26 de julho de 1877, quinta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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A localização de Brasília foi indicada com precisão por Francisco Adolfo Varnhagen em 1849, ao publicar anonimamente ("Um brasileiro") a primeira parte de seu Memorial Orgânico, em Madri, onde exerceu funções diplomáticas por 12 anos:
Mas se, abandonando a idea de achar já feita e acabada a cidade que tanto nos convem, nos resolvermos a fundar uma, segundo as condições que se requerem a toda a capital de paiz civilisado hoje em dia, a verdadeira paragem para ella é a mesma natureza quem aponta, e de modo mui determinante.... É a em que se encontram as cabeceiras dos afluentes Tocantins e Paraná — dos dois grandes rios que abraçam o Imperio; i. é, o Amazonas e o Prata, com as dos do S. Francisco, que depois de o atravessar pelo meio desemboca a meia distancia de toda a extensão do nosso littoral, e de mais a mais a meia distancia da cidade da Bahia á de Pernambuco. É nessa paragem bastante central e elevada, donde partem tantas veias e arterias que vão circular por todo o corpo do Estado, que imaginamos estar o seu verdadeiro coração; é ahi que julgamos deve fixar-se a séde do governo. (...) Como a localidade que se deverá preferir tem de estar em 15° a 16° de latitude, convêm que fique elevada sobre o mar pelo menos 3.000 pés, a fim de que sejam:... puros e saudaveis os ares... Seria facil achar posição favoravel talvez junto ás lagôas de Felis da Costa, Formoso etc....
A idéia não era nova — e a localização já havia sido apontada com bastante aproximação por Hipólito José da Costa, desde 1816; e por José Bonifácio de Andrada e Silva, desde 1821.Havia já três décadas, pelo menos, os parâmetros correntes eram:O tríplice divisor das bacias Amazônica, do Prata e do São Francisco;Latitude aproximada de 15° ao sul do Equador [hoje equivale a meia distância do Equador ao extremo sul do país; na época seria a meia distância da Guiana francesa (ocupada) a Montevideo (província Cisplatina)];Altitude aproximada de mil metros acima do nível do mar, onde o clima seria mais ameno do que no litoral; eAté o nome, "Brasília" [indicado por Bonifácio]. Varnhagen afirma ter tido conhecimento desses antecedentes somente em 1851, quando esteve no Rio de Janeiro e seu Memorial Orgânico foi republicado no jornal literário Guanabara, provocando novos debates no Senado e retornando, ao autor, informações que lhe teriam permitido levantar os textos de Hipólito e Bonifácio — além de outros, mais genéricos, como o atribuído ao primeiro-ministro inglês William Pitt (1759-1806), propondo a criação de uma Nova Lisboa no interior do Brasil; ou o do chanceler Veloso de Oliveira, que em 1810 propôs ao príncipe regente D. João a mudança da côrte, do Rio de Janeiro para o interior.Na segunda edição de sua História Geral do Brasil, Varnhagen avançou indicações ainda mais precisas, no comentário sobre a ocupação do Rio de Janeiro pelos franceses em 1711:E isto quando a propria Providencia concedeu ao Brazil uma paragem mais central, mais segura, mais sã e propria a ligar entre si os tres grandes valles do Amazonas, do Prata e do S. Francisco, nos elevados chapadões, de ares puros, de boas aguas, e até de abundantes marmores, visinhos ao triangulo formado pelas tres lagoas, Formosa, Feia e Mestre d`Armas, das quais manam aguas para o Amazonas, para o S. Francisco, e para o Prata!Varnhagen — já então embaixador do Brasil na Áustria — afirma que, ao ver impressa uma afirmação tão categórica, percebeu não ter informações seguras sobre o local, e solicitou licença de seis meses para verificá-lo pessoalmente.Assim, aos 61 anos de idade, empreendeu "uma penosa viagem a cavallo, nada menos que até á provincia de Goyaz, por nossas primitivas estradas, para de visu, e como antigo engenheiro, reconhecer essa notavel paragem que a contemplação e estudo dos melhores mappas nos havia revelado; e ver se ella correspondia perfeitamente ás condições de bondade de clima e outras essenciaes ao nosso proposito, ou se, bona fide, nos cumpria a tempo regeital-a e buscar outra num dos dois mencionados chapadões".Constatado o que pretendia, Varnhagen escreveu uma carta ao ministro da Agricultura, a propósito de bons sítios para a imigração européia — colonos alemães não se haviam aclimatado no litoral, causando problemas à imagem do Brasil em Viena —, datada da "Villa Formosa da Imperatriz, em Goyaz, 28 de Julho de 1877". Não perde a oportunidade de reiterar a velha proposta, inserindo-a, dessa forma, nos arquivos oficiais do Império.De volta ao posto diplomático em Viena, Varnhagem publicou em 1877 o livreto A questão da capital: marítima ou no interior?, de apenas 32 páginas, onde reuniu as informações e argumentos anteriores.A ideia de Brasília em VarnhagenUma proposta única | Estradas de ferro | 1849: Memorial orgânico | 1877: Carta de Formosa | A questão da capital: marítima ou no interior?
Brasília está comemorando 56 anos, neste 21 de abril de 2016, mas, na verdade, a história da capital do Brasil começa muito antes da construção comandada pelo presidente Juscelino Kubitschek, com os traços modernistas de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Desde o século XVIII a historiografia registra menções a uma futura capital do País no planalto central. A localização de Brasília foi sugerida em 1877, por Francisco Adolfo de Varnhagen - o Visconde do Porto Seguro -, coincidindo com o que iria propor anos depois a Missão Cruls, em 1895. Considerado um dos fundadores da historiografia do Brasil, Varnhagen, filho de um alemão e uma portuguesa, diplomata, completa 200 anos de nascimento em 2016. Historiador e militar, nascido em Sorocaba (SP), foi o único pesquisador que fez questão de analisar de perto as premissas para um novo local ao governo imperial. Antes dele, a hipótese de confirmar um local exato para a nova capital fez parte de um projeto idealizado por José Bonifácio de Andrada e Silva, entre 1763 e 1838. O Patriarca da Independência criou um panfleto intitulado Adiantamento ao projeto de Constituição para fazê-lo aplicável ao Reino do Brasil, propondo a construção da capital “no centro do Brasil, entre as nascentes dos confluentes do Paraguai e Amazonas, fundar-se-á a capital desse Reino, com a denominação de Brasília”.No entanto, apesar de outras hipóteses da interiorização da capital terem sido levantadas, Adolfo de Varnhagen foi o único pesquisador que procurou encontrar, literalmente, onde seria esse lugar idealizado. Em 1849, quando era embaixador do Brasil em Viena, na Áustria, Varnhagen enviou uma carta ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), intitulada Memorial Orgânico, argumentando a favor de uma capital no interior do continente. A partir de então, o diplomata voltou ao Brasil e decidiu buscar, pessoalmente, a tão falada localização.Sobre o lombo de burroDecido a comprovar todos os conceitos que havia arquitetado, em 1849, na publicação anônima Um Brasileiro, primeira parte de seu Memorial Orgânico, aos 61 anos, Varnhagen pediu licença da chefia da delegação diplomática na Áustria para estudar o sertão bruto brasileiro. Foi quando ele liderou a missão oficial ao Planalto Central, a primeira grande expedição científica para a localização e a mudança da capital federal. A partir do ponto terminal da Estrada de Ferro Mogiana, em Uberaba (MG), Varnhagen viajou por 30 dias seguidos em no lombo de um burro para chegar à Vila Formosa da Imperatriz, então cidade de Formosa (GO), a cerca de 80 km de Brasília. Apesar das marchas cansativas, o diplomata chegava a percorrer mais de 40 quilômetros por dia. Todo o relato da viagem ao centro do país foi registrado em uma carta, datada de 28 de julho de 1877, enviada ao ministro da Agricultura, Antônio Francisco de Paula Souza. O objetivo de Varnhagen era apontar as terras adequadas ao sistema de colonização europeu e localizar a área para a construção da nova capital. O último e mais importante artigo de sua carreira foi A questão da capital: marítima ou no interior, onde Adolfo de Varnhagen descreve com detalhes a expedição pelo interior do país à procura do local exato, em um o árduo percurso pelo sertão do Goiás até a chegada à “Futura capital da União Brasílica, triângulo formado pelas lagoas Formosas, Feira e Mestre d’Armas”, em 1877. Varnhagen faleceu um ano depois, em 29 de junho de 1878, vítima de uma pneumonia, em Viena. Na cidade de Sorocaba, um monumento em homenagem a Varnhagen guarda os restos mortais do historiador. Os levantamentos feitos por Adolfo de Varnhagen sobre Brasília foram importantes para o processo de construção da capital, mesmo que o historiador seja pouco lembrado.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.