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Atualização: 04/11/2021 17:27:24


O título é fictício, mas o texto é baseado em registros reais. A palavra "cutia" se refere a abundância de preás. Acuti de A-cotí, é o indivíduo que se posta ou se assenta; alusão ao hábito do animal desse nome de se assentar para comer. Para os índios, este animal simboliza a imprevidência preguiçosa.

Existiu uma aldeia Carijó , sempre nomeada como Acutia/Koty. Ela é registrada pela primeira vez em 1549, pelo arcabuzeiro alemão Hans Staden, que descreve a chegada, ocorrida em 24 de novembro:

“(...) avistámos um pequeno navio que fugiu de nós e se escondeu por detrás de uma ilha, onde não o podíamos ver, nem saber que navio era (...) de tarde, veio uma grande embarcação com selvagens, que queriam falar conosco. Nenhum de nós, porém, entendia a língua deles (...) na mesma noite, veio mais uma embarcação cheia, na qual estavam dois portugueses.

Estes nos perguntaram de onde vínhamos. Respondemos que vínhamos da Hespanha. A isto replicaram que devíamos ter um bom piloto, que podesse nos levar ao porto, porque, apezar de eles bem o conhecerem, com uma tempestade destas não poderiam ter entrado”.

Quando ouviram isso, admiraram-se muito e agradeceram a Deus e disseram que o porto onde estávamos era a 18 léguas (86,9km) de uma ilha, chamada S. Vicente e lá moravam eles e aqueles que tínhamos visto com o navio (...)”. [1]


UM SINAL NA CRUZ

No dia seguinte, 25 de novembro de 1549, dia de Santa Catarina:

"Olhávamos de vez em quando, para ver se descobríamos alguma fumaça, porém nada vimos. Finalmente, pareceu-nos ver umas cabanas e para lá nos dirigimos. Eram já velhas, sem pessoa alguma dentro, pelo que continuámos até de tarde.

Então vimos uma ilha pequena na frente, para a qual nos dirigimos, para passar a noite por pensarmos haver ali um abrigo. Quando chegamos a ilha, já era noite; mas não podíamos nos arriscar a ir para a terra, pelo que alguns dos nossos toram rodear a ilha para ver si ali havia gente; mas não descobriram ninguém.

Fizemos então fogo e cortámos uma palmeira, para comer o palmito, e ficámos ali durante a noite. De manhã cedo, avançámos pela terra a dentro. Nossa opinião era que havia ali gente, porque as cabanas eram disto um indicio”.

TIROS PARA O ALTO

“Ao avançar, vimos de longe sobre uma rocha, um madeiro, que nos parecia uma cruz e não compreendíamos quem a podia ter posto ali. Chegamos a ela e achamos uma grande cruz; de madeira, apoiada com pedras e com um pedaço de fundo de barril amarrado e neste fundo havia gravadas letras que não podíamos lêr, nem adivinhar qual o navio que pUdesse ter erigido esta cruz; e não sabíamos se este era o porto onde devíamos nos reunir.

Continuámos então rio acima e levámos o fundo do barril. Durante a viagem, um dos nossos examinou de novo a inscrição e começou a compreende-la.Estava ali gravado em língua hespanhola: Si por acaso para aqui vierem navios de sua magestade, dêem um tiro e terão resposta.

Voltámos então de pressa para a cruz e disparámos um tiro de peça, continuando depois, rio acima, a nossa viagem. Pouco depois, vimos cinco canoas com selvagens, que vieram sobre nós, pelo que aprontámos as nossas armas.

Chegando mais perto, vimos um homem vestido e com barba que estava na proa de uma das canoas e nos parecia cristão. Gritámos a ele para fazer parar as outras canoas e vir com uma só conversar conosco. Quando ele chegou perto, perguntámos em que terra nós estávamos (...)”.

A aldeia onde moravam os selvagens chamava-se Acuttia e o homem que lá achámos chamava-se Johan Ferdinando e era Biscainho, da cidade de Bilba (Bilbao). Os selvagens eram Carios (Carijós) e trouxeram-nos muita caça e peixe, dandolhes nós anzóes en troca. [2]


COTIA E BISCAINHOS

É desconhecida até hoje, até pelos próprios indígenasA aldeia onde moravam os selvagens chamava-se Acuttia e o homem que lá achámos chamava-se Johan Ferdinando e era Biscainho, da cidade de Bilba (Bilbao). Os selvagens eram Carios (Carijós) e trouxeram-nos muita caça e peixe, dando lhes nós anzóes en troca. [3]


Um mês depois, em dezembro de 1549 é registrada a primeira notícia da descoberta de metais preciosos pelo biscainho João Sanches: “e na parte donde nós outros povoamos, os portuguezes encontraram muitas minas de prata muito ricas, e isto digo porque na minha presença fizeram muitas fundições, as quais todas enviam ao rei de Portugal para que logo mande povoar toda a costa”. [4]


Em 1551 Bras Cubas, um dos povoadores de Sorocaba, solicita notícias de Hans Staden : "Agora o Capitão Bras Cubas em Santos ordenou que investigássemos si ainda estáveis vivo, e quando soubéssemos que ainda vivia devíamos ver si eles vos queriam vender; senão devíamos ver si capturávamos alguns para trocar por vós". [5]


Em 25 de abril de 1562 Brás Cubas escreve ao rei de Portugal anunciando a descoberta de ouro e metais preciosos perto de São Paulo, “30 léguas de Santos”, em Bacaetava, Birácoyaba e Ivuturuna (Sorocaba). [6]


Em 18 de maio de 1566 Bras Cubas e ouro povoador de Sorocaba, o ferreiro Mestre Barthomoleu, demarcam essas terras com cruzes. O Mestre Barthomoleu, que, entre outros nomes, é citado como Domingos Grou, era genro do cacique Piqueroby, tem suas descendência profundamente enraizada na Sorocaba. [7]


Entre seus filhos: Domingos Grou, filho, Mecla-Açu (Maria Pires), Hilária Grou, Baltazar Gonçalves, velho, Maria Gonçalves, Brás Gonçalves, o velho, Luís Eanes Grou (velho), Marcos Fernandes, Catarina Gonçalves I.

Genros: Bartholomeu Bueno I, Belchior Dias Carneiro, Maria Alvares, Afonso Sardinha, o Velho, Margarida Fernandes, Alvaro Rodrigues.

Netos: Maria Luiz Grou, Amador Bueno de Ribeira, Jerônimo Bueno, Francisco Bueno, Andreza Dias, Antonio Dias Carneiro, Baltazar Gonçalves, o moço, Andreza Gonçalves, Maria Alvares, Afonso Sardinha "Moço", Brás Gonçalves, o moço, Baltasar Gonçalves Malio, Luís Eanes Grou, Ascenso Ribeiro, Francisca Alvares Martins, Clemente Álvares.

O mesmo registro considerado a criação oficial da Aldeia de A´Koty (do guarani Koty= casa/ponto de encontro) é o da na famosa restituição de terras aos povoadores de Sorocaba, ocorrida em 12 de outubro de 1580, o documento registra seu nome consta ao lado de João Ramalho. [8]


Em Araçoiaba o genro do Mestre, Afonso Sardinha, o "primeiro homem branco em Sorocaba", construiu os primeiros "engenhos de metais" do Brasil. Em 1600 dois deles foram comprados pela câmara da vila de São Paulo e um deles doado ao governador D. Francisco de Sousa, que ali criou uma capela ou ermida sob a invocação de Nossa Senhora de Monserrate. [9]


Em 1606 Clemente Alvares, mineiro prático e experiente, genro de Afonso Sardinha, registrou "(...) pelo próprio caminho geral do sertão antigo, na borda do campo, onde dizem teve Braz Cubas umas cruzes de pedras que até hoje estão (...) As minas de ouro que se descobriram nestes anos precedentes, na capitania de São Vicente, são: (...) Nossa Senhora do Monserrate, onde se encontram pepitas que pezam ás vezes duas e três onças; Buturunda ou lbitiruna, (...) montanhas de Berusucaba ou Ibiraçoiaba, abundantes em veios de ferro, não lhes faltando do também veios de ouro, que os selvagens cananéas tem por costume extrair". [10]


No mesmo dia que se inicia o "silêncio de 40 anos" na misteriosa vila Nossa Senhoras de Montesserate, atual Sorocaba e Araçoiaba é o mesmo dia que é criada a vila de Santa Ana das Três Cruzes em algum "lugar próximo": 1 de setembro de 1611. [11]
Cem anos depois a atual cidade de Cotia se consolidou junto à uma Capela de Nossa Senhora de Monte Serrate. [12]

Em agosto de 1977 foram descobertas as ruínas dos primeiros fornos siderurgicos do Brasil na Sagrada Montanha DO Araçoiaba, e após análise de especialistas, foi constado eram biscainhos (espanhóis)... [14]


Ouro em "Berusucaba" (01/01/1606)


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Fontes/Referências:

[1] 24/11/1549
Avistamos terra (Portugueses e nativos em canoas)
Hans Staden "Sua viagens e o c...
[2] 25/11/1549
Cruz e biscainhos
Hans Staden: suas viagens e ca...
[3] 01/12/1549
Espanhóis vivendo com carijós*
Obras do Barão do Rio Branco p...
[4] 01/01/1550
*Primeira notícia da descoberta de metais preciosos foi o biscainho João Sanches: “e na parte donde nós outros povoamos, os portuguezes encontraram muitas minas de prata muito ricas, e isto digo porque na minha presença fizeram muitas fundições, as quais todas enviam ao rei de Portugal para que logo mande povoar toda a costa”
"Bandeiras e Bandeirantes de S...
[5] 01/01/1551
*Encontro com Bras Cubas
"História verídica e descrição...
[6] 25/04/1562
Brás Cubas escreve ao rei de Portugal anunciando a descoberta de ouro e metais preciosos perto de São Paulo, “30 léguas de Santos”, em Bacaetava, Birácoyaba e Ivuturuna (São Roque)
"Bandeiras e Bandeirantes de S...
[7] 18/05/1566
"(..) o qual marco é uma pedra grande que está deitada desde seu nascimento, na qual foi feita por João Vieira uma cruz (..); outra pedra talada que assim talou o mesmo João Viera e fez outra cruz em cima; (...) ao pé de uma árvore grande (...) e foi feito pelo dito João Vieia como marco uma cruz; (...) sobre uma grande pedra que ali estava deitada, uma cruz foi feita pelo dito João Vieira e saindo do mato em uma rossa do Mestre Bartholomeu está uma pedra grande com umas pancadas de machado, foi feito uma cruz pela mãos do Sr Capitão Brás Cubas (...)"
Boigy "Cadernos da Divisão do ...
[8] 12/10/1580
Domingos Grou consegue a restituição de suas terras: São Miguel, então chamada aldeia de Ururaí, no sítio de Carapicuíba, foi doada aos índios de Pinheiros (6 léguas em quadro)
ALMANAK da Provincia de São Pa...
[9] 01/01/1600
*Sardinha, o moço, ainda teria construído dois engenhos para fundição de ferro em Araçoiaba, sendo um deles doado ao próprio governador
"SP na órbita do império dos F...
[10] 01/01/1606
*Quatorze locais com ouro: Nossa Senhora do Monserrate, Berusucaba ou Ibiraçoiaba, Montes de Sabaroason
"Bandeiras e Bandeirantes de S...
[11] 01/09/1611
Começa o silêncio: Moradores da Vila de Nossa Senhora de Monte Serrat sem mudam para o Itavuvu e fundam a vila de São Felipe e "Aparecidinha" começa a ser povoada
Memória Histórica de Sorocaba ...
[12] 01/01/1713
*Cotia se consolidou junto à Capela de Nossa Senhora de Monte Serrate
Patrimônio Natural e Cultural ...
[13] 01/01/1901
*“O Tupi na Geographia Nacional” foi lido pela primeira vez no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
“O Tupi na Geographia Nacional...
[14] 01/08/1977
Descobertas as ruínas dos fornos dos Sardinha / Fornos eram biscainhos (espanhóis)
JCS - Giuliano Bonamim (15/08/...


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