FEPASA: “é melhor que ela seja entregue de graça ao meu maior concorrente do que ficar do jeito que está”
27 de maio de 1998, quarta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Faziam cerca de dois anos que as estradas de ferro brasileiras começaram a ser privatizadas. Ainda era cedo para avaliar os resultados, mas pelo que se podia, abriram-se novas possibilidades para as ferrovias, para seus clientes e fornecedores.
Em 1997, as seis novas concessionárias instaladas sobre a ex-Rede Ferroviária Federal investiram US$ 240 milhões, aumentaram em 11,7% o volume do tráfego e introduziram novas tecnologias informatizadas. Isto sem contas as ferrovias da Vale do Rio Doce.
Em 1998 as concessionárias da Rede deveriam investir outro tanto, ao mesmo tempo que entra em tráfego um sétimo concessionário privavo, a Ferronorte, construída do chão pelo Grupo Itamarati e associados.
No meio deste renascer, a nota destoante era, curiosamente, a ferrovia do estado mais desenvolvido, aquele que passou à história como “a locomotiva do Brasil”. A FEPASA – Ferrovias Paulistas S.A., última estatal do setor, era o grande entrave ao funcionamento do transporte ferroviário.
Aliás, vinha sendo há muitos anos. Mas como e Rede Ferroviária não era muito melhor, ninguém notava. A FEPASA era o centro geográfico do sistema ferroviário brasileiro. Nela começaram a MRS, a FCA, a FSA, a Novoeste e a Ferronorte.
Todas dela dependiam para chegar ao Porto de Santos, para descer de norte a sul ou para acessar o rico mercado de cargas paulista.
Como a participação da ferrovia sempre foi pequena no Brasil, o incômoco causado pela inoperância da FEPASA era até o momento pequeno. As ferrovias transportavam uma dúzia de produtos para meia dúzia de clientes, e pronto.
Quase nada de manufaturados, nenhum transporte de contêiner, nada de automóveis 0km, nenhum tráfego ferroviário para o Mercosul. Depois da privatização, a tolerância com a infeficiência, própria e dos outros, não iria continuar.
Se a FEPASA era um obstáculo, deveria ser vencido, ou contornado. Nem que fosse virando para o lado oposto. A Ferroviária Novoeste, a primeira das concessões da Rede, inteiramente dependente da FEPASA para chegar a Santos, esava evitando a malha paulista através de uma complexa operação intermodal onde a soja, vinda de trem do Matro Grosso do Sul, passava para barcaças em Três Lagoas, na fronteira com São Paulo, descia o Rio Paraná até o Porto de Rosário, na Argentina, e ali embarcava para o exterior. Era o primeiro caso de exportação atravéz de país vizinho.
Todos os concessionários que faziam fronteira com São Paulo estavam entrando nas linhas da FEPASA, numa espécie de “Movimento Sem Trilhos”, ou privatização de fato. A MRS já leva seus trens, como locomotiva, equipagem e tudo até Campinas, Sorocaba e Bauru.
A Ferrovia Centro Atlântica, com sede em Belo Horizonte, está chegando a Ribeirão Preto, 400km de São Paulo adentro. A FSA, de Porto Alegre, alcançava Tatuí, na margem do Rio Tietê, e a Novoeste chegava até Botucatu.
A Ferronorte, que comaçava na fronteira de São Paulo com Mato Grosso do Sul, iria inaugurar seu primeiro trecho no dia 29 de maio e ainda não sabia direito como seus trens iria chegar a Santos. A operação inicial iria estar sob a responsabilidade da FEPASA.
O que vinha acontecendo com a FEPASA era um caso de “desmantelamento em vida”. Que, a bem da verdade, não havia começado naquele momento.
O principal investimento da empresa nos últimos 20 anos, a eletrificação Uberada-Santos, mal concebido e mal executado, foi abandonado havia 3 anos, antes de começar a funcionar. As 10 subestações instaladas foram removidas, os 200km de catenária entre Mairinque e Ribeirão Preto haviam sido retirados, e as 17 locomotivas elétricas iniciados pela extinta Emaq. No Rio, continuavam depositados na fábrica da Gevisa, em Campinas, aguardando uma solução que não talvez não viria.
Um prejuízo irrecuperável para o Tesouro do Estado e para os fornecedores que se podia calcular pelo custo global do projeto: US$ 500 milhões.
Em 1998 a estatal FEPASA estava na curiosa situação de não possuir estatuto jurídico. Não era mais do Estado de São Paulo, pois havia sido transferida para a União dentro da negociação do BANESPA.
Não pertencia mais à Rede Ferroviária Federal, pois não houve aprovação dos acionistas para a incorporação. Nas três tentativas de assembléia, diferentes credores, devidamente informados pelo pessoal da casa, entraram com recursos judiciais que impediram a medida.
A empresa, sem presidente efetivo há alguns meses, estava sem orçamento e enfrentava as maiores dificuldades para cobrir o custeio. A folha de abril, da ordem de R$ 14 milhões, foi paga pela Rede.
Segundo a própria Rede isto não seria repetido em meio, e se não houver incoporação ninguém sabia quem iria cobrir os salários.
O combustível e outros gastos correntes estavam sendo cobertos pelo adiantamento dos fretesem 1999. Em 1997 o volume de carga transportado pela FEPASA caiu assustadores 19,2%.
A única forma de impedir os maiores prejuízos, para a FEPASA e para os demais, era acelerar o processo de concessão. Aquelas alturas não importava muito de que jeito.
Como dizia o presidente da Cargil Agrícola, um dos maiores clientes da FEPASA, Sérgio Barroso, “é melhor que ela seja entregue de graça ao meu maior concorrente do que ficar do jeito que está”.
Para que isso acontecesse, alguém, fosse da Rede, no BNDES, no Ministério dos Transportes ou mesmo no Palácio do Planalto, o presidente Fernando Henrique Cardoso, eleito “Ferroviário do Ano em 1997”, precisaria fazer alguma coisa. São merecia. O Brasil também.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.