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Atualização: 01/11/2021 18:35:39


Em 1872 o Dr. Ferreira Braga, como promotor publico, empregou em combinação com o subdelegado de então, os maiores esforços para colhe-lhos (a seita dos feiticeiros) em pura perda. [1]

No dia 18 de maio de 1974 foi preso o preto Custódio, chefe da seita, que segundo conatava vinha praticando horrores. Queixava-se uma pobre velha de terem sido suas duas filhas vítimas dos sortilégios e instintos de besta de Custódio, pelo que se procedeu a corpo de delito.

Distribuiu ele uns bentinhos, externamente de couro, presos por um aro de arame, e contendo uma partícula de cêra amarela e duas pedrinhas que supomos ser verdete. Ministrou á vítima um cachimbo para aspirar, pretextando demonstrar que possue no estômago grande quantidade de aranhas, a vítima aspirou o narcótico, e soprando no tubo do cachimbo que já continha muitos desses insetos, saem eles com grande pasmo da infeliz que já sob a influência do narcótico, foi cevar os apetites sensuais do malvado. [2]


Em julho de 1877 em Sorocaba fôra barbaramente assassinada por Ignácio Antônio Alves, uma pobre mulher, sexagenária, de nome Anna Joaquina, moradora no bairro de Pirajibú (atual Aparecidinha). O motivo único desse atentado foi desconfiar Alves que a infeliz velha o havia enfeitiçado! [3]
Em 20 de março de 1929 um dos registros mais interessantes encontrado se refere á uma "preta chilena". A história foi publicada no Jornal "O Estado", de Santa Catarina. Sob o título "No mundo dos espertalhões: audácia de uma curandeira, uma série de originalidades", segue a integra da reportagem.

Os curandeiros, em Sorocaba, constituem uma classe que vive explorando abertamente a ignorância de muita gente, podendo-se citar mais de uma dezena desses tais, alguns até interessantes pelo lado perfeitamente comico do seu trabalho.

É uma classe enraizada na cidade e no município, proliferando, porém como elemento do lugar, sem semelhança com o nomadismo.

Essa circunstância, entretanto, não impede a intromissão, de quando em quando, de rivais precedentes de outras partes, e é de um desses que desejamos tratar para que fique constatada em letra de forma a audácia com que costumam agir, em flagrante atentado ás leis em vigor, pessoas vindas de outros países e dispostas a tirar todo o lucro permitido pelo atraso que domina, infelizmente, parte do elemento popular.

Apareceu em Sorocaba, vindo não se sabe de onde, uma preta, tronco de ébano humanizado, dizendo-se chilena, casada com um médico francês, de quem exibia uma fotografia, chamando sempre a atenção dos papalvos para a beleza e mocidade do seu marido, um parisiense genuíno.

Os incrédulos ignoram, é verdade, quem é a vítima cujo retrato ainda servindo de reclame á esperta curandeira.

A mulher aludida instalou o seu consultório, próximo ao bairro do Cerrado, e tanto fez em poucos dias, que a sua fama circulou com incrível rapidez, despertando a atenção, principalmente dos pobres caipiras.

Estes, quando visitavam a preta, ficavam convencidos do valor que ela apregoava, porque ali estava gente boa, da cidade, essa gente fina que não se deixa iludir, no entender dos matutos. E a macumba progrediu admiravelmente, transformado-se até em sanatório, destinado ao tratamento de famílias inteiras, mediante um contrato.

Vejamos o trabalho da preta: cura completa de todas as moléstias existentes, inclusive morphéa, tuberculose, loucura, cancro, etc., correção de defeitos físicos (havia corcunda entre os clientes); injeções em geral, operações, transfusão de sangue!

Para este último caso a curandeira mantinha no quintal da sua casa alguns carneiros. O sanatório possuia uma seção para a venda de preparados farmaceuticos e além disso o tronco de ébano vendia copos de tisana, para a ingestão na sua presença.

Departamento de propaganda: o retrato do seu marido, o médico francês; a sua longa prática adquirida no estrangeiro (a mulher citava Paris, Berlim, etc., como quem trata de Inhayba, Poá, etc.); os estudos que seguiu, no ramo da medicina; o grande conhecimento que tem do mundo e da humanidade (neste ponto parece que ela tem razão); o seu direito de exercer a profissão de médica no Brasil, devido á "carta branca" que exibiria no caso de ser incomodada por algum representante da lei.

Além disso, mais a esquisita, um camisolão de largas mangas, que tanto impressionava as vítimas, e a encenação da macumba.

A "chilena" dava-se, ás vezes, a originalidade, para maior êxito na caça aos ignorantes, e temos ciência de uma: a quantidade exagerada de velas espalhadas pelo campo, oferecendo singular espetáculo, á noite. Não disse o informante se a mulher rezava ou fazia passes nessa ocasião.

Poucos meses esteve a preta no Cerrado,mas nesse curto de tempo conseguiu ela muitos contos de réis e levou vida invejável, pois o bom prato, a fina bebida, a etiqueta fazem parte da sua existência, segundo afirmava.Pelo menos, frangos, perus, leitões, frutas, etc., não faltaram, graças é generosidade dos aspirantes ao milagre da exploradora.

O remate de tudo isso é que estragou a fama da curandeira: fugiu ela da vila Romano, caloteando meio mundo e deixando enfermos da mesma maneira os tolos que se deixaram seduzir pelas suas lábias. [4]


Uma reportagem publicada em São Paulo em dezembro de 1931 já no início exibe uma foto de Jão de Camargo fora de contexto, tendo sua legenda alterada. Acho que na época poucos tiveram como saber que era uma "fake news". Tive acesso á foto original graças a minha querida irmã, que, coiscidemente, presenteou ao acaso.

Segue a o conteúdo da publicação (no final tem uma surpresa:

"Obedecendo as determinações do delegado de Costumes e Jogos, dr. Pinto de Toledo Junior, o dr. Tavares do Carmo, delegado adido, prendeu durante a tarde, a “feiticeira” Maria Garcia Celsa, que já era conhecida da polícia, e que também usava os nomes de Dolores Garcia, Cerka Cobo, e Celsa Garcia Casilla.

Conduzida á presença da autoridade e interrogada, Maria Garcia confessou que se dedicava á cura de todos os males, por intermédio dos espíritos, sendo representante em São Paulo, do “feiticeiro” João de Camargo, o “santo de Sorocaba”.

Como era de conhecimento público, pelas reportagens que o “Diário Nacional” havia publicado sobre o assunto, João de Camargo gozava na vizinha de grande fama, nãe sendo poucos os crédulos que diariamente acorriam á sua casa, no bairro de Água Vermelha.

Dizia que “esse indíviduo” tinha maneira especial de impressionar seus fiéis. Recebento o cliente no seu consultório e conhecidos os males que o afligiam, o “santo” imediatamente agarrava um telefone e se comunicava com o céu... É sempre São Pedro quem o atende.

Com uma familiaridade invejável, Camargo “entaboiava” conversação, pedindo a seu “amigo” que consultasse Jesus Cristo, a respeito do consulente... A resposta vinha breve, e fácil era de se imaginar a atuação desse estratagema no espírito do incauto.

Maria Celsa era representante desse grande espertalhão, e conforme fazia questão de afirmar ao delegado, só dele recebia ordens e conselhos. O único remédio que prescrevia, era receita de João de Camargo: chá de qualquer coisa, três vezes ao dia, e fé em Deus.

Entretanto haviam apurado que Maria Celsa prescrevia toda a sorte de remédios, é dava consultas de todo gênero, cobrando avultads quantias. Assim, estava tratanto de Maria Ferro, de quem já havia recebido a importância de 500$000, deixando-a gravemente enferma, em consequência das beberragens que receitou; e ainda mais, prometeu mata-lá caso não lhe entregasse outros 500$000.

Outras vítimas a polícia havia descoberto indimando-as a prestar depoimento no dia seguinte. Maria Celsa, depois de autuada, foi posta em liberdade, em vista de assim a exigir seu estado de saúde. [5]


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Inacreditáveis e curiosas
“Sorocabanos” históricos
João de Camargo Barros
Assassinatos
Eventos que marcaram Sorocaba
Casos chocantes
Antônio José Ferreira Braga


Fontes/Referências:

[1] 01/01/1872
*O Dr. Ferreira Braga, como promotor publico, empregou de combinação com o subdelegado de então, os maiores esforços para colhe-lhos (a seita dos feiticeiros) em pura perda
Jornal O Cearense
[2] 18/05/1874
Preso o feiticeiro Custódio
Jornal O Cearense
[3] 01/07/1877
“Feiticeira” sexagenária assassinada no bairro de Aparecidinha
Correio da Bahia
[4] 30/03/1929
A curandeira chilena casada com um médico francês atraiu multidões em Sorocaba
Jornal O Estado/SC
[5] 05/12/1931
A prisão da "feiticeira de João de Camargo" em São Paulo
Diario Nacional: A Democracia ...


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