'Cabral no Brasil antes de 1500? Por Arthur Virmond de Lacerda Neto - 30/03/2020 Wildcard SSL Certificates
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Cabral no Brasil antes de 1500? Por Arthur Virmond de Lacerda Neto
    30 de março de 2020, segunda-feira
    Atualizado em 17/11/2025 23:41:23




Quanto a Pedro Álvares Cabral parcamente se conhece: nasceu em 1467 ou 1468; em 1479 foi enviado para a corte, onde recebeu educação em humanidades e armas; em 1484 D. João II fê-lo moço fidalgo ; três anos após, el-rei D. Manuel reiterou-lhe tença outorgada por seu antecessor, el-rei D. João II (falecido em 1495); na mesma altura ingressou no conselho real e tornou-se cavaleiro da Ordem de Cristo; viajou em 1500 para o que veio a ser o Brasil e para a Índia; enjeitou o comando (em 1502) de outra expedição para a Índia ou D. Manoel retirou-lhe a invitação de comandá-la; de então por diante foi marginalizado; casou-se em 1503; retirou-se para o Ribatejo, onde morreu em 1520.

De sua indústria na expedição de 1500 dão conta, até certo ponto, Pero Vaz de Caminha em sua célebre missiva a el-rei D. Manuel e um dos pilotos (anônimo) da armada, autor de extensa relação de toda a viagem.

Rareiam documentos acerca de Cabral, virtualmente perdidos ao longo de sucessivos sinistros: incêndio de Lisboa (1570), batalhas da restauração portuguesa (1640), terremoto de Lisboa (1755), invasões francesas (1808), incêndio do solar dos Cabrais ou do castelo de Belmonte (ou ambos) em que ardeu o arquivo da família (após o regresso de D. João VI para Lisboa, em 1821).

Algumas circunstâncias de sua vida e de seu tempo justificam importante ilação: ignora-se qual lhe haja sido a atuação cívica ou de qualquer natureza, anterior a 1500; D. Manuel (em 1497) mantém mercê financeira atribuída aos irmãos João Fernandes Cabral e Pedro Álvares Gouveia por seu antecessor (D. João II) que, por sua vez, morrera em 1495.

Logo, até este ano ambos haviam se distinguido por serviços que o rei galardoou e que o monarca seguinte confirmou. Cabral prestou serviços cívicos anteriormente a 1495 e possivelmente no intervalo entre tal ano e 1500. Vigia, então, política de sigilo relativamente a tudo quanto se relacionasse com as navegações: conhecimentos de cartografia, geografia, náutica, astronomia, construção naval eram mantidos em rigoroso hermetismo na alta administração portuguesa, como segredos de Estado, enquanto D. João II prosseguia explorações secretas nos mares atlânticos. Conhecem-se as navegações coevas ao infante D. Henrique, o Navegador, na costa da África, a de Bartolomeu Dias até o extremo meridional africano (1488), a de Vasco da Gama (1497) até a Índia, a de Cabral, bem como as de Cristovão Colón, empreendidas a serviço ostensivo dos reis espanhóis, mas secretamente agentes da dissimulação encabeçada pela coroa portuguesa.

Há três fatos certos: 1) D. João II recompensou Cabral, 2) no reinado deste monarca prevalecia hermetismo quanto às navegações

3) Cabral comandou importante esquadra, destinada a entabular relações diplomáticas com os soberanos indús e a instaurar feitoria portuguesa na Índia. A missão de Cabral correspondia ao culminar de décadas de explorações marítimas empreendidas persistentemente, como programa de governo e realização nacional, promovidas por sucessivos reis: D. Dinis, o regente D. Pedro, D. João II e D. Manoel, e também pelo infante D. Henrique

A que Cabral comandou foi a mais importante frota organizada pelos portugueses, à luz da política diplomática, mercantil e religiosa de Portugal . Já não se destinava a explorar os mares nem a aprender caminhos, senão a instituir vínculos comerciais e de amizade internacional.

A responsabilidade de Cabral era náutica, como chefe da esquadra; militar, porque apto a atuar belicamente; diplomática, pois atuava como embaixador do rei português; comercial, posto que encarregado de iniciar a importação de especiarias. Para desempenhar-se nestes múltiplos aspectos seria preciso alguém à altura, dotado de tirocínio, determinação, tato e superior perícia náutica: Cabral capitaneava a embarcação em que viajou e chefiava todas treze, e bem cumpriu sua missão como navegador, diplomata e combatente. Seria absurdo aceitar-se que o rei houvesse confiado o comando de tão importante missão a navegador bisonho, inexperiente na vida marítima.

Somente marinheiro bastante traquejado mereceria a confiança do rei para chefiar treze velas em viagem longínqua e de magna relevância. Assim como a pilotagem de aeronave exige formação específica e treino suficiente, assim ao comando de navio é inerente a condição de marinheiro com experiência à altura. Jamais D. Manuel teria investido na chefia da frota alguém alheio à náutica, marinheiro novato, carente de excelência náutica que não houvesse, precedentemente, navegado e provavelmente comandado, por mais assinaláveis que fossem suas virtudes de caráter .

Segundo Fernão Lopes de Castanheda , Cabral era “experimentado nas cousas do mar” . Não se tornou tal em 1500; ao invés: em 1500 já o era e porque o era comandou a esquadra. Se Cabral era marinheiro habilidoso; se mereceu recompensa de D. João II (que morreu em 1495); se notadamente ao tempo deste rei e de seu sucessor (D. Manuel) adotava-se apertado secretismo em relação às navegações; se se ignora a atuação de Cabral que o tornou merecedor da recompensa régia e suas atividades até 1500; se nos reinados de D. João II e D. Manuel houve pesquisas secretas no oceano Atlântico, então é verossimíl e provável a conclusão de que a agência de Cabral anterior a 1500 consistiu em explorações marítimas ocultadas como segredo de estado, desenvolvidas antes de 1495 e possivelmente até 1500.

Eduardo Metzer Leone pondera: [...] repugna-me aceitar a ideia de que Pedrálvares, em 1500, não fosse já um mareante com largos serviços prestados a D. João II, que primeiro o galardoou sem que se saiba porquê — o que me leva à ideia de que esses serviços teriam algo de secreto. E o que havia de secreto na política de D. João II eram as explorações do Atlântico. Adiante:Ora D. João II morreu em 1495 e Pedrálvares estava na sua corte desde 1484; entre estas duas datas foram, Pedrálvares e seu irmão primogénito, galardoados pelo Rei sigiloso, por feitos desconhecidos, embora relembrados depois por D. Manuel I, antes de 1500 [em 1497] mas também por este monarca não revelados [o que] muito logicamente me induz a ver um Pedrálvares sigilosamente embarcado no Atlântico [...]

Ainda: “Pedrálvares era, já antes de 1500, um mareante com bastantes provas dadas em navegações de alto mar [...]”. Acresce: “O que me parece deslocado e intencionalmente depreciativo e de todo improvável, é apresentar-se Pedrálvares como necessariamente ignorante de marinharia, quando é certo ele provar durante toda a sua viagem que o não era.” Ele houve-se “no seu comando, quer quanto à navegação quer quanto aos combates — os que trava e os que evita — como um capacitado Capitão-Mor” .

Ignora-se o critério por que D. Manuel elegeu especificamente Cabral como chefe da armada de 1500. Poderia haver escolhido outros navegadores exímios como Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho. Em sua viagem, o primeiro (em 1497) avistou aves que voejavam para terras a oeste (na direção do atual Brasil) que, contudo, não inspecionou; o segundo (em 1488) alcançou a ponta sul da África, sem tocar no Brasil; o terceiro (Caminha no-lo atesta) precedeu Cabral em sua vinda ao Brasil.

Antes de 1500, Cabral certamente navegou no Atlântico. Em 1490 havia feitoria portuguesa em Pernambuco, altura em que Cabral contava 22 ou 23 anos. Terá integrado a expedição que a instalou?

O mapa de Juan de la Cosa, de 1500, exibe minuciosamente toda a costa leste das três Américas e a América do Sul quase por inteiro na sua porção oeste, prova irrecusável de que todo o oceano Atlântico vinha sendo navegado e suas terras mapeadas desde antes. Cabral possivelmente participou de uma ou de mais de uma expedição sigilosa que resultou na ciência documentada por aquele mapa.

Ele recebeu o comando da frota que tocou o Brasil, cujo descobrimento oficializou. Terá sido por que já cá estivera ? Teria vindo com Nicolau Coelho ? Teria sido este chefe de expedição e Cabral um seu integrante ou o inverso?

Graças à navegação de Cabral divulgou-se na corte portuguesa, para os reis de Espanha e para o mais mundo, a existência das novas terras e sua pertença a Portugal. Desembarcar no futuro Brasil e noticiá-lo à corte correspondeu a uma de suas missões. Recebeu-a por haver sido realmente o pioneiro achador do Brasil, antes de 1500 ? É possível. Por que reconhecesse a costa do futuro Brasil em inspeção minuciosa e sigilosa ? Também é possível. Indubitável é o conhecimento exatíssimo que detinha do trecho da costa baiana que percorreu e onde fundeou, como se já lá houvesse estado . (Leia o texto com notas em meu blogue, em PDF).



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (9):
01/01/1479 - *Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V
01/01/1490 - *Feitoria portuguesa no Brasil
25/10/1495 - Dom Manuel sobe ao trono de Portugal, inesperadamente
12/04/1497 - O rei D. Manuel I concedeu à Cabral um subsídio anual no valor de 30 mil reais
22/08/1497 - Segundo o roteiro de Vasco da Gama, estando a sua esquadra neste dia a 200 léguas (cerca de 1.320 km) da ilha de Santiago de Cabo Verde
01/01/1500 - *Mapa de Juan de la Cosa, também referido como carta de Juan de la Cosa
01/01/1552 - *Historia do descobrimento & conquista da India pelos Portugueses. Feyta per Fernão Lopez de Castanheda by Castanheda, Fernão Lopes de, d. 1559
01/01/1570 - *Incêndio em Lisboa
01/11/1755 - Lisboa foi arrasada por um violento terremoto, seguido de tsunami
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.