Aquele que mais se dedicou a história de Sorocaba foi Luiz Castanho de Almeida, codinome "Aluisio de Almeida". Sem o caminho aberto e traçado por ele, seria impossível transpor a "selva" de eventos que foi a fundação da cidade.
Um dos "mistérios" quanto a fundação de Sorocaba é a primeira capela construída e que o "fundador" doou aos beneditinos. Quase nada se sabe dela. Porém são muitos os documentos que comprovam a existência de uma capela em Sorocaba antes do estabelecimento da família do "povoador" e "fundador" da cidade, mas não no local que conhecemos.
Ao contrário do que muitos pensam, a palavra "Sorocaba" na denominação do local só viria no dia 5 de fevereiro de 1842, ano histórico, pouco antes de eclodir a Revolução Liberal e mais quase 200 anos depois da sua "fundação", quando foi elevada à condição de cidade com a denominação “Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba”.
Sorocaba não foi inicialmente batizada como Sorocaba e nem como "Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba", mas sim e apenas como "Nossa Senhora da Ponte". A padroeira da cidade primeiramente foi Santa Ana, imediamante alterada para "Nossa Senhora da Visitação" quando os beneditinos chegaram na cidade para cumprir o "testamento" do "fundador".
O título Nossa Senhora da Ponte é único no Brasil, só existe aqui! Existe uma hipótese de que o título se deveria à própria ponte de Sorocaba, existente no lugar. Aluísio de Almeida discorda:"Tem contra si que a capela foi ficar a um quilômetro da ponte e em 1660 o topônimo era sômente "paragem de Soracaba"; em 1654, quando êsse nome sonoro surge escrito no primeiro documento existente, era fazenda, sítio de Sorocaba. Teriam escrito "da ponte de Sorocaba".A festa da padroeira de Sorocaba foi em homenagem a "Nossa Senhora da Visitação" até 21 de novembro de 1924. Apenas em julho de 1960 o Papa João XXIII declarou oficialmente Nossa Senhora da Ponte como Padroeira da Cidade.O marco da fundação da cidade de Itu foi à construção, em 1610, de uma capela devotada a Nossa Senhora da Candelária, no lugar em que hoje fica a Igreja do Bom Jesus. Esta capela foi construída por Domingos Fernandes e seu genro, Cristóvão Diniz.Eles receberam por sesmaria em 1604, a posse das terras dos campos do Pirapitingui. Em 02 de Fevereiro adotou-se o dia com data de aniversário de Itu, por coincidir com o dia de Nossa Senhora da Candelária.
Na Internet encontram-se documentos que tentam, invão, corrigir ou preencher lacunas, o que na minha opinião é quase impossível. São muitos os documentos, centenas e centenas, seria uma tarefa interminável tentar alterar o entendimento da história assim.
Vejamos a genealogia de "Antonio Vaz Guedes e Margarida Correa", diga-se de passagem, "atualizada em 06-abril-2019":"(...) Francisca Cardoso casou pela segunda vez aos 24-08-1679 em Sorocaba com o Cap. Domingos, em Sorocaba, igreja N.S. da Ponte (...)"São dois erros gravíssimos. Não estou sendo "implicante". Vejam bem, esses documentos mesmo que digitalizados, são vistos pela maioria do público como documentos, registros confiáveis. O correto seria:"(...) Francisca Cardoso casou pela segunda vez aos 24-08-1679 na vila de "Nossa Senhora da Ponte" com o Cap. Domingos, igreja Nossa Senha da Visitação (ou capela de Santa Ana) (...)"15 DE AGOSTO DE 1607Lamentável Aluísio de Almeida não estar mais "entre nós" quando um dos documentos mais elucidativos para preencher as lacunas existentes na história de Sorocaba foi descoberto. E parece passar despercebido pelos historiadores e pesquisadores.
No ano de 2014 pelo frei José Carlos Camorim Gatti, prior do Mosteiro de Sorocaba, encontrou entre os guardados do convento um documento que teria sido recebido por D. Tadeu.Trata-se de um relato histórico do Mosteiro, produzido em 1732, abrangendo o período de 1660 e 1772, pertecente à Biblioteca Real da História Portuguesa, Porto, em Portugal. Ele começa assim:
Notícias que pertencem a este Mosteiro de Nossa Senhora da Visitação da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba da Ordem do Patriarca de São Bento, as quais ordena o rei, nosso Senhor, se mande a Academia Real da História Portuguesa.
O documento de 14 páginas, encontramos na penúltima delas uma informação definitiva, pois foi produzido em 1732: "(...) não há capela alguma, nem este mosteiro a nem nesta vila, mais em parte alguma."Então aonde estaria? Que capela foi que o "fundador" doou aos beneditinos?Analisando os inventários e testamentos dos primeiros moradores de Sorocaba e Itu, encontramos a capela construída no Itavuvu sob a invocação de "Nossa Senhora da Assunção" durou bastante tempo.Luiz Castanho de Almeida, diz em seus textos que a primeira capela de Sorocaba foi no Itavuvu:“Uma Santa Cruz coberta, sim lá estão hoje, com casas mais modernas, como que duas ruas em ângulo reto e num dos lados a capela, sucessora de outra que também não era a primeira. Deve ter havido um rancho para uma cruz, pelo menos”.Ele estava certo. São muitos os registros e registros que confirmam a existência de uma "Nossa Senhora" aqui na região. Casamentos, batizados, atestados de óbitos, testamentos e inventários que citam a "Nossa Senhora da Assunção" constam em muitos dos documentos analisados.Aluisio acha que essa primeira capela poderia ter sido idealizada ou construída durante as visitas do governador D. Francisco, entre 1599 e 1600, sendo assim, a padroeira "Nossa Senhora de Montserrat". Os registros apontam para o dia 15 de agosto de 1607, quando inaugurou-se alí uma "tenda de ferreiro" e escolheram como padroeira a "Nossa Senhora da Assunção".A foto é do jovem Alusio de Almeida é de Luiz de Almeida Marins, consegui no acervo do Antônio Carlos Sartorelli
