3 de janeiro de 1876, segunda-feira Atualizado em 24/10/2025 03:34:06
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Pela manhã abrimos ansiosos a janella. Uma cidade pequenos se desenrolou a nosso olhos; construção sofrível, ruas descuidadas; matriz vasta, mas não concluída; theatro disforme no exterior, cadeia vergonhosa, alguma animação, devida, talvez, às solenidades da Epiphania, foi o que verificamos ao sahir mais tarde. Três dias depois, prosseguimos. Da cidade fomos ao Constantino, no Porto a pouco mais de légoa de distância.Comemos, refrescamos os animaes e ganhamos caminho.O trolleyro, marujo de primeira viagem, calculou mal a jornada, e só às oito horas e meia chegamos ao Capivaryzinho, depois muitos solvancos e sustos, encontrando de jantar – nada, e por pouco um miserável quarto com um velho catre tecido de Couro – cru – duro e insuportável. Valha, porém a verdade, nesse leito de Procusto dormimos como pedras.
Ahi, pela primeira vez entrei no conhecimento do que é uma candeia: -torcida de cera à parece e vae se levantando à proporção que se consome. Do Capivaryzinho fomos ao alto da Pescaria, subida íngreme, escalvada, e aberta por milhares de regos cavados pela chuva, por ande ascende estrada, penosamente, entre despenhadeiros de um lado e fundas bussurocas do outro. Estávamos no ponto culminante dáquellas paragens, onde medra o café ao abrigo das geadas.
Os raios perpendiculares do sol esmagavam-nos. Fizemos abrir, à esquerda, uma porteira que rangeu ruídos e descemos por uma picada emaranhada, que em alguns logares, foi preciso desbastar a golpes de facão. Dali a momentos, transpondo milhares immóveis pelo excesso de calma e ausência de brisa, beirando algodoaes extensos, que penduravam suas estrelladas, vimos erguer-se ao longe, num baixo, um têlue fio de fumo a desenrolar-se mollemente, e, depois, a paliçada de um terreiro, a que se acostavam, aqui e acolá, enormes capados e magras porcas cercadas de uma turba multa de leitões, que, grunhiam ávidos cabeceando as tetas verrugosas.
Era a vivenda do Tenente Coronel José Carneiro da Silva Lobo. Alto, moreno, olhos vivos, querendo esconder-se sob um óculos, que os trahem o distincto paranaense, liberal quand même, e partidista extremado acolheu-nos de braços abertos, e, no seu lar passamos dous dias que nos arrastaram a procura-lo sempre que, em viagem houvemos de passar na direcção do seu sítio. O leite sem rival, o pingue queijo, o saboroso carneiro e as gabirobas apanhadas no campo, nada faltou a entremeia a prosa renhida, que se travou entre nosso amphytrião, sua extremosa senhora, seu sobrinho Major Licinio, e nós. Quando nos pozemos outras vez em marcha, íamos pesarosos de deixar a Pescaria.
Acompanhados até ao Porto de Paranapanema, transpozemos na balsa a tristonho e negro rio, e, sentado sobre as raízes das árvores da outra margem, depois de breve palestra, dissemo-nos compridos adeuses. Uma hora depois, avistamos, ao longe, as paredes brancas e o telhado pardo-escuro do Paranapitanga.
A aparição da casa enorme, que, pelo seu vulto e posição faz-se crer próximas quando remota está, despertou-nos no espírito recordações históricas, e, figurou-se nos ver, com a avizinhação, recostada ao parapeito de uma das janelas, a efigie veneranda do velho Raphael Tobias.
Apeamos para sestear, o Major Licínio, actual proprietário, sua senhora e nós: engulimos um virado sumptuoso com um appetite invariável dos caminheiros, dormimos uma boa hora, e estrada novamente. Começou, então, a madonha chapada do Paranapitanga – o horror dos viajantes, a perder de vista – nem numa árvore – nem uma sombra. Das barbas de bode, desprende-se um som metállico, produzido por uma espécie de gafanhotos verdes, semelhantes ao que vulgarmente se chama esperanças.Da terra abrasada levanta-se trêmula uma ondulação enfebrecida. A espaços uma aldeia de cupis, e, ou a rire sobre elles os irrequietos bicos-chanchas, ou a cynicarem silenciosas corujinhas do campo. A monotonia do solo é apenas cortada pela recta imensa de algum vallo, continuado por cerca vedatória, que se atira pela superfície verdeclara do lagoão adentro.Disseminadas, algumas rezes; e, a desfilarem n’um passo desanimado as tropas cansadas, de cabeça pendurada e flancos arquejantes, que os conductores em bica instigam com sua voz stentórica. Não há nem pássaros a trinar, nem arroio a correr melodiosamente, nem folhas a estrugir. Mudez e calor. Duas leguas e meia! Parecia que aquella vastidão não mais se findava; porém, alfim, o Major tomou à direita, em busca de S. Raphel, sua fazenda, e, dahi a uma légua, chegamos ao Porto do Apiahy. Desde o Paranapanema que nos achávamos em terras da Faxina. Um esquecimento levou-nos longe. Haviam nos fallado em Theodorinho, como pouso que devíamos tomar; mas olvidando este nome, fomos pelas informações colhidas na estrada, levados à Escaramuça, légua e meia d’elle, e a cinco da Faxina. Plana até logar desde o Rio Apiahy, profundo e cheio d’água, que, o atravessava a ponte, tem de 20 a 25 metros, ahi começa a estrada a subir e a descer por fortes declives, sendo mais notável um de cujo cimo avistamos a vivenda do estimável fazendeiro Capitão José Aleixo Ferreira de Barros com sua capellinha guapa e branca a uma lado. Novos campos a perder de vista; d’ahi a pouco um pequeno bosque que atravessamos de permeio – o Capão do Inferno após o Tocunduva; ao longe, em um alto, a habitação do fallecido Tenente Coronel Honorato Carneiro da Silva Lobo e do actual Tenente Coronel Honorato Carneiro de Camargo; além o Passo da Faxina – feudo de um senhorio nervoso, franzino, feio, mas bom rapaz às deveras, - o senhor Martinho Carneiro de Camargo. Com soffrega por alcançar a cidade, a estrada corre por um chão parado e fácil, até que, chegando-lhe às proximidades, rola por alguns declives, salta por sobre morros suaves, transpõe o Ribeirão Fundo, saúde o Capitão Fructuoso, e, de repente, esbarra, cara a cara, com a Faxina. Doida por abraça-la, atira-se cegamente por uma ladeiras pedregosas abaixo, corre com tanta dificuldade quanto afan, torna a subir, e perder-se no meio das ruas do povoado.A Faxina está situado do meio para o sopé meridional de um outeiro de mansa inclinação. Cercam–n’a elevações achatadas de uma pedra molle, aqui vulgarmente chamam piçarra, formando como que as ameias de denegridos baluartes. D’ellas procede talvez, o nome de Itapeva, que significa – Pedra Chata. De quatrocentos a quinhentos fogos, mais ou menos, encerra o recinto abrigo de uma população de 2,500 almas. Pequenas casas na maior parte. Notam-se, toda via, entre ellas algumas edificações regulares, prevalecendo a construção de madeira. As ruas, quatorze mais ou menos em número, cortadas quase de N. a S. e de L. a O., são, no geral, estreitas e mal cuidadas. A matriz, vasta, mas excessivamente descurada no exterior, tem uma fachada sem torre e sem a mínima sombra de architectura.A cadeia é um sobrado regular, mas que carece de urgente reparos. Além da matriz existem a egreja de Santo Antonio e as capellas de N. S. das Dores e da Guia. Dois pequenos jazidos são sustentados pelas irmandades do Santíssimo Sacramento e N. S. do Carmo, erradamente collocados justamente na direcção para onde a cidade tem espaço para estender-se. O cemitério municipal é uma lástima; o mercado é rachitico, e de monstruoso tem o portão, maior do que o mais junto.Notam-se ainda o theatro de Sant’Anna, construído por accionistas, o Gabinete de Leitura, numerosas casa de fazendas e ponto pequeno, de secos e molhados, a que os caipiras chamam ladroeirinhas, duas pharmacias, um bilhar, quase sempre applicado ao infame jogo de estrada de ferro, ferrarias, barbeiros e cabellereiros (um de cada um), marceneiros, fogueteiros, ourives, dentistas, sapateiros, alfaiate francez, ferradores e até um productor de medicamentos homeopathicos – o senhor Irineo de Faria Mello. Padarias não há o pão que se consome é feito por famílias que o fabricam conforme podem.A água, excellente, é provida por bons mananciaes: o do Callixto, e o vulgarmente denominado Olho do Padre Miguel. Illuminação não se vê: dizem que outr’ora os particulares a faziam à sua custa e algumas ruas, mas pouco a pouco deixaram esse louvável empenho até morrer de todo. A cidade assim descripta, produz, força é confessa-lo, no viajante, que a avista do Alto do Vieira (ponto de entrada), uma impresão nada agradável. Mal collocada, silenciosa e tristonha, não tem nem a graça selvagem das bellezas do sertão, nem os affectados encantos das formosuras cortesãs. E’m uma burguesa chata, insipda e macambusia, sem passado e sem futura, com quem, entretanto, passei bons annos dos quaes consevo muitas e muitas saudades."Fonte: http://www.ihggi.org.br/ O banco de dados do Acervo do IHGGI disponibiliza documentos diversos como Artigos e Ensaios, Autores Itapevenses, Bibliografias, Vídeos, Imagens, Teses e Dissertações, Notícias Históricas.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.