Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite
1953 Atualizado em 30/10/2025 23:02:17
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Nas cidades e andar na rua, visitas e celebração das festas da Igreja (missas e outras) usavam-se sapatos: a 18 de agosto de 1551 o Governador Tomé de Sousa mandou dar aos Padres da Baía, 12 pares de sapatos. Para andar por casa seriam mais comodas as alpercatas. E no sertão ou em viagem, subidas de encostas e passagem de lamaceiros, os sapatos eram moletos; e as alpercatas aderentes e amarradas aos pés tornaram-se o calçado habitual, se bem que nos caminhos preferissem quase sempre andar descalços, com os pés calejados como bons sertanistas, não imunes porém de feridas provenientes de cortes e picadas.
Já na Baía se teria manifestado a necessidade de alpercatas nas viagens, mas onde o uso se impôs foi em Piratininga, porque a Serra de Paranapiacaba só de podia transpor ou de alpercatas ou a pé descalço. [Página 71]
mais catecúmenos que andam na Escola, de que é Mestre António Rodrigues, muito bem ensinados. Depois da lição da manhã, entoam, na Igreja, as Ladainhas, e depois da lição da tarde a Salve-Rainha cantada». Lêem-se estas palavras na «Quadrimestre de Maio a Se- tembro de 1554, que é em latim. Teixeira de Melo não apanhou todo o sentido da frase, supondo que a Escola do Ir. António Rodrigues em Piratininga terminasse logo depois do meio dia, cantada a Salve- -Rainha («Cartas de Anchieta», 39). Trata-se de Escola em regra, com duas lições, uma de manhã, outra de tarde, onde se ensinava a ler e a escrever («Avulsas», 139). E nela aparece o canto.
António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.
Mas, aqui neste livro de artes e ofícios, o que importa é saber que a sua autoridade com os índios lhe provinha não só dos seus ante- cedentes sertanistas e de os tratar bem, mas também de lhes dar a natural satisfação de fazer que os filhos brilhassem nos coros de íanto e de flauta, que organizava por toda a parte, e exibia nas Al- deias, e até nas festas solenes das cidades. Como a seguinte, na Baía. (1 de Janeiro de 1565):“Houve nestas vésperas três coros diversos : um de canto de órgão, outro de cravo, e outro de flautas, de modo que acabando um, começava o outro, e todos, certo com muita ordem, quando vinha a sua vez. E, dado que o canto de órgão deleitava ouvindo-se, e a suavidade do cravo detivesse os ânimos com a doçura da sua harmonia, todavia quando se tocavam as flau- tas, se alegravam e regozijavam muito mais os circunstantes, porque, além de o fazerm medianamente, os que as tangiam eram os Meni- nos Brasis, a quem já de tempo, o P. António Rodrigues tem ensi- nado. Foi para o povo tão alegre este espectáculo, que não sei como o possa encarecer; e muitos dos que estavam na Igreja não o podiam crer, como de facto não creram, se não tiraram a limpo a verdade com os seus próprios olhos. E isto, além de ser motivo de devoção, era-o também para dar muitas graças ao Senhor, que não se falava então na Cidade em outra coisa, senão na boa criação e ensinamento destes meninos» («Avulsas», 437). Outras manifestações: *É grande a sua alegria [do Governador Mem de Sá] ver-me ensi- nar e pregar e muito mais ouvir cantar os Meninos a Salve e La- dainhas», diz António Rodrigues («Avulsas», 245), o qual «com o seu coro de Indiozinhos de há muito bem adestrados”, celebrou a festa do Padroeiro da Aldeia de Santiago a 25 de Julho de 1564 («Avulsas», 424). Estes grupos musicais — de canto e flauta — instituídos nas Aldeias pelo Irmão António Rodrigues, fizeram es- cola («velut seminarium») e perduraram para além da sua morte. Os meninos, feitos homens e transformados em mestres, ensinaram a outros, que continuaram a oficiar missas cantadas e outras soleni- dades, como se lê em «Historia de la Fundación» (1574) e em António de Matos (1619). O zelo de António Rodrigues não se confinou nas Aldeias (fundou nove, algumas das quais são hoje cidades): teve outros efeitos como o de acompanhar os seus índios nas guerras do tempo, que Mem de Sá empreendeu e ganhou: na do Paraguaçu contra os índios contrários que comiam os homens da Baía ; e contra os Tamoios, submetidos aos Franceses. Mas escreve António de Matos que o P. António Rodrigues (a esta data já era Padre: ordenara-se em 1562) fora à empresa do Rio de Janeiro para com a sua arte de cantor e de músico, atrair, converter e cap- tar os últimos Tamoios para a religião, e nós hoje dizemos, para a unidade do Brasil.
Não durou muito tempo depois disto. Dirigiu a Aldeia de Mar- tim Afonso Araribóia (situada então por alturas da actual Praça Mauá) e parece que morreu, cantando, no dia 19 ou 20 de Janeiro de 1568. Quando os Cronistas narram a morte dalgum Padre ou Irmão, referem-se em geral à sua doença, aos sacramentos que rece- bem e as suas últimas palavras. A «Historia de la Fundación» diz : «Faleceu véspera de S. Sebastião no ano de 1568, estando o Bispo começando as vésperas de Pontifical, e foi a gozar do seu Criador sendo de idade de 52 anos». Frase incompreensível se não tiver relação com a morte de António Rodrigues. Em todo o caso, é uma referência de festa solene, que condiz bem com a vida do primeiro Mestre-Escola de S. Paulo, que foi soldado do mundo e de Cristo, e cantor ao divino ; e de quem consta, que, como os sertanistas ou cantores ambulantes, andava sempre descalço nos seus caminhos, e neles e em toda a parte bem disposto e alegre. (Quanto à data da morte : a véspera de S. Sebastião é a 19 de Janeiro e assim se dá [Páginas 247 e 248]
Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760 Data: 01/01/1953 Créditos/Fonte: Serafim Soares Leite Página 71
ID: 12369
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 18/08/1551 - Tomé de Souza EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.