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MILAGRE EM SOROCABA
15/03/2022

Ainda desconheço por quais motivos a relação do santo padre José de Anchieta com Sorocaba é omitida.

Em 30 de junho de 1980 o Papa João Paulo II chegou ao Brasil pela primeira vez, e durante a visita beatificou o padre jesuíta José de Anchieta.” [14] Um fato ganhou grande notoriedade em 2014, quando o Papa Francisco canonizou (novamente?) o padre José de Anchieta:

"Quando menina Suzana Dias, mãe de Balthazar Fernandes, um dos fundadores de Sorocaba, foi acometida de uma moléstia grave. Esgotados todos os recursos, recorreu a Deus, prometendo dedicar-se à vida religiosa, caso ficasse livre da doença.

Miraculosamente, livre do infortúnio, Suzana cumpria a sua promessa, vivendo uma vida cristã, com plano de ingressar num convento. Certo dia, quando estava compenetrada em suas orações, acercou-lhe dela um irmão leigo jesuíta e sussurrou-lhe aos ouvidos:

Você está liberada da promessa que fez ao Senhor. Suzana levou um susto, pois não havia reveleado a promessa a ninguém. Suzana casou-se e teve 17 filhos. E reforça mais ainda:

"Tendo eu 12 anos e estando enferma, desejei morrer, consagrando a Deus a minha virgindade, mas o padre José, sendo que a ninguém eu dissesse, me falou nesse assunto, que só podia saber através de reveçação. Não fiz voto!" [18]

MILAGRE EM SOROCABA

Em outra ocasião, vindo a Sorocaba, “tinham navegado por rios 8 dias em uma canoas de casca, estas inteiriças, da grossura de um bom dedo polegar, mas tem um mal que em se alagando não dão mais mostras de si, o que não tem as de pau, que por mais que se alaguem, ou virem nunca se vão ao fundo.

Chegaram os navegantes a uma cachoeira, ou salto que o rio faz, e os padres iam rezando (...) quando se vão todos ao fundo com a canoa, em altura de 4 ou 5 braças de água; mas todos saíram a nado, só o bom Padre José de Anchieta não apareceu:

Não sofreu o coração ao nativo deixar ali o Padre sem saber o que era feito dele. Mergulha e anda-o buscando por um bom espaço de tempo, e não o ahando volta a cima a tomar folego e descançar um pouco; deita-se outra vez de mergulho, e quer Deus que o acha assentado no fundo; pega dele pela roupa e o Padre deixa-se vir sem aferrar do nativo, e desta maneira vema cima, são e salvo.

Com suma alegria e consolação dos presentes: esteve debaixo d´água por meia hora, não desacordado, antes muito e seu juízo, lembrando-se de três coisas, como ele depois disse: de jesus, da Virgem Mãe de Deus, e de não beber água, como certo não bebeu.” [12]


MOTIVO DA VISITA: ASSASSINATO DE BALTAZAR FERNANDES

Por volta de 1570 José de Anchieta aconselhou um homem por nome Baltazar Fernandes que andava mal encaminhado com uma mulher casada.

Mandou Anchieta que saísse desse mau estado e visse o estado de enfermidade em que se encontrava, tão disforme que só se viam olhos e dentes no rosto. Ao que o homem respondeu:

“Padre, morra gato, morra farto”. “Pois, desenganai-vos”, lhe disse o Padre, “que daqui a cinco dias vos hão de matar”. E assim foi que, dentro do dito tempo, o mataram com a própria mulher com quem estava amancebado, com escândalo público”.

Os assassinos, Domingos Luiz Grou e seu filho, passaram a viver ente os Caríjós, na região de Sorocaba. E Anchieta foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo.

PODER

Já leu ou ouviu sobre Afonso Sardinha? Se não, pare aqui e pesquise! Se sim, saiba que em maio de 1553, quando oferecendo-se Anchieta como refém dos tamoios em Iperoig, Sardinha estava presente. Em 1555 Sardinha casou-se com a filha de Domingos Grou.

Muito provavelmente Grou era oficial mecânico, uma vez que havia participado da construção da igreja dos jesuítas e, mais tarde, da igreja do Guaré, origem de Nossa Senhora da Luz. Deveria ser um sujeito temido, visto que Anchieta avisou que Domingos Luis estava acabando a Igreja, mas que os nativos se achavam meio amotinados, pois tinham medo dele. Taunay o chamou de “Tubalcaim” Paulistano, comparando-o ao primeiro ferreiro citado na Biblia.

Em 1562, ano do sangrento ataque a São Paulo, em 16 de janeiro, por falta de local, a Câmara reuniu-se na casa de Domingos Grou, tendo requerido ao capitão mor que ordenasse o recolhimento à vila dos moradores de seu termo, porquanto estava a caminho de uma guerraTerça-feira.

No mês de março de 1562, Domingos Luiz Grou foi nomeado capitão dos nativos, atendendo ao pedido dos membros do Conselho. Era uma determinação vinda de Mem de Sá, que estabelecia um responsável para assuntos relativos aos nativos. [6]

Em 19 de junho de 1578 intimou-se o único ferreiro da vila de São Paulo, para que, sob pena de dez cruzados, abstivesse de ensinar o seu ofício de ferreiro aos indígenas, “porque seriagrande prejuízo da terra.” [7]

Em 16 de agosto de 1586 “o procurador Francisco Sanches soube que Domingos Fernandes forjava no sertão. Os demais vereadores o teriam tranquilizado, alegando que “os Fernandes” eram os primeiros ferreiros de São Paulo e que este havia partido para a selva em companhia do governador Jerônimo Leitão, razão pela qual nada se poderia fazer.” [8]

FOI EM SOROCABA

Em 1727 o comerciante João Antunes Cabral Camelo registrou:

“Deste, ainda que conhecido, é de seis dias punicos de viagem até ao sítio em que deságua o Theaté o Sorocaba, não darei notícia alguma, porque não embarquei nele, e só por informação de alguns mineiros, que nele se embarcaram, sei que tem várias cachoeiras, e algumas perigosas, e entre elas um salto (...), por cair nele o venerável Padre José de Anchieta, e ser achado por nativos debaixo da água rezando o Breviário”. [10]

Em 15 de agosto de 1942 Américo de Moura publicou no Diário Paulistano:

“dois moradores de São Paulo, um dos quais nobre e conhecido, Domingos Luiz Grou, ambos casados e com filhos, foram implicados em um crime de morte. Fugindo à justiça, abandonaram com suas famílias a vila, desceram o rio e foram homisiar-se entre os nativos levantados, que os acolheram como parentes e amigos.

Ficassem as coisas nesses termos, teríamos talvez, como resultado dessa expedição, com antecipação de mais de um século, o surto de um povoado no sertão, a dezenas de léguas de São Paulo. Refúgio de criminosos a princípio, esse povoado poderia ir a ter grandiosos destinos.

Mas Anchieta previu do fato perigosíssimas consequências para os cristãos de Piratininga, e pôs-se imediatamente em ação. Intercedeu pelos fugitivos perantes os poderes do município, obteve para eles do juiz ordinário e dos vereadores carta de perdão e salvo-condulto, e, afim de recolher ao aprisco as ovelhas tresmalhadas, empreendeu a mesma jornada, embarcando para o sertão em companhia de outro padre, o secular Manuel Veloso e de alguns nativos cristãos”. [13]

Hernani Donato em 1993:

“A suas ordens, tinha o condenado numerosos brancos e índios, de forte espírito combativo e, sabendo-se necessário à defesa paulistana, condicionou a aceitação do perdão e seu subseqüente regresso a que o apóstolo do Brasil fosse buscá-lo. Se Grou fora homisiar-se naquelas paragens de Sorocaba, o fizera porque já, por ali, se navegava e morava”. [15]

Indígenas do planalto paulista, 2000:

“Quanto aos indígenas distantes, é possível que tenham vindo grupos do médio Tietê, com os quais os moradores de Piratininga estavam articulados. Foi nestas aldeias do médio Tietê, talvez no rio Sorocaba, que Domingos Luís Grou foi se refugiar, depois de cometer um homicídio”. [16]

Em “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração” (2008) de Benedito Antônio Genofre Prezia:

“Elas tornaram-se também locais de refúgio para os que praticavam assassinatos ou outros delitos graves, como se viu num episódio, ocorrido por volta de 1570, envolvendo a Domingos Grou, o primeiro capitão de Índios. Ao praticar o crime, fugiu com sua família para junto de uma comunidade indígena do médio Tietê, na região do rio Sorocaba.

Como estes indígenas estavam em conflito com os moradores de Piratininga, Anchieta decidiu buscá-lo, aproveitando para tentar fazer as pazes com este povo. A viagem foi acidentada, tendo o barco virado numa cachoeira, quando afundou parte a carga, juntamente com o missionário. Não sabendo nadar, Anchieta foi socorrido pelo jovem Tupi Araguaçu”. [17]

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Fontes/Referências:

[1] "SP na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa" p.157 / "Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo" Volume LVIII

[2] "Os Tupi de Piratiinga. Acolhida, resitência e colaboração" Benedito A. G. Prezia (2008)

[3] "A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos" 2005 / Anais da Biblioteca Nacional (RJ) - 1876 a 2018 p.44

[4] Go-betweens and the colonization of Brazil, 1500-1600 by Alida C. Metcalf, pgs 104-114, 138 / "Mãe, mestra e guia: uma análise da iconografia de Santa’Anna" Maria Beatriz de Mello e Souza

[5] "Milagres de São José de Anchieta" Jornal O São Paulo (03/04/2014) / TIRAPELI, Percival. Arte e ciência: o legado artístico da Companhia de Jesus. BRASIL, Jesuítas. Bicentenário da restauração da Companhia de Jesus (1814-2014), São Paulo: Loyola, 2014, p.90

[6] Na Capitania de São Vicente p.180 - Processos Anchietanos - carapicuibaconectada.blogspot.com / "Os Tupi de Piratininga. Acolhida, ressitência e colaboração" Benedito A. G. Prezia (2008) / Washington Luís p.180

[7] Eduardo Tomasevicius Filho / pt.rodovid.org/wk/Pessoa:1123360 / pt.rodovid.org/wk/Pessoa:1123472

[8] Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema, 2012. Eduardo Tomasevicius Filho. Página 40

[9] "Do massacre à canonização: Papa Francisco decreta santidade de 30 mortos por holandeses no Brasil há 372 anos" BBC Brasil 14/10/2017 - Revista da ASBRAP nº 3 p.26

[10] ALMEIDA, 1969, p.56 / “Relatos Monçoeiros”, 1953. Afonso de E. Taunay (1876-1958). p 114

[11] Relação da chegada que teve a gente de Mato Groco, e agora se acha em companhia do Senhor D. Antonio Rolim desde o Porto de Aratitaguaba, até a esta vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuyaba, 1754. Página 4

[12] Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Vol. XIX, 1897. Dr. José Alexandre de Teixeira Mello. Páginas 6 e 7

[13] “Domingos Luiz Grou”, Correio Paulistano, 15.08.1942. Américo de Moura

[14] Biblioteca Nacional, consultado em 22.06.2020. https://bn.gov.br

[15] Hernâni Donato (1993: 5)

[16] “Indígenas do planalto paulista” (2000) p. 171-172

[17] “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP

[18] “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”, 2014. Sérgio Coelho de Oliveira. Página 23

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