O rio "itapocu catarinense" além da grande importância histórica, oferece um problema toponímico e geográfico de acordo com sua localização atribuída pelos autores: Santa Catarina. Reforçando teses sobre a capacidade do "itavuvu sorocabano" reescrever a História desta cidade, desde eventos que antecedem em mais de 100 anos os escritos oficiais.
Já nos tempos pré-colombianos, o Itapocu era referência de um dos caminhos preferidos pelos europeus, por onde entraram e saíram aventureiros, bandeirantes, viajantes, colonos, padres, nativos.
Seu primeiro registro está na empreitada mais afamada, a expedição, em 1541, do Adelantado espanhol D. Álvares Nuñez Cabeza de Vaca e sua enorme comitiva, logo após haver, em nome da Espanha, tomado posse da Ilha de Santa Catarina.
Entrementes, enquanto por aqui a frota esteve, seu piloto-mor João Sanches, natural de Biscaia, registrou para o rio o nome Itapocú (que Cabeza de Vaca anotou Itabucu).
As traduções todavia, são incompatíveis com o rio e nenhuma etimologia satisfatória para essa palavra. Mesmo sendo certa, se adequaria a morro, rocha alta, não a rio.
Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal "Itapucu" foi situado, ou mesmo se foi situado; o rio jamais foi identificado pelos significados atribuídos, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum. [3]
CACHOEIRA
Dentre as interpretações aceitas, que também não atende ao "itapucu catarinense", está "água da pedra estourada", lembrando também cachoeira a estalar e uma grande pedra, onde a água estrondeia grandemente. [19]
Sobre o nome Voturantim, do conhecido salto do rio Sorocaba, significa mui propriamente montanha branca, pois que o salto do Sorocaba, naquele lugar, não é mais do que uma encosta alta, coberta de alvo manto de espumas. [17]
ITAVUVU: BARRA DE FERRO
Não só a História do "Itavuvu sorocabano" é anômala, também a evolução da palavra desde "Itapebussu". Segundo um respeitado historiador sorocabano, desde 1600, quando fundada, até meados de 1890, era chamada Itapebussu, quando um jornalista afirma ser Itavuvu o Itapebussu". E trata-se de erro, prova notável, em 1763, a primeira menção registra "Tabubú [14]
As muitas conexões com Sorocaba e principalmente com o Itavuvu ainda não foi notada por autores. Além da irresistível semelhança entre ambas as palavras, todas as interpretações acima escritas são atribuídas com muito mais frequência ao Itavuvu. Uma delas é incrível.
Um dos aspectos mais notados pelos autores diz que todavia, além do próprio nome ser tupi-guarani, mais provável à origem totalmente nativa do nome e aplicada já pelos nativos.
Dentre os autores que dedicaram-se na tradução da língua nativa, todos concordam no significado de Itavuvu, um dos principais é Teodoro Sampaio. Em “O Tupi na Geographia Nacional” escreve ele:
Lugar á margem direita do rio Sorocaba, ao Norte do município. É o mesmo Itapebussú, "itapuvu, itapucu, itaocu, etc.". Alusivo a ser esse lugar um planalto pouco elevado, "a laje grande; o lajeado". Nome da primeira povoação fundada por D. Francisco de Sousa, ao pé do morro de Araçoiaba, em 1600."
A incrível conexão, escrita também por Teodoro, está no significado atribuído á Itapucú: Itapucú - Composto de itá-pucú, pedra comprida, rocha extensa, penha longa; barra de ferro. [17]
Se os escritos desde 1549 dão força à origem totalmente nativa do nome e aplicada já pelos nativos, essa barra de ferro pode estar relacionada ao primeiro ferreiro da capitania, Mestre Bartholomeu, que desde 1535 frequentara a região de Sorocaba. [2]
Além do ferro, Sorocaba nasce na povoação instalada no "Itavuvu sorocabano" pelo genro do mestre, para extrair o ferro nas proximidades, a abundância deste metal na região está fartamente escrita na História. De fato na montanha do Araçoiaba o ferro poderia ser "colhido" pelos nativos. Como escrito pelo pai do "pai da História do Brasil":
"A referida montanha, que, em virtude do mineral de que toda consta, chamam vulgarmente o Morro do Ferro. O mineral solto á superfície do morro é tanto e tão rico que creio só dele se poderia, por mais de cem anos, alimentar a maior fábrica do mundo, sem recorrer a trabalho algum mineiro." [16]
Também na carta, de 22 de julho de 1788, escrita pelo Capitão-mór de Sorocaba, Cláudio de Madureira Calheiros, ao General Lorena, feita com minério do Araçoiaba, afirmando que o minério é de tal abundância:
“...que durará enquanto o mundo for mundo...”; que para lavorá-la só falta o mestre que “...saiba extrair o ferro do minério e aço do ferro...” e “...levantar as fábricas precisas”. Ademais, lembrava que era bom vir um Professor de Oficina. [15]
Por fim, muitos outros documentos, como um datado em 30 de novembro de 1944, no qual "o interventor do estado de São Paulo, Fernando de Sousa Costa, emitiu o Decreto-Lei 14.334, sobre a divisão administrativa e judiciária do Estado", lê-se que o munícipio de Sorocaba, em vários pontos, limita-se num ribeiro de Itapucu. [20]
Autores, principalmente seus escritos dedicados a Sorocaba, desprezam eventos importantes que provam ser "Itavuvu" o "Itapocu" da época.
Melhor exemplo foi o fechamento desse caminho em 1553, ano em que um caminho que ligava São Paulo ao litoral estava sendo aberto.Muitos espanhóis estavam chegando a São Vicente utilizando o "Itapucu", como Ulrico Schmidel, que após passar por Sorocaba, em 13 de junho, chegou a São Vicente. [8]
Após passar por Sorocaba, qual caminho percorreu Ulrico? Em 30 do mesmo mês Tomé de Souza mandou obstruir esse caminho, inutilmente por ser o da subida ao planalto a partir do Itapocu. [9] |