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Balthazar Fernandes
“Surpreende é a falta de informações documentadas sobre os locais e datas de nascimento e morte do fundador de Sorocaba (...) as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Teria nascido no Ibirapuera ou em Parnaíba (...) sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu.”
A nossa história, oficial e acadêmica, trabalha com probabilidades, quando se trata de Balthazar Fernandes. Aliás, nem se sabe ao certo a grafia do seu nome, se é Baltesar ou Baltasar, se é Balthazar ou Balthezar, tal é a diversidade das informações contidas nos documentos.
Apesar do "fundador" de Sorocaba ter sido um cidadão ilustre, na sua época, nem se sabe quando ele nasceu, nem o dia nem o ano, como também não se sabe quando ele morreu.Não se sabe, com certeza, quando ele se casou, nem a primeira e nem a segunda vez. Sempre as datas são acompanhadas do clássico "por volta de". Também, não se sabe se a sua primeira filha, única do primeiro casamento, Maria de Torales, era sua filha biológica ou adotiva.
O MyHeritage, um sistema de genealogia, com 9 bilhões de registros históricos globais, registra que “Balthazar Fernandes nasceu em 2 de abril de 1577, em Santa Ana de Parnaíba, São Paulo, Brasil e teve um filho do mesmo nome”. Se for certo, provavelmente Domingos Fernandes e Balthazar são, na verdade, a mesma pessoa. Assunto para depois.
Balthazar Fernandes Ramos, Mourão ou Alvarenga são os sobrenomes atribuídos ao fundador de Sorocaba. Ou dois primeiros explica-se pela estimativa que seu pai chamava-se Manoel Fernandes Ramos, ou Mourão, pois talvez tenha nascido em Moura. Mas e o Alvarenga? [2]“13/03/1607 - Sesmarias” [3]
Um registro curioso consta em documento datado em 22 de fevereiro de 1615. Segue o trecho que nos interessa:
Por falecimento de Manoel Rodrigues lhe ficou um filho por nome Balthezar de idade de dez até onze anos vai com o Capitão André Fernandes com as peças que ficaram do dito defunto as quais são estas (...) o escrevi por mandado do capitão André Fernandes. [4]
A mãe de Balthazar Fernandes, Suzana Dias, por não saber escrever, ditou seu testamento em 1628 na casa de André Fernandes, em Santa Ana de Parnaíba, Baltazar Fernandes Alvarenga, como testamenteiro de sua mãe:
(...) ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil seiscentos e vinte oito anos, nas pousadas de morada do Capitão André Fernandes, onde eu também fui chamado e logo e mim foi dito por Suzana Dias dona viúva enferma em sua cama por quanto não sabia o que Deus Nosso Senhor podia dela ordenar, fez este testamento por quanto estava em seu juízo perfeito, dispunha na forma seguinte:
(...) disse ela testadora que foi casada com Manoel Fernandes Ramos seu legítimo marido em face da Igreja, qual teve dezessete filhos e por morte dele ficaram quinze vivos os quais todos serão herdeiros de seus bens, salvo André Fernandes e Balthezar Fernandes seu irmão que se lhe não satisfez suas legítimas; mando que de minha fazenda como meus herdeiros lhe sejão pagos.
O trecho em negrito explicaria o registro datado em 1615? [5]
Documentos provam estarerrado o que escreveu João Barcellos e consta no site da Prefeitura Municipal de Santana de Parnaíba: Suzana Dias faleceu em 8 de dezembro de 1634.
Já em 24 de agosto de 1634 um "certo" Manoel de Alvarenga registra que, também tirou do testamento, por austeridade de Justiça do próprio livro do também Luis Ianes que Deus tem por o deixar de tirar das notas do seu livro de que me reporto em todo e por todo". [6]
O “Cumpra-se hoje como nele se contém” ocorreu em 2 de setembro de 1634, quando Jhoan de Campos Y Medina redigiu em puro castelhano o termo de testamenteiro a favor de Balthazar Fernandes. [7]
Em 7 de setembro um registro prova que Suzana Dias havia falecida:
“Digo Jhoan de Campos e Medina presentes nesta aldeia de Santa Ana da parnaíba que é verdade que foi reservado ao Capitão Baltazar Fernandes Alvarenga e testamentário de sua falecida mãe que Deus nos deixou, no sepultamento e missa cantada e ofício de nove lições e Assim, mais de três ofícios de nove classes, e uma missa cantada de sacramento e para ser verdade e sempre para registrar, dei-lhe isso de acordo com meu nome.” [8]
Em 18 de setembro de 1634, nesta vila de Santa Ana de Pernaiba, Capitania de São Vicente, partes do Brasil etc., nas pousadas do Capitão André Fernandes digo Balthezar Fernandes, aonde o Juiz Ordinário desta vila João Mendes Giraldo veio comigo também a fazer inventário dos bens que ficaram por morte e falecimento de Suzana Dias, dona viúva, defunta que Deus tem em sua presença;
e logo deu juramento dos Santos Evangelhos a Balthezar Fernandes como testamenteiro e herdeiro, e que juntando-se declara-se todos os herdeiros que haviam e de como assim o prometeu mandou a mim também fazer termo, e mandou a mim também lançasse neste Inventário toda a Fazenda que declarassem ficar e de como assim o mandou fazer este auto e assento em que ambos assinaram e eu Manoel de Alvarenga também e escrivão dos órfãos o escrevi. [9]“22/12/1650 - Custodia” [12] |
jjjjFontes/Referências:
[1] "SP na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa" p.207 |
[2] “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?” (2014) Sérgio Coelho de Oliveira / My Heritage, consultado em 12.02.2022. myheritage.com.br |
[3] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXIV, 1938. Página 332 |
[4] Inventários e testamentos, vol. XXXI. Documentos da seção do arquivo histórico, 1940. Página 12. |
[5] (METCALF, 2005, p.25-26) Inv. Suzana Dias, 1634, IT 33:11-21. |
[6] Inventários e testamentos, vol. XXXIII. Documentos da seção do arquivo histórico, 1946. Páginas 15 e 16 |
[7] Revistado do IHGSP p.211 |
[8] Inventários e testamentos, vol. XXXIII, 1946. Documentos da seção do arquivo histórico. Página 16 |
[9] Inventários e testamentos, vol. XXXIII, 1946. Documentos da seção do arquivo histórico. Página 11 |
[10] Diário de Sorocaba (13/08/2001) / arvore.net.br/Paulistana/FernPov.htm - Revistado do IHGSP p.215 |
[12] Projeto Compartilhar, SAESP, vol 41º |
[13] Inventários e testamentos, vol. XXXIII, 1946. Documentos da seção do arquivo histórico |
[14] Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, 1969. |
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