'Gaspar da Gama: um judeu no descobrimento de Brasil - Eduardo Bueno - 18/12/2019 Wildcard SSL Certificates
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Gaspar da Gama: um judeu no descobrimento de Brasil - Eduardo Bueno
    18 de dezembro de 2019, quarta-feira
    Atualizado em 23/11/2025 16:07:43





São 6 horas da manhã do dia 23 de abril de 1500, o sol acaba de nascer saindo das águas do oceano Atlântico iluminado a costa brasileira a frente.

As 13 embarcações da esquadra se dirigem lentamente, cerca de 10km/h. Por volta das 10 horas, cerca de 2km da praia, lançam a âncora, que pousa no fundo arenoso, a 19 braças, ou 14 metros, de profundidade.

Um batel (a maior das embarcações miúdas que serviam aos navios antigos, naus e galeões) da nau Capitânia, e nela estão Nicolau Coelho, um veterano que havia viajado á Índia com Vasco da Gama dois anos antes, 4 remadores, sendo um escravizado angolano e um grumete da Guiné, e um homem alto, misterioso, de barba branca, também vestido de branco, com a cabeça coberta com uma touca.Este homem vinha da Índia, mas não era indiano. Falava, se supõe, ao menos dez línguas.

E assim, num barco, os portugueses conseguiram reunir homens de três continente. Nicolau Coelho, que era português, os africanos de Angola e de Guiné, e esse misterioso homem vindo da Índia. Ao todo eles falavam 12 línguas. Talvez mais de 12, porque só um deles falava 10, como eu disse.

Mas nenhum deles falava tupi, então não houve entendimento com aqueles nativos tupiniquins nas praias do sul da Bahia.Pela primeira vez na história um judeu chega ao Brasil. É o homem de branco, o poliglota, é o homem alto, com essa vasta barba.

O Gaspar da Gama faz a sua entrada na história portuguesa, na história ocidental, em setembro de 1498, e de um jeito inacreditável. Mais inacreditável que este que contei, que se deu no dia em que os portugueses pisam, pelo menos oficialmente, pela primeira vez no Brasil.

Em setembro de 1498, Vasco da Gama já estava a vários meses na Índia, ele havia chegado no dia 29 de maio de 1498, enfim descobrindo, após anos, anos e anos de tentativas portuguesas de descobrir um novo caminho marítimo pada as Índias.

Ele teve "mil" problemas em Calicute, então ele foi mais para o sul, numa ilha chamada Angediva. E quando ele está ancorado nas proximidades da ilha de Angediva, vejam o que acontece, está narrado pelos cronistas oficiais:

Estávamos ancorados na ilha de Angediva, 12 léguas da cidade de Goa, quando um homem velho, todo dr branco, grande de corpo e grande de barba, aproximou-se a bordo de una fusta (pequena embarcação da época) e gritou para nós, os portugueses, em castelhano: Dios salve las naves e los señores capitanes cristianismo e toda la compania que nelas vieram.

Os portugueses ficaram surpresos, era inacreditável um homem falando castelhanos (espanhol) onde estavam, em Angediva, na Índia. Ele sempre vestia-se de branco. Vasco da Gama convida-o para subir a bordo e o prende.

Antes de ser preso ele havia dito que viera de Granada, na Esoanha, sua terra natal, e que estava há 40 anos da Índia e tudo o que mais queria era que aparecesse naus dos cristãos para o levarem de volta.

Vasco da Gama era uma pessoa "horrorosa", de uma crueldade boçal, tanto é que ele prende imediatamente Gaspar da Gama, tira sua roupa e o tortura "pingando-o", que quer dizer pingar óleo fervente em sua pele. Afim de saber a verdade, que aparentemente Gaspar da Gama não dizia.

Primeiro ele diz ser nativo de Granada, que depois mudou-se para Alexandria, depois para Jerusalém. Ele vai contando uma história cada vez mais louca. E o tempo inteiro agradecendo por estar apanhando.

Em nenhum momento ele esboça defesa ou ataque, ele se comporta totalmente cordato, e após 12 horas de tortura, Vasco da Gama deu-lhe dois pães e um queijo.

A história desse homem foi registrada por todos os grandes cronistas da Índia. Essas viagens portuguesas foram descritas com detalhes, com minúcias de detalhes, pelos cronistas oficiais do reino.

Fernão Lopes de Castañeda, Damião de Góes, Zurara, que escreveu antes, Gaspar Correia, que é quem escreveu o trecho que acabei de ler aqui. E o grande João de Barros, cronista oficial da Corte, que depois virou donatário do Maranhão.

Todos estes cronistas descrevem a figura de Gaspar da Gama, porque ele realmente era uma pessoa muito impressionante. Estes cronistas, claro, contavam a versão oficial, mas minuciosa do que aconteceu. Então se descobre, ao longo do tempo, que ele

Vasco da Gama descobre que, apesar de aparentar ser um "falastrão", na verdade era uma pessoa que conhecia muito do comércio da Índia, que conhecia todo o Oriente, e resolve leva-lo de volta para Portugal.

Imediatamente não, mas ele logo em seguida é recebido pelo Dom Manuel e passa a frequentar a corte! E olha o que o Dom Manuel escreve sobre ele, cara, é um texto inacreditável.

"Trouxeram muitas especiarias, e ouro e diamantes, mas sobretudo trouxeram um judeu que agora já está tornado cristão, homem de grande descrição e muito engenho, nascido em Alexandria, grande mercador e lapidário (né, lapidava pedras), o qual mais de 40 anos tratava na Índia, e sabe, assim, esmiuçadamente tudo quanto nela há, e assim todas as terras que a cercam e todas as coisas delas, desde Alexandria para lá até o sertão da Índia e da Tartária para lá... E é graças aos conhecimentos dele e para o santo serviço e para o bem da cristandade que vamos descobrir, graças a esse homem, tudo que cerca aquela terra. Deus seja louvado. E esse homem sabe falar hebraico, caldeu, arábico, alemão e polonês, além de falar também italiano misturado com espanhol, mas fala de forma tão clara que para nós soa como se fosse português".



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Cabral
Data: 01/01/1900
Oscar Pereira da Silva - Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, 1500, Acervo do Museu Paulista da USP


ID: 13931



ME|NCIONADOS Registros mencionados (7):
01/01/1440 - Uma outra versão diz que Gaspar da Gama nasceu perto do ano de 1440 na região da Bósnia
17/05/1498 - Vasco da Gama chega à Índia
01/09/1498 - Gaspar da Gama se apresenta á Vasco da Gama
01/08/1499 - Vasco da Gama regressou a Portugal. Gaspar da Gama virou amigo de Dom Manuel*
22/04/1500 - O “Descobrimento” do Brasil
01/01/1552 - *Décadas da Ásia, João de Barros
03/05/2024 - Gaspar da Gama
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.