9 de novembro de 2013, sábado Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
Adalberto Nascimento Um general russo acordou com uma terrível dor de dente. Uma dor semelhante à de uma nevralgia no trigêmeo. Algo insuportável. O general fez de tudo. Inicialmente, bochechou com vodka e conhaque. Ah! Esses russos... Depois aplicou compressas de alcatrão, ópio, cânfora, iodo e até querosene. E a dor não passava. Resolveu, então, mandar chamar uma espécie de pai de santo russo que morava com uma alemã na cidade de Saratov.Essa introdução é uma espécie de resumo do começo de um conto do escritor russo Tchékhov que serviu de indutor aos meus comentários subsequentes neste artigo.Tchékhov foi um craque na feitura de contos breves e preciosos. Ultimamente tenho saboreado releituras de autores russos traduzidos diretamente do russo para o português. Muitos dos livros que li na juventude eram traduções de traduções. Por exemplo, do russo para o francês e do francês para o português de Portugal. É claro que muitos sabores eram perdidos ao longo dessas línguas. Hoje, tradutores com domínio do idioma e da cultura russa permitem leituras bem mais palatáveis.Anton Pavlovitch Tchékhov nasceu na cidade portuária russa de Taganrog no dia 29 de janeiro de 1860 e faleceu no dia 15 de julho de 1904 na cidade alemã de Badenweiler. Esse talentoso médico morreu por causa da tuberculose com apenas 44 anos. Ele costumava afirmar: "A medicina é a minha legítima esposa, e a literatura é apenas minha amante".Saratov é uma cidade russa, hoje com mais de 800 mil habitantes, que abriga o maior porto fluvial do rio Volga. Isso, que eu já sabia pela Internet em pesquisa anterior, fez-me lembrar de um disco que ouvi muito nos tempos de faculdade: "Canções dos Barqueiros do Volga". Lembro-me de que eram interpretadas pela "Banda e Coro do Exército Soviético" num bolachão de vinil cuja capa era vermelha, como não poderia deixar de ser. Digamos que as minhas audições poderiam ter sido consideradas como atitudes subversivas naquele tempo de ditadura brava. Meu Deus, por causa daquelas audiências no Crusp eu poderia ser preso e torturado!Na verdade, fiquei sabendo sobre Saratov depois de pesquisar a origem do sobrenome da minha mãe: Hannickel. Concluí que a origem é de alemães do Volga, também chamados de russos alemães. Alemães que colonizaram o Baixo Volga, nas proximidades do mar Cáspio, nas regiões de Saratov e Sâmara, a convite da Czarina Catarina, por volta de 1760.No final do século XIX, os colonizadores alemães, luteranos em sua maioria, começaram a passar dificuldades por causa da exacerbação do nacionalismo russo e se mandaram para outros países. Dentre os destinos escolhidos estavam os Estados Unidos, Canadá, Argentina e Brasil. Em geral, os que aqui vieram preferiram ir para a região sul.Há alguns anos, encontrei na Internet o sobrenome Hannickel numa sociedade de alemães do Volga dos Estados Unidos e troquei e-mails com um compositor musical chamado Mike Hannickel. Depois de outras pesquisas, encafifei que ancestrais meus pelo lado materno viveram em Saratov. Sinto uma sensação estranha ao ver fotos daquela cidade. Parece-me que parte do meu DNA, de alguma forma, já esteve por lá. Tenho muita vontade de conhecer aquela cidade. As leituras de livros de Tchékhov trouxeram à minha memória essa história toda.Nos contos de Tchékhov é recorrente a presença de generais. Militares, em geral, mas também civis que ocupavam altos cargos públicos na complicada burocracia russa e que também eram chamados de generais. Algo semelhante ao que aconteceu e acontece em nosso país -"cheio de doutores".Outra forma de reverência, em nosso país, era o designativo de "Sinhô" que os escravos usavam para os senhores de engenho e congêneres.Sinhô acabou virando Nhô, como título para pessoas que se destacavam na comunidade sem serem doutores. Hoje, muita gente sem caráter teima em ostentar o tal PhD, após frequentar um desses cursos rápidos caça-níqueis de alguma universidade estrangeira. Alguns ostentaram por um longo período essa farsa, antes de serem desmascarados. Não havia Internet...Não foi o caso do meu bisavô materno. Ele era simplesmente conhecido como Nhô Adolpho. Mais precisamente Nhô Adorrfo. Ou seja, Adolpho Guilherme Hannickel virou "Nhô Adorrfo", com o "r" caipira bem carregado. E meu avô José Hannickel ficou conhecido como "Seo Zénique".Agora, o que me intriga são duas ruas existentes em Sorocaba - Rua Nhonhô Pires e Nhonhô Neves. Intrigantes são esses "Nhonhôs". De onde vieram?Tenho certeza de que não foi de Saratov. E não faço ideia de como Tchékhov usaria essa designação em russo.Adalberto Nascimento é engenheiro e escreve a cada duas semanas neste espaço, sempre aos domingos (dal@globo.com).
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.