“A dúvida dos pelourinhos Pródromos da Fundação e os Beneditinos”. Otto Wey Netto é professor, advogado e ex-redator deste jornal. Membro da Academia Sorocabana de Letras e Instituto Histórico Sorocabano (Jornal Cruzeiro do Sul) - 20/02/2014
“A dúvida dos pelourinhos Pródromos da Fundação e os Beneditinos”. Otto Wey Netto é professor, advogado e ex-redator deste jornal. Membro da Academia Sorocabana de Letras e Instituto Histórico Sorocabano (Jornal Cruzeiro do Sul)
20 de fevereiro de 2014, quinta-feira Atualizado em 24/10/2025 02:40:31
•
Imagens (1)
•
•
•
Por alguns anos, a partir de 1575, o português Afonso Sardinha e seu filho, com mais alguns índios, saindo das margens do Rio Pinheiros (Butantã), "atravessando campos sem estradas em mata fechada", foram se assentar nos sopés do morro Araçoiaba, num local conhecido por Furnas. Tinham notícia que a região era rica em ouro e prata. Sobretudo, encontraram um solo onde o minério de ferro aparecia à flor da terra. Outros colonizadores foram chegando atraídos pelo mesmo motivo.
Apesar do arraial se desenvolver e ser reconhecido como Vila, em 1599, pelo General Francisco Luiz Carneiro de Souza, Conde da Ilha do Príncipe, que determinou a colocação do pelourinho, sob a invocação de N. S. do Monteserrate, o povoado não prosperou. A explicação é óbvia, o donatário fixou o pelourinho naquele local, pois ficaria com a metade do ouro a ser extraído. Como não havia ouro e prata, com a quantidade esperada, os mineradores pediram a transferência do pelourinho para o campo do Itavuvu.
Essa mudança foi aprovada em 1611 pelo mesmo General, que agora já havia recebido o titulo de "governador das capitanias e das minas do sul". Segundo o historiador Aluisio de Almeida, essa transferência do Araçoiaba para Itavuvu, não teria ocorrido, pois no Itavuvu, já estaria colocado o pelourinho, denominado oficialmente como São Felipe, em honra ao Rei da Espanha e Portugal, com o nome de N. S. da Ponte de Sorocaba.
Todavia, essa discrepância não vingou, pois as terras dos dois povoados já haviam sido redistribuídas, juntamente com as vilas de Sarapui, Iperó, Piragibu, Pirapitingui e Itu. Tal ocupação de terras ocorreu, principalmente de 1601 a 1646. Entre os beneficiados estavam Domingos Fernandes Mourão e seus irmãos André e Balthazar, que já trabalhavam com currais de gados, em campos de Sorocaba (hoje bairros de Santa Rosália e Vila Barão), bem como, Diogo do Rego Mendonça, Braz Teves e seu genro Paschoal Moreira Cabral, além de Jacinto Moreira Cabral.
Os irmãos Fernandes Mourão tinham uma autêntica vocação bandeirante : Domingos foi um dos fundadores de Itu (1610). André fundou Parnaíba, que já era Vila (1625). Balthazar que havia se fixado no Itavuvu, na margem do Rio Sorocaba (mais caudaloso, pois não existiam represas), além de terra com barro próprio para as casas de taipa, resolvera mudarse mais ao centro de Sorocaba.
A Vila dispunha de todos os recursos para progredir. Com auxílio de mais de 400 índios, construiu a primeira grande ponte da Província, sobre o Rio Sorocaba. Em 1654, Balthazar Fernandes Mourão, com auxilio de dois genros, castelhanos do Paraguai, André e Bartholomeu de Zunega, e Gabriel Ponce de Leon, marcaram seus nomes como fundadores de Sorocaba.
Apoio dos beneditinos
Balthazar estava terminando a construção de sua casa grande às margens do Lageado (hoje Av. Pereira Ignácio, em direção a Votorantim). Com auxilio de dois monges beneditinos: Freis Anselmo da Anunciação e Mauro da Trindade Vieira, conseguiu terminar em 1667 a construção da Capela de Sant"Ana e do Convento dos Beneditinos, iniciando uma total transformação urbana. Balthazar cedeu à Ordem de São Bento, uma considerável porção de terras.
A atual praça Carlos de Campos foi incorporada como Largo Santa Cruz de São Bento. A história destaca ainda o trabalho do monge beneditino Pedro de Souza, especialista em minereologia, que em 1680, depois de muito trabalho, conseguiu extrair e fundir nas minas do Araçoiaba, uma insignificante porção de minério de prata.
Durante toda sua existência o Mosteiro de São Bento passou por algumas dificuldades, principalmente entre 1893 a 1905, quando não pode contar com novos monges. Desocupadas suas instalações, foram cedidas às freiras beneditinas do Santa Escolástica, até o término da Capela e das dependências da Irmandade na rua do Rosário (hoje Souza Pereira).
Sorocaba foi crescendo e a Ordem Beneditina foi permitindo a abertura de novas ruas. Uma doação marcante ocorreu por volta de 1810, de uma área localizada na rua do Mosteiro (hoje São Bento) esquina com a rua Municipal (hoje Padre Luiz), onde Manoela de Santa Clara e Rita de Santa Ignez, fundaram o "Recolhimento de Santa Clara" (já demolido). Mas a principal doação foi a área localizada atrás do Mosteiro, no final do governo imperial, para a localização do chamado "JARDIM PÚBLICO", depois "JARDIM DOS BICHOS" e hoje PRAÇA FREI BARAÚNA.
O final do governo imperial e início da primeira república, assinalaram um forte desenvolvimento em nossa cidade, graças ao decidido apoio dos beneditinos. Em abril de 1878, o Capítulo Beneditino da Bahia, elegeu para dirigir o Mosteiro de Sorocaba, Frei Joviniano de Santa Delfina Barauna, baiano de nascimento, com 68 anos (03/04/1825 _ 09/12/1893).
A eleição do novo Prior foi noticiada na edição de 15/05/1878 da "Gazeta de Sorocaba", jornal que na época era dirigido por Gaspar da Silva, depois Visconde de São Boaventura. A sua chegada em Sorocaba, também noticiada pelo mesmo jornal, deuse em 11 de agosto daquele ano, sendo recepcionado na estação da Companhia Sorocabana pelo chamado "trem da tarde", com a presença das principais autoridades, muitos populares e "banda de música". Ainda pelo mesmo jornal, Frei Baraúna agradeceu a recepção das autoridades, do povo e da "Philarmônica Sorocabana".
Frei Baraúna foi o último monge a viver no Mosteiro no fim do Império. Foi ele quem assinou a cessão de direitos para que o governo municipal construísse o Jardim Público, inaugurado em 05 de maio de 1889 por Antonio José Ferreira Braga, o último intendente imperial de nossa Sorocaba (1885/1889). Amante da flora e da fauna brasileiras, Frei Baraúna acompanhou a instalação do Jardim, transformandoo no maior e mais completo ambiente recreativo do Município.
A importância do "Jardim dos Bichos" era tão grande que o CRUZEIRO DO SUL em sua edição de 09 de abril de 1916, publicou com destaque a seguinte matéria: NO JARDIM DOS BICHOS O Jardim Público da Praça Frei Baraúna, procedeu a inauguração de sua nova coleção zoológica: 1 casal de pavões 1 casal de cisnes 2 araras 2 perdizes 14 urús 1 gralha pintada 1 anta 1 onça pintada 2 bugios 2 coatis 1 jacaré 1 sucuri 1 jobóia 1 bicho preguiça 1 casala de veado pardo 1 casal de veado galheiro 3 veados catingueiros 1 paca 2 cotias 4 catetos 3 micos 1 serelepe 1 gato preto do mato" ¿ Segundo se sabe, o "Jardim dos Bichos" tinha um espaço maior do que apresenta hoje, abrangendo algumas ruas (Arthur Martins, Sarutaiá, Voluntários de Sorocaba e outras). Havia inclusive, um pequeno lago numa de suas laterais. O intendente (agora republicano) Dr. Braguinha (1892/1895) voltou a dar nova força ao "Jardim dos Bichos". A homenagem ao Frei Baraúna é mais do que merecida, tal a importância que ele e seus companheiros da Ordem de São Bento desenvolveram pelo progresso de nossa Sorocaba.
Observação O Araçoiaba é rico em APATITA, um mineral de forma hexagonal composto de fósforo de cálcio com flúor, são chamadas "rochas fosfóricas" e semelhantes ao minério de prata. É matéria prima de muitos fertilizantes e do ácido fosfórico. É também vulgarmente conhecida como "rocha enganosa", capaz de enganar muitos mineradores. (Não seria o "caso" de Afonso Sardinha?).
Revista genealógica brasiliera, Volumes 3-4 Data: 01/01/1942 Página 72
ID: 5964
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (9): 01/01/1575 - *Afonso Sardinha aparece em Livros de Atas e de Registro da Câmara de São Paulo 02/04/1577 - Nascimento de Balthazar Fernandes 01/01/1601 - *Ocupação de terras 14/07/1601 - Francisco Rodrigues recebeu de D. Francisco de Souza uma sesmaria de uma légua em quadra, rio Sarapui abaixo, além do morro do Araçoiaba, desde a tapera de “Ibapoara”, topônimo desconhecido 21/04/1611 - D. Francisco elevou o novo local com o nome de vila de São Filipe: “Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio, menos as sesmarias de André Fernandes, uma das quais êle doou antes de 1648, ano de sua morte, a Baltazar” 01/01/1646 - *Balthazar funda uma capela sob a invocação de “Nossa Senhora da Ponte” / vinda da imagem / transporte do pelourinho (1645/1654) 01/12/1654 - Balthazar Fernandes se estabeleceu definitivamente na região, com família e 380 escravizados* 01/12/1680 - *“Agora finalmente descobriu-se uma grande copia de ouro, prata, ferro e outros metais, até aqui inteiramente desconhecida, como afirmam todos” 16/02/2023 - Balthazar Fernandes: Culpado ou Inocente? EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.