Em 1854 Francisco de Varnhagen afirmou [6] que o primeiro europeu a visitar o litoral brasileiro fora o florentino Américo Vespúcio, em viagem realizada em 1499 [4].
Embora pesquisadores respeitáveis, como o italiano Riccardo Fontana, continuem acreditando que a frota de Vespúcio aportou no Rio Grande do Norte, a maioria dos historiadores acha que ela esteve apenas nas Guianas e pouquíssimos são aqueles que concedem ao padrinho da América a ventura de ter sido o primeiro a colocar os pés na Terra Brasilis.
Os italianos tiveram profundas influências diretas e indiretas no "achamento" do Brasil. Em primeiro lugar, a própria Marinha portuguesa fora "fundada" por um italiano: em 1317, contratado pelo rei dom Diniz, o almirante genovês Manoel Pessagno (Peçanha para os lusos) chegou a Lisboa trazendo "20 homens sabedores do mar" para virtualmente ensinar os portugueses a enfrentar os perigos do "Mar Tenebroso" (o Atlântico). [2]
Portugal era "a varanda debruçada sobre o Atlântico". Mas os italianos, e genoveses, em especial, foram os primeiros a desafiar aquelas águas misteriosas. Em 1291, os irmãos Vivaldi ousaram cruzar as Colunas de Hércules (o Estreito de Gilbraltar), costeando parte da África. [1]
Pouco depois, Lanzarotto Malocello descobriu as Ilhas Canárias. A partir da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em maio de 1453 [3], capitais genoveses e florentinos foram investidos em Portugal. Sem aquele dinheiro, os lusos dificilmente teriam sido capazes de continuar a sua aventura ultramarina.
Três ricos mercadores italianos ajudaram a bancar a armação da frota de Pedro Álvares Cabral, que partiu para a Índia e, no meio do caminho, descobriu o Brasil. Eram eles os florentinos Bartolomeo Marchionni e Girolamo Sernigi e o genovês Antonio Salvago.
Dono de amplos canaviais na Ilha da Madeira, amigo do rei dom Manuel, Marchionni possuía uma fortuna calculada em 100 mil ducados e era tido como o homem mais rico de Lisboa. Sem o seu financiamento, Cabral não teria, talvez, chegado à India nem ao Brasil. [5] |