13 de dezembro de 1821, quinta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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O Brasil, embora ainda sob domínio da coroa portuguesa, já não sofria a rigidez do controle de Portugal, outrora presente nas capitanias hereditárias e no início do regime colonial. Em 1821, às vésperas da emancipação brasileira da corte, novos ensaios de mudança da capital dariam os primeiros passos para sair do papel — e pelas mãos de integrantes do governo vigente na colônia.
Nas perspectivas de José Bonifácio, vice-presidente de São Paulo, Brasília também era possível fora do imaginário. Por meio do documento intitulado “Lembranças e apontamentos do governo ‘provizorio’ da Província de S. Paulo”, o estadista aproveitou a influência política para plantar as ideias de mudança da capital dentro dos meandros da legislatura brasileira.
Nesse documento, Bonifácio sugere a transferência da capital do país para o interior. E, incrivelmente, já propõe que ela se instalasse próxima de onde de fato ficou. Sua sugestão era que o Paralelo 15 — entre os graus 15º e 20º, que dividem o planeta horizontalmente, cortando, no Brasil, partes dos atuais estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, além do Distrito Federal — fosse a região delimitada para estabelecer a nova cidade. Bonifácio sugeriu dois nomes para a nova cidade. O primeiro era Petrópole, clara homenagem ao imperador. O segundo nome proposto pelo Patriarca da Independência era Brasília.
Assinado por ele como presidente da Província de São Paulo, por João Carlos Augusto de Oyenhausen-Gravenburg, e pelo brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão III, e aprovado pelo Palácio do Governo de S. Paulo em outubro de 1821, o documento enviado à corte elenca, na nona posição dos “Negócios do Reino do Brasil”, as justificativas para a proposta. E as razões são as mesmas destacadas nos primeiros capítulos desta série especial publicada pelo Jornal de Brasília.
Em primeiro lugar, a questão da segurança: “Deste modo [mudando a capital para o interior do Brasil], fica a Corte ou assento da Regência livre de qualquer assalto e surpresa externa”. Já com um histórico vulnerável no litoral, a questão foi a principal dentre as sugestões.O segundo argumento trata da superlotação da então capital brasileira, estimada em 150 mil habitantes, em 1821: “[…] e se chama para as Províncias Centrais o excesso de povoação vadia das cidades – marítimas e mercantis”. Vale lembrar que a população excedente da cidade carioca, somada à falta de saneamento básico e às abarrotadas vilas no Rio de Janeiro, aumentava nas mentes governantes as preocupações sobre a higiene e prováveis doenças.José Bonifácio também era um vanguardista quanto aos pensamentos sobre quem deveria ocupar as novas terras. Contrariando a economia local, que já perdurava há mais de três séculos nas terras brasileiras, ele pressupõe uma inovação em referência à forma de movimentar o mercado. Quem explica melhor é o professor Kelerson Semerene, coordenador do departamento de História da Universidade de Brasília (UnB).“Uma questão fundamental é que ele era contra a escravidão. Seja por razões humanitárias, por razões filosóficas — ele era um iluminista, um ilustrado, para quem a liberdade é um valor natural de todo ser humano — e do ponto de vista econômico ele também considerava a escravidão pouco rentável, que mais empacava o desenvolvimento do Brasil”, coloca o acadêmico.Como não bastasse a preocupação humanitária, Bonifácio entendia que a escravatura era o início de uma fila de dominós, que desencadeavam, de igual forma, prejuízos no contexto ambiental. “Se você tinha escravos e podia ocupar terras, etc, não haveria investimento em melhoria do solo, por exemplo, bastava derrubar árvores e ocupar novas terras para avançar a agricultura. Ele dizia que, ‘se nós continuarmos nesse ritmo, em 200 anos nossas matas estarão como os desertos da Líbia’”, explica Kelerson. Tais pensamentos libertários, no entanto, seriam aplicados mais de 50 anos depois, não exatamente pelas mesmas preocupações.O alinhamento de Bonifácio também perpassa o âmbito administrativo e estratégico, a fim de manter o controle do governo de forma sistemática, mantendo as negociações comerciais ativas. Esta é a terceira justificativa: “Desta Corte central, dever-se-ão abrir estradas para as diversas províncias e portos de mar, para que se comuniquem e circulem, com toda a prontidão, as Ordens do Governo, e se favoreça por elas o comércio interno do vasto Império do Brasil”, finalizou.Fico, mas quem fica comigo?“A proposta de José Bonifácio de transferência da capital não é uma proposta isolada. Ela está numa ideia de nação, um projeto que ele concebia para o Brasil. Num primeiro momento, para um certo desenvolvimento do que era o território brasileiro dentro do império português, e depois, num segundo momento, para o Brasil enquanto Estado”, expõe o professor Kelerson Semerene.Paradoxalmente, menos de um ano depois da proposição, o próprio Bonifácio seria um dos pivôs da separação do Brasil com a coroa portuguesa. O vice-presidente da província de São Paulo começa a estruturar a independência do comando de Portugal. A família real exigia, a essa altura, entre 1821 e 1822, a volta do príncipe Dom Pedro I para Lisboa. Contrariado pelas imposições da coroa portuguesa, que cada vez mais limava os limites de seu poderio na Regência, em um ato de rebeldia o herdeiro do trono português declara, em 9 de janeiro de 1822, a emblemática frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico.”As palavras empregadas simbolizam cada vez mais a aproximação com a ruptura da corte portuguesa. O conceito de “Nação” colocado já anunciaria as pretensões que se concretizariam quase oito meses depois. De São Paulo, por meio de uma carta enviada ao filho de D. João VI, no Rio de Janeiro, em 1º de setembro daquele ano, Bonifácio acende as motivações necessárias para a emancipação.“Senhor, o dado está lançado: de Portugal não temos a esperar senão escravidão e horrores. Venha V.A.R. (Vossa Alteza Real) quanto antes e decida-se, porque irresoluções, e medidas d’água morna, à vista deste contrário que não nos poupa, para nada servem, e um momento perdido é uma desgraça. Muitas cousas terei a dizer a V.A.R., mas nem do tempo nem da cabeça posso dizer”, relatou o vice-governante da província paulista. As palavras o fizeram reconhecido como o Patriarca da Independência.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.