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Atualização: 06/10/2021 21:08:34 |
| Na cultura tupi o trabalho com a terra era tarefa das mulheres.[1] Entre os tapuias as mulheres se encarregavam da agricultura.[2] Hans Staden narra que as mulheres indígenas trabalhavam mais que os homens cabendo-lhes as tarefas de preparo da comida, fabricação de bebidas, vasilhames, redes, o cuidado das crianças, da plantação de mandioca e milho bem como a tecelagem[3].
Os homens tupinambás teciam redes para captura de inimigos e para a pesca bem como confeccionavam cestos de folhas de palmeiras enquanto as mulheres trabalhavam com a fiação de algodão, tecelagem de redes e fabricação de cestos trançados e junco e vime além de preparação de potes e vasilhas de barro.[4]
No Rio de Janeiro Jean Lery em sua obra "Histoire d´un voyage faict en la terre du Brésil" de 1578 se refere a “as mulheres dos nossos americanos também incumbem aos mais encargos domésticos, como o fabrico do pote para cauim, vasilhas, panelas redondas e ovais, frigideiras e pratos, os quais são tão bem vidrados por dentro, por meio de certo licor branco, que os não fazem melhores nossos oleiros.
Usam ainda desenhar nos vasos com tinta parda, pequenos ornatos de ramagens, lavores eróticos e outras galantarias, sobretudo no destinados a guardar farinha e outros mantimentos e direi que usam nisso maior asseio que a gente de cá, amiga de vasilhas de madeira. Nessas pinturas seguem a improvisação da fantasia; se lhes pedis que repitam um desenho já feito, não o fazem, tanto lhes vagueia livre a mão”. [5]
No século XVI Jean Lery destaca que a tarefa de fiar e tecer era própria para as mulheres, bem como eram hábeis oleiras.[6] Fiar e tecer a partir da fibra do algodão são ofícios das mulheres índias, com que eram preparadas cordas grossas para as redes como tecidos delicados como um colete que Lery levou para França e aqui foi tomado por seda. As mulheres tupinambás trabalhavam também como oleiras.
Os vasos de barro eram secados ao sol e depois cobertos com casca de árvore a que punham fogo de modo a cozê-lo de forma suficiente. Também faziam cestos tecidos de junco ou de palha.[7] Segundo Thevet, “as mulheres plantam o milho indígena e certas raízes chamadas etique (batata-doce), escavando com o dedo uma cova, como se usa entre nós quando plantamos ervilhas e favas”.[8]
Na sociedade polígama tupinambás descrita por Florestan Fernandes (na figura) a figura feminina era subserviente ao homem. Ao analisar as regras que orientavam o casamento, uma das mais importantes instituições dos tupinambás, Azevedo Fernandes[9] contestou tal perspectiva, na medida em que as mulheres tinham um papel central na escolha dos genro, aquele se tornaria o guerreio da tribo.
A participação das mulheres eram também central em outras atividades fundamentais para a tribo como nas atividades agrícolas, no preparo dos alimentos, confecção de potes de cerâmica e pela produção do cauim, bebida fermentada à base de mandioca, fundamental para as práticas rituais indígenas.[10]
Segundo Salete Neme: “Ao encarregar-se de todos os trabalhos hortícolas, desde o plantio e a semeadura até a conservação das roças, cuidando ainda da coleta de raízes e frutas, e de sua transformação em farinhas e bebidas, a mulher surge como elemento mais importante da produção sistematizada”.[11]
[1] SILVA, Rafael Freitas. O Rio antes do Rio. Rio de Janeiro:Babilônia, 2015, p. 316
[2] SOUTHEY, Roberto. História do Brazil, Rio de Janeiro:Garnier, 1862, v.II, p.44
[3] AGUIAR, Luiz Antonio. Hans Staden: viagens e aventuras no Brasil. São Paulo: Melhoramento, 1988, p. 54; RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora Nacional, 1979, p.14
[4] SILVA, Rafael Freitas. O Rio antes do Rio. Rio de Janeiro:Babilônia, 2015, p. 40
[5] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 76
[6] SOUTHEY, Robert. História do Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.1, p. 184
[7] SOUTHEY, Robert. Historia do Brasil, v. I. Rio de Janeiro:Garnier, 1862, p. 343
[8] THEVET, André. Singularidades da França Antártica a que outros chamam de América. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944. p. 217. (Coleção Brasiliana). Cf. MIRANDA. Carlos Alberto Cunha. A arte de curar nos tempos da colônia. Recife:UFPE, 2017, p.209
[9] FERNANDES, João Azevedo. De cunhã a mameluca: a mulher Tupinambá e o nascimento do Brasil. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2003.
[10] SANTOS, Georgina. Papéis passados: a história das mulheres a partir da documentação arquivística, 2020 Papéis passados: a história das mulheres a partir da documentação arquivística
[11] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.173 |
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