinhanças das ricas terras do Peru e das minas de Potosi, e os sertões ainda inexplorados, uma terra incógnita situada entre o rio Paraná e a costa, já visitados por ingleses em 1526
20/07/1553 - Carta escrita por João de Salazar ao Conselho das Índias
11/02/1584 - Pedro Sarmiento de Gamboa funda a Ciudad Real de Felipe
15/05/1648 - Expedição liderada por Raposo Tavares partiu do porto de Pirapitingui
15/02/1929 - Estrada Real, Koboyama
16/02/2023 - Balthazar Fernandes: Culpado ou Inocente?
EMERSON

  


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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.