Mais uma da série “não me contaram na escola”: Cartas são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história
19 de agosto de 1645, sábado Atualizado em 25/10/2025 18:41:04
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Professor da USP Eduardo Navarro traduziu seis cartas trocadas entre potiguares que estavam em lados opostos na guerra travada entre portugueses e holandeses pelo domínio do Nordeste.
O professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Navarro concluiu, pela primeira vez, a tradução de seis cartas em tupi trocadas entre indígenas no século 17 durante a invasão holandesa no Nordeste. É o primeiro documento da história escrito em tupi por e para indígenas traduzido para o português.
A tradução de Navarro deve ser publicada em breve pelo Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, no Pará.
As cartas revelam diálogos de homens que lutavam entre si durante uma guerra religiosa travada entre portugueses e holandeses, conhecida como Insurreição Pernambucana. De um lado, os indígenas protestantes, apoiadores dos holandeses que invadiram o nordeste brasileiro; do outro, indígenas que defendiam o governo português.
“Por que faço guerra com gente de nosso sangue, se vocês são os verdadeiros habitantes desta terra? Será que falta compaixão para com nossa gente?”, pergunta o líder indígena Felipe Camarão ao cacique Pedro Poti, em um dos textos.
Esta é a primeira vez que pesquisadores conseguem traduzir essas correspondências, que são estudadas desde o século 19.
Quase todos os documentos do período colonial foram escritos pelos "vencedores", no caso os colonizadores do Brasil, e, esses são os únicos textos conhecidos em tupi trocados pelos "vencidos", os indígenas, nesta época.
“É a primeira vez que essa história é contada pela pena dos índios, e está ali o lado dos vencidos”, afirma Navarro, autor da pesquisa. O idioma tupi era só falado, e, os jesuítas criaram a representação escrita. Por isso, não são comuns os documentos escritos redigidos pelos próprios indígenas.
Segundo o professor Eduardo Navarro, a tradução dessas seis cartas só foi possível com a ajuda de um dicionário de tupi, também de sua autoria, publicado em 2013.
“Essas cartas foram entregues na mão de Teodoro Sampaio, que foi um historiador e um engenheiro, o primeiro que se debruçou sobre esses textos. E ele confessou, em um artigo, que ele não conseguiu traduzir as cartas, que seguiram sendo um mistério para ele. Depois, o Aryon Rodrigues, linguista indígena da Unicamp muito conhecido, tentou também. Ele foi até a Holanda buscar essas cartas para traduzi-las, mas também não conseguiu”, explica Navarro.
Contexto histórico
As correspondências recém-traduzidas, escritas no ano de 1645, envolvem alguns dos principais combatentes da Insurreição Pernambucana, como Felipe Camarão, chefe nativo dos índios potiguares e alinhado aos interesses de Portugal.
Durante a guerra, ele organizou diversas ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos holandeses no Nordeste brasileiro, segundo historiadores.
Nas cartas reveladas, Camarão pede a seus parentes Pedro Poti e Antônio Paraupaba, indígenas protestantes, que abandonassem os holandeses.
Ele diz ainda que, embora os holandeses tenham dado títulos aos indígenas que se juntaram a eles, essas honrarias não eram consideradas válidas pelos portugueses.
“Não pensem que se poupa a vida dos potiguaras, da gente nossa, por esses terem sido feitos chefes. Não pensem que os holandeses livram vocês de nós. Somente a vida deles é poupada”, diz Felipe Camarão, em carta escrita para o líder indígena Pedro Poti.
O pesquisador Eduardo Navarro explica que os holandeses tinham a política de fazer alianças com os índios por meio da concessão de liberdade e de cargos e títulos.
“Mas tais títulos, como o de capitão, por exemplo, não eram reconhecidos pelos portugueses nem conferiam garantia de que suas vidas seriam poupadas em caso de captura, como se fazia com os oficiais holandeses, que não eram mortos, mas viravam prisioneiros”, explica Navarro.
Em 1649, Poti foi capturado pelos portugueses e viveu uma série de torturas na prisão. Ele morreu alguns anos depois de sua prisão, a bordo de um navio no qual era conduzido para ser julgado em Portugal.
Respostas às cartas
As respostas de Pedro Poti às cartas de Felipe Camarão não foram preservadas. Mas, por meio de um resumo feito por um pastor holandês, os historiadores verificaram que Poti discordou dos argumentos de Camarão.
Segundo o resumo, Poti teria respondido que não havia motivos para continuar apoiando os portugueses, que escravizaram e praticaram violência contra os indígenas da região.
Outro indígena que recebeu cartas de Camarão no mesmo ano de 1645 foi Antônio Paraupaba, que lutava ao lado dos holandeses. Em 1625, ele foi, com outros índios potiguaras, para os Países Baixos, onde aprendeu o idioma. De volta ao Brasil, passou a atuar como intérprete entre os holandeses e os indígenas e, entre 1645 e 1649, assumiu o cargo de Capitão e Regedor do Rio Grande do Norte.
Na carta escrita para Paraupaba, Camarão diz que é seu "verdadeiro pai" e que por isso não quer sua morte.
"Envio-lhe estas minhas palavras, estando como seu verdadeiro pai, na verdade. Será que isto é contra a sua vontade? Por quê? Estando eu como seu verdadeiro pai, não quero sua morte sem sentido, como se você fosse aquele animal que não conhece a Deus", diz Camarão, na carta.
As correspondências revelam ainda os nomes de outros combatentes indígenas e detalhes sobre algumas batalhas, além de lamentos sobre a perda de tradições dos potiguares.
Em uma das cartas escritas por Camarão para Poti, o líder dos combatentes portugueses critica a dominação dos holandeses na Caatinga e atribui a eles o desaparecimentos de alguns de seus ritos.
"Nossas antigas terras, nossos velhos ritos, nossos parentes paraibanos, os de Cupaguaó, os de Uruburema, os de Jareroí, os de Guiratiamim, todos os antigos filhos dos habitantes da Caatinga, tudo e todos estão sob as leis dos insensatos holandeses, assim como seu corpo e sua alma também estão", afirma Camarão.
[3801] Cartas do século 17 são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história: ´Por que faço guerra com gente de nosso sangue´, escreveu indígena 05/11/2021
Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti Data: 19/08/1645 Créditos/Fonte: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro Traduzida pelo professor da USP, Eduardo Navarro(.241.
ID: 5556
ME|NCIONADOS ATUALIZAR!!! EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.