'Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII - 01/01/1992 Wildcard SSL Certificates
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII
    1992
    Atualizado em 23/10/2025 15:57:19

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O rio terá sido, no entender de pesquisadores, a justificativa para a fundação do colégio jesuíta embrião da cidade anchietana. Ou seja, o começo docomeço do desbravamento. Está lá, na carta dirigida por Nóbrega ao Provincial da Ordem, o conselho para que insista junto a Martim Afonso quantoa transferência dos colonos deperecendo na Borda do Campo "aonde não havia peixe nem farinha" para que "se achegassem ao rio, (onde) teriam tudoe sossegariam". Julgam alguns que tal rio fosse o Anhangabaú mas como pensar que um riacho na verdade fornecesse alimento para toda a população aser transferida e mais a já existente? Antes de existir a vila paulistana, o Tietêlevava e trazia os devassadores do sertão. É de 1551 a carta do irmão PeroCorreia, descrevendo a viagem rio abaixo, com outros cinco irmãos a procura de um cristão asselvajado, indianizado.

E é de 31.08.1553 a carta de Nóbrega salientando a descida até Maniçoba, comboiado por um filho de João Ramalho. Abalou-se até para além de Araritaguaba. Depois dessas, sabemos da ida do padre Anchieta em 1568 em missão muito simpática. Foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo. Como se vê, já naquele tempo, poderosos usufruindo de prestígio gozavam de fortes regalias! Mas impõe-se-nos uma pergunta: se Grou fora homiziar-se naquelas paragens o fizera porque já, por ali, se navegava e morava. Mas, viagem mesmo, fazendo do leito do rio uma estrada, a primeira parece ser a que fizeram os doze homens da tropa de Nicolau Barreto, de 1602. Dissentindo do chefe na escolha da trilha terrestre, preferiram o caminho do rio.

A tal propósito existe documento a requerer mais profunda análise. Estáno Arquivo Geral das Índias, em Sevilha. Trata-se do roteiro deixado por Luisde Céspedes Xeria. A abundância dos detalhes prende-se a finalidade do trabalho e que foi o de demonstrar ao rei o quanto de sacrifício lhe custara obedecer ordens e ir assumir o governato dado de Assunção. Terá exagerado, porisso, nos detalhes? Pois aceitá-lo é reconhecer a existência de um eixo Tietê--Paraná conhecido, desbravado e praticado, em 1628.Falando desse fidalgo que, aliás, por um mês habitou o porto por ele nominado Nossa Senhora de Atocha, situado por Taunay a jusante do salto eportanto aqui perto, abramos parêntesis para homenagear a sua esposa DonaVitória de Sá, fluminense, foi a primeira mulher conhecida a cumprir esse longoe penoso trajeto. Meses depois do marido, foi reunir-se a ele, em Assunção,seguindo a sua rota. [0]

nalto integrando comitiva endereçada a Ciudad Real. Dessa comitiva não setem pormenores.Tão logo consolidada a vila paulistana, o Tietê, a alguns quilômetros dela, ofereceu-lhe o porto para o início do desbravamento. Pelo esgalhado darede hidrográfica, a montante e a jusante fez surgir portos e povoados a exemplo de Nossa Senhora da Expectação do Ó, Santana do Parnaíba, Jeribatibae M´Boi-Mirim, Ibirapuera e Itapecerica. Pelo Tamanduateí, as canoas rasasatingiam a Borda do Campo. Para o outro lado, na direção das nascentes,o rio sugeria o nascer de Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Miguel, Mogi dasCruzes. Com um pouco mais de tempo, o Pinheiros, o Juqueri, o Jundiaí, oCotia, o Piracicaba juntaram suas águas ao rio maior e por ele receberam ospovoadores.No final do quinhentismo já o rio centralizava as atenções dos planaltinos. E estes o procuravam para muitos usos e lhe davam vários nomes. Nosescritos e nos mapas ingênuos para uso de viajantes afoitos, foi chamado deAnhembi, Agengi, Aiembi, Anemby, Aniembi, Anhambi, Inhembi, Nhembi, todas essas formas em alusão a um pássaro que nidificava e morava as suasmargens. Poderia, sem desdouro, continuar com o nome da ave. Porém eramais do que viveiro de pássaros por numerosos e importantes estes fossem.Era o rio mor do planalto, o álveo a que todos recorriam "na busca do seuremédio", tratava-se do rio grande entre os rios conhecidos. Rio grande, rioTietê: de ti igual a água, de etê, superlativo no falar dos indígenas, conformeJoáo Mendes de Almeida. "Mãe dos rios" - chamou-o Anchieta no seu explicar interpretativo. Teodoro Sampaio percebeu que a troca do nome Anhembi por Tietê exprimia um progresso, revelava "um conhecimento mais completodo país interior". Ou seja, o Tietê dera início a sua missão ainda antes dosprimeiros anos seiscentos.Era o Tietê desbravando, aproximando. Levando e trazendo. Por ele foram pelo menos essas comitivas, esses desbravadores que ergueram pousos eabriram roças. O Brasil se expandindo para oeste e o sudoeste. Mas tambémteriam vindo a Sào Paulo, sob o reinado dos Filipes, poderosos e inquietosespanhóis que a América castelhana preferiram os chãos de Piratininga. E quese chamaram, entre outros e conforme os apontamentos de Me10 Nóbrega,Torales, Riquelmes, Gusmán, Contreras, Zunegas, nomes mais tarde encontradiços no caldeirão étnico forjador da civilização paulista.Curioso notar que, bem conforme a época, à medida que cobria-se combarcos o Tietê também se enovelava em lendário e mistério. No último quartel dos seiscentos não se navegava junto do ilhéu próximo da foz no rio Paraná porque ali morrera, abandonado por seus escravos negros e seus índiosadministrados, o padre José Pompeu de Almeida, escapo de São Paulo parafugir a punição imposta - quem sabe por quais faltas pecaminosas? - peloseu bispo. A mítica inclui o padre miraculoso flagrado a rezar o breviário nofundo das águas sem delas se dar conta e também o prodígio de frei Galváoque mesmo pregando em púlpito paulistano acorreu fisicamente a ouvir a con [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII “A função desbravadora do Tietê”, 1992. Página 30]



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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII
Data: 01/01/1992
Página 29


ID: 11319



ME|NCIONADOS Registros mencionados (3):
01/01/1551 - *Conflito entre o Padre Leonardo Nunes e «um homem que havia quarenta annos estava na terra já tinha bisnetos e sempre viveu em peccado mortal e andava excommungado"
31/08/1553 - Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar alguns escolhidos que Nosso Senhor terá entre esses gentios”
01/12/1568 - Anchieta*
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.