João da Palma, mercador Genovês residente em Lisboa, obteve em 1404, concessão de D. João I para plantar cana-de-açúcar no Morgado de Quarteira no Algarve. Em 1409, juntamente com seu filho Francisco da Palma e com Nicolau da Palma, beneficiou do “aforamento da horta junto ao muro de Loulé para plantação de cana-de-açúcar”, no entanto a dificuldade em se conseguir água em abundância impediu que a cultura se generalizasse.[1]
Por volta de 1420 os portugueses iniciam o povoamento da ilha da Madeira qual João Gonçalvez Zarco dividiu o arquipélago com Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestelo. Em 1433 o rei D. Duarte doou as ilhas, como uma espécie de feudo a seu irmão D. Henrique, que adotou um sistema de capitanias hereditárias, modelo que mais tarde seria usado no Brasil.[2]
O primeiro engenho de açúcar português foi construído por Diogo Vaz de Teive, escudeiro do Infante D. Henrique, na ilha da Madeira em 1452 com canas vindas da Sicília[3]. A notícia da Crónica de Nuremberg, de Hartman Schedel (1495), informa que a ilha da Madeira "produz vários frutos, principalmente a cana sacarina, que traz à ilha consideráveis lucros, inundando a Europa de ótimo açúcar, que é conhecido por açúcar da Madeira".
Em 1498 o rei D. Manuel impôs uma restrição para as exportações vindas da Ilha da Madeira para atender as reclamações dos portugueses.[4] Portugal procurou atrair tanto judeus quanto flamengos para o arquipélago, mediante a distribuição de terras. Varnhagen confirma que vieram da Ilha da Madeira os operários especializados na indústria mecânica agrícola do açúcar.[5]
A tecnologia dos engenhos de açúcar no Brasil foi trazida pelos portugueses da Ilha da Madeira segundo o livro "As Ilhas de Zargo" do padre madeirense Eduardo Pereira.[6] Duarte Coelho em 1549 declarou ter enviado a Portugal, Galiza e às Canárias homens práticos “às minhas custas e alguns que vêm a fazer os engenhos”.[7]
Joel Serrão no Dicionário de História de Portugal e do Brasil mostra que a ilha da Madeira serviu como campo experimental para a grande indústria do açúcar que viria a ser instalada no Brasil.[8]
[2]MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta da China , 2016, p.56
[3] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.307; FURTADO, Celso. Criatividade e dependência na civilização industrial, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978, p. 141
[4] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.10
[5] VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 195
[6] MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta da China , 2016, p.56
[7] CALMON, Pedro. História da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 37
[8] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.157