'Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo XXI - 01/01/1858 Wildcard SSL Certificates
1854
1855
1856
1857
1858
1859
1860
1861
1862
Registros (51)Cidades (0)Pessoas (0)Temas (0)


Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo XXI
    1858
    Atualizado em 24/10/2025 03:38:38

•  Imagens (1)
  
  
  


A Sereníssima Snr.a. D. Luiza, como regente de Portugal na menoridade de seu filho o sr. D. Afonso VI conferiu a Salvador Correia de Sá e Benevides no governo desta cidade, com o caráter de governador geral da repartição do Sul sem subordinação alguma ao governador geral do estado do Brasil. Por este motivo lhe ordenou, que levantasse ao governador da Bahia a homenagem, que havia feito pela repartição do Sul. Na parente declarava S. Majestade que no caso de estar governando João de Mello o Rio de Janeiro devia ele continuar no governo desta capitania, e Salvador Correia encarregar-se somente das outras. Em Lisboa se embarcou o novo governador para a cidade da Bahia onde levantou a dita homenagem de que se fez termo lavrado na mesma cidade aos 2 de setembro de 1659. No arquivo da câmara de São Vicente, se acha o registro assim da patente como do termo citado (livro que serviu de registro pelos anos de 1600 a fl. 40 e 41).

Da Bahia se dirigiu a esta cidade, onde tomou posse e ignora-se o quando, mas é certo que já governava a 4 de outubro de 1659, porque nesse dia conferiu o posto de capitão-mór da capitania de São Vicente a Antonio Ribeiro de Moraes. Com os acertos e zelo com que costumava servir a El-Rei, e promover a felicidade da sua pátria, e também sem descontentamento nem alteração alguma dos povos, governou Salvador Correia até o fim de setembro ou princípio de outubro de 1660, tempo em que se embarcou para a vila de Santos, com o desígnio de visitar as minas situadas nos distritos de Iguape, Cananéa, Paranaguá, e vilas de serra acima. Deixou por governador desta cidade durante a sua ausência Thomé Correia Alvarenga, que em outro tempo tinha governado esta capitania com geral satisfação.

Ainda não contava muitos dias de hospedagem na vila de Santos, quando lhe chegou aviso de que logo depois de sua retirada insurgia nesta cidade um motim execrando ao qual haviam dado princípio alguns moradores da freguesia de São Gonçalo, instigados por malévolos que invejavam a glória do governador geral do Sul, e não podiam sofrer que os Correias de Sá se achassem exercitando os cargos principais da republica para que haviam sido nomeados por Sua Majestade. Não se lembrou mais o povo que esta família a quem ele era devedor de tantos e tão grandes benefícios tinha conquistado, fundado, aumentado, defendido e governado muitas vezes a capitania do Rio de Janeiro, sempre com aprovação dos soberanos, e notória conveniência dos súbditos.

Sublevou-se a gentalha, e desenfreado este monstro horrível, abortou excessos dignos de pena exemplar. Clamam os levantados contra Salvador Correia de Sá e seus consanguíneos, requerem que todos sejam depostos dos seus empregos, e prendem ao sargento-maior do terço, ao provedor da fazenda real, ao governador substituto Thomé Correia de Alvarenga, e outros muitos. Determinaram que Agostinho Barbalho Bezerra com os oficiais da câmara governem a capitania, e ordenam, que ninguém obedeça Salvador Correia de Sá e Benevides. A Barbalho tiraram por força do convento de Santo Antonio, para onde havia fugido na suposição de que no sagrado deste convento acharia seguro Latíbulo, e com ameaças de morte o constrangeram a aceitar o governo.

Aos camaristas, não seria necessário violentar; porque em uma carta, que os desse ano escreveram aos de São Paulo, e essa de falsidades, acusando a Salvador Correia de Sá e Benevides, deram provas inegáveis de sua má vontade e perversa intenção.

Na própria vila de Santos recebeu Salvador Correia segundo aviso, não menos sensível, que o primeiro, de estarem os moradores de São Paulo resolvidos a não lhe darem obediência, com o fundamento de não terem jurisdição alguma, sobre a capitania de São Vicente, os governadores do Rio de Janeiro, por se achar disposta a matéria, para lhe imprimirem a forma, que quisessem. Os paulistas, geralmente falando, eram desafeiçoados a Salvador Correia de Sá e Benevides, pelas razões seguintes.

Este governador zelava a liberdade dos nativos, e desejava executar leis, que proibiam cativa-los. Ele, e seus parentes defenderam aos extintos jesuítas na ocasião em que, amotinado o povo desta cidade acometeu com mão armada o seu colégio, por haverem publicado na sua igreja uma bula em que o pontífice fulminava a pena de excomunhão contra os plagiários do gentio americano. Ele tinha castigado ao mestre de um barco, que vindo de Santos, nesse tempo, entrou por esta barra com sinais capazes de amotinarem o povo, e indicativos de novidade interessante ao público, por levar a notícia de que os moradores da capitania de São Vicente, e Itanhaém, induzidos pelos paulistas, haviam expulsados todos os jesuítas, pela dita causa de também publicarem, nas suas igrejas, a mencionada bula. Ele finalmente solicitou, e conseguiu a restituição dos mesmos padres aos seus colégios de Santos, e São Paulo, como lhe ordenara o Sr. D. João IV, em uma carta recomendando-lhe muito aquela restituição.

Desta displicência eram cientes os levantados desta cidade, os quais também sabiam, que Salvador Correia de Sá e Benevides não fizera registrar a sua patente na câmara capital de São Vicente, sendo que nesse tempo não se dava cumprimento a provisão alguma, sem que precedesse a esta solenidade, assim por costume antiquíssimo, que trazia a sua origem do principio da povoação, como por ordens que para isso haviam dos governadores gerias do Estado. Desta omissão, e daquele desagrado, se serviram os levantados, para atraírem os paulistas ao seu abominável partido. Tanto que se amotinaram, logo escreveram a seus amigos, e correspondentes de São Paulo, que se acautelassem, e por nenhum modo aceitassem o governo senão queriam ver-se reduzidos a pobreza total, pois a sua riqueza consistia no domínio dos nativos, e o governador vinha empenhado a liberta-los. [Páginas 43, 44 e 45]

Ponderavam que Salvador Correia falava com perfeição a língua do país, e era muito amado dos nativos, os quais se uniriam a ele se chegasse a subir a serra, e tendo da sua parte tantos mil flecheiros, poderia subjugar os brancos, como lhe parecesse; concluíram afirmando que o dito Salvador Correia pela razão de governador desta cidade não tinha jurisdição alguma sobre as outras capitanias do Sul, que a Majestade somente lhe dava nos casos respectivos ás minas, e que ele a ampliava interpretando a patente régia, como lhe ditava a sua ambição.

Assim enganados alguns dos correspondentes a quem se escreveram as cartas, entraram a amotinar o povo, e conseguiram que cinquenta ou sessenta indivíduos quase todos pobres, ou forasteiros (segundo confessa o próprio governador em um dos seus bandos) fossem á casa do conselho, e obrigassem aos senadores a decretarem que se proibisse a entrada de Salvador Correia de Sá e Benevides; mandando atrancar o caminho, e nele gente armada, que lhe vedasse o trânsito. Isto relata o mesmo Salvador Correia aos camaristas de São Vicente em uma carta que lhes escreveu, a qual se conservava ha poucos anos no arquivo da câmara. Quem noticiou ao governador o levante, também lhe disse que o Juiz dos Órfãos D. Simão de Toledo Piza, fidalgo muito ilustre natural da Ilha Terceira, e Antonio Lopes de Medeiros ouvidor atual da capitania de São Vicente foram cabeças do tumulto.

Por este motivo mandou o governador deitar um bando na vila de Santos a 15 de novembro de 1660, em que suspendia do exercício dos seus cargos ao dito Juiz e Ouvidor, ordenando-lhes que no termo de um mês comparecessem distante dele. Mandou registrar a sua patente na câmara de São Vicente, e da lá remeteu uma cópia aos vereadores de São Paulo, cópia que á imitação de São Telmo serenou felizmente a borrasca porque vendo os paulistas que Sua Majestade havia confirmado a Salvador Correia no governo geral da repartição do Sul, conheceram a falacia dos levantados desta cidade, e sem contradição alguma lhe deram pronta obediência. [Página 46]

Cap. 24 da obra de Fr. Vicente do Salvador intitulado: "Jornada que Gabriel Soares fazia ás minas dos sertão, que a morte lhe atalhou." Era Gabriel Soares um homem nobre dos que ficaram casados nesta Bahia, da companhia de Francisco Barreto, quando ia á conquista de Monomotapa, de que tratei no capítulo 13 do livro terceiro: este teve um irmão que andou pelo sertão do Brasil três anos, donde trouxe algumas mostras de ouro, prata, e pedras preciosas, com que não chegou por morrer á tornada, cem léguas desta Bahia, mas enviou a seu irmão, que com elas se foi depois de passados alguns anos á Côrte, e nela gastou outros muitos em seus requerimentos, até que El-Rei o despachou, e se partiu de Lisboa em uma arca flamenga chamada Grifo Dourado a 7 de abril de 1590, com trezentos e sessenta homens, e quatro religiosos carmelitas, um dos quais era Fr. Hieronimo de Canaveres, que depois foi seu provincial. [Página 446]



\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\26312icones.txt



Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo XXI
Data: 01/01/1858
Página 466


ID: 12812



ME|NCIONADOS Registros mencionados (4):
07/04/1590 - Partida
02/09/1659 - Nova separação das atribuições entre o Rio de Janeiro e a Bahia
21/10/1660 - Salvador Correia de Sá e Benevides partiu para São Paulo, foi em pessoa a Paranaguá e concluiu que as minas eram fantasia
15/11/1660 - Salvador Correia de Sá suspende do exercício de seus cargos o ouvidor Antonio Lopes de Medeiros e o juiz ordinário D. Simão de Toledo Piza
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.