A CARTA DE CAMINHA E O DESCOBRIMENTO PRÉ-CABRALINO E PORTUGUÊS, DO BRASIL, Arthur Virmond de Lacerda
8 de março de 2021, segunda-feira Atualizado em 09/11/2025 01:38:13
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BRASIL CONHECIDO NA CARTA DE CAMINHA. 2.
(Autoria de Arthur Virmond de Lacerda Neto, autor da publicação). IV- Gestos de Nicolau Coelho. Contubérnio com os índios. A “outra vinda”.
Já fundeada toda a frota na atual baía Cabrália, no dia 23 de abril Pedro Álvares Cabral mandou à terra Nicolau Coelho, quando cerca de 18 íncolas observavam-nos da praia, armados de arcos e flechas. No dizer de Caminha, Coelho “[...] lhes fez sinal que depusessem os arcos; e eles os depuseram [...]”: ele gesticulou-lhes; eles compreenderam-lhe a gesticulação e acederam-lhe ao pedido apaziguador.
Gestos quaisquer aprendem-se em seu significado. Nenhuma mímica é dotada de significado inerente e prontamente compreensível por quem não a haja previamente aprendido. Seja a expressão romana de positivo (com o polegar estendido e os demais dedos retraídos), seja o abanar a mão espalmada como saudação ou despedida, seja o aplauso ou qualquer outro gesto, ele somente veicula comunicação se entre quem o pratica e quem o observa coincidir a inteligência de seu sentido.
Os índios compreenderam a mímica de Nicolau Coelho. Ter-lhe-iam adivinhado o significado ou já o conheciam ? Evidentemente conheciam-no: houvera, já, contactos entre portugueses e eles.No dia seguinte (24 de abril) a frota velejou para norte e fundeou no atual Porto Seguro, onde a bordo Afonso Lopes recolheu dois indígenas, que pernoitaram no navio, com à vontade e sem desconfiança próprios de quem já se conhecia: eles “já estavam familiarizados com os europeus, que já os conheciam, que conheciam os seus hábitos e costumes, que deles não tinham receio.” Em 25 de abril, novamente apeou Nicolau Coelho, e Bartolomeu Dias com os dois índios. No areal da praia congregavam-se obra de duas centenas de índios, que se abeiravam dos batéis (navetas ao serviço do transporte das naus para a praia) “e traziam cabaços de água e tomavam alguns barris que nós levávamos, e enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis”. Sem solicitação dos portugueses, espontaneamente os índios forneceram-lhes água doce em cabaços; também tomavam barris, enchiam-nos de água e levavam-nos de volta aos batéis: os índios voluntariamente participaram da aguada, “como se já estivessem habituados a praticar esse serviço, repetindo actos praticados anteriormente; o que demonstra que não era a primeira vez que viam homens brancos e naus.”
Cabral não reabasteceu a esquadra no Cabo Verde, ao que lhe seria imperioso proceder, a menos que o fizesse no Brasil: fê-lo neste, com cuja existência contava para a aguada, existência de seu conhecimento antes de lhe dar à costa. Por seu lado, os indígenas conheciam a precisão de água doce da frota, o que só poderia resultar de contactos anteriores entre embarcações e eles.No domingo (26 de abril) os marinheiros em geral apearam para folgar. Um gaiteiro tocou sua gaita e “meteu-se com eles [os índios] a dançar tomando-os pelas mãos, e eles folgavam e riam, a andavam com ele mui bem ao som da gaita.” No dia subseqüente, todos desembarcaram para dessedentarem-se ou fazer aguada; aproximaram-se índios que “[...] misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam [...].” Souberam os adventícios captar a simpatia dos autóctones, mercê da oferta de prendas e da ausência de hostilidade, mas para quem (supostamente) se desconhecia, a receptividade dos índios, o contubérnio entre uns e outros, o folguedo, exprimiriam a índole amistosa dos da terra, mas denunciou também amizade presumivelmente já entabulada entre eles e os portugueses em desembarques precedentes.Em 1º de maio, celebrou-se a segunda missa, ao cabo da qual frei Henrique de Coimbra distribuiu cruzes de estanho que trazia Nicolau Coelho e “que lhe ficaram ainda da outra vinda.” “Ficaram” exprime sobraram.Caminha não redigiu “outra viagem”, “outra navegação”, o que poderia aludir a expedições indeterminadas; empregou o vocábulo “vinda”, particípio passado de “vir”. “Outra” somente pode equivaler a precedente, anterior, antes da atual. “Outra vinda” equivale a “vinda anterior”. Nicolau Coelho distribuiu cruzes que lhe remanesceram de vinda precedente: ele estivera, já, no Brasil, e certamente entrou em contacto com os indígenas. Por isto, agrupados alguns deles, no dia 23, Cabral enviou-o para ir ter com eles, ele acenou-lhes e eles inteligiram-lhe os acenos.V- O regresso da nau de mantimentos.No domingo, 26 de abril, Cabral congregou seus capitães (também Caminha) e “perguntou assim a todos se nos parecia ser bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos [...] e entre as muitas falas que no caso se fizeram, foi por todos ou a maior parte dito que seria muito bem e nisto concluíram” .Um dos navios servia de despensa; foi despejado para regressar a Lisboa, como estafeta das missivas produzidas pelos capitães, Caminha e mestre João. Por velha, não a quiseram arriscar no mar do cabo da Boa Esperança e, contra o costume de incendiarem as naus abandonadas, Cabral fê-la arrepiar caminho.É inusitado, é estranhíssimo que ao aparelharem a esquadra, nela incluíssem navio velho e incapaz de enfrentar a ida e o regresso da longa viagem; que aos organizadores da expedição minguasse sensatez (ou, quando menos, prudência) na seleção dos navios; que cedo, a menos de um terço do percurso, aquela embarcação já se evidenciasse inapta para manter-se em navegação. Não escasseariam materiais, tempo nem artífices com que se construísse mais uma embarcação em condições de velejar a totalidade prevista da viagem, em lugar de lançarem mão de uma em mau estado.Pondera Metzer Leone, quanto ao recambiamento do navio-despensa:A única explicação plausível para o acontecido é que, à partida de Lisboa, já se soubesse que aquela nau não teria de enfrentar o mar do Cabo — por estar realmente destinada a regressar a Lisboa com a nova oficial do “achamento” de uma determinada terra, que já se sabia existir muito antes do mar do Cabo da Boa Esperança. A nau dos mantimentos serviu, ostensiva e efemeramente, como despensa; sigilosamente destinava-se a tornar a Lisboa, como portadora da correspondência redigida em terra.Se a sua torna-viagem fora planejada em Lisboa, por que Cabral formou conciliábulo com seus capitães para decidirem como proceder ?O regimento que D. Manuel expediu-lhe, como instruções, injungia-lhe: “[...] façais e sigais tudo o que melhor vos parecer, tomando sempre em tudo conselho dos capitães e feitor e de quaisquer outras pessoas que vos pareça que nisso devais meter [...].” Ao instituir o conciliábulo, Cabral acatou o procedimento que deveria seguir recorrentemente, para obter a deliberação que se tomou.Metzer Leone:[...] tudo levava a crer que o resultado da reunião haveria de ser aquele mesmo que já eventualmente estivesse estabelecido entre o Rei e o Capitão-mor — porque nada poderia desaconselhar o regresso da nau dos mantimentos, a qual, até pelas suas condições de navegabilidade, não estava apta a sulcar os mares do Cabo da Boa Esperança — é perfeitamente de aceitar que Cabral tivesse feito reunir os seus Capitães para tomarem em conjunto uma decisão conforme era usual que tais decisões fossem tomadas, já que tudo indicava que o Conselho dos Capitães só poderia sancionar a decisão secreta, tomada em Lisboa anteriormente à partida. O conciliábulo teve segundo tema em pauta: arrebatarem-se ou não dois indígenas que fossem conduzidos a Lisboa juntamente com o epistolário. Sobre isto, Caminha aduz em doze linhas e pormenor as razões invocadas por que se concluiu negativamente, ao passo que dedica apenas cinco ao tema anterior, em que vagamente alude às “muitas falas que no caso se fizeram”, sem minudenciar nenhuma, como se importasse mais decidir levarem-se ou não dois autóctones do que transportar-se ou não a correspondência na embarcação de mantimentos.A segunda decisão, virtualmente polêmica, justificaria mais a reunião dos capitães; a primeira, mais fácil (majoritária ou consensual), justificaria menos o dito conselho, até porque o mau estado da embarcação em causa induzia-lhe. É precisamente seu mau estado, sua inaptidão para prosseguir, com o conseqüente induzimento a seu retorno, que terá sido intencional, para facilitar deliberação neste sentido. Na composição da frota selecionou-se navio ruim, para ser recambiado .
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 23/04/1500 - Capitães de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.