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Mistério sobre o túmulo na Faculdade de Direito de SP passa por Sorocaba
20/08/2021 04:22:30

Em forma de um pequeno obelisco, o túmulo é um monumento inusitado em um pátio interno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, centro de São Paulo. A lápide revela a identidade: Júlio Frank, como se tornou conhecido no Brasil o intelectual alemão Johann Julius Gottfried Ludwig Frank.

Nas primeiras décadas do século XIX, Alexandre I, Czar de Todas as Rússias, abriu um a luta contra as sociedades secretas que ascendiam pela Europa as faíscas das revoluções. Um de seus grandes auxiliares nessa cruzada era o escritor Augusto de Kotzebue, alemão de nascimento, Consul Geral do Império Moscovita em Koenigsberg, fundador da famosa "Semana Literária".

Atacavam veementemente as idéias avançadas e os homens de letras que as propagavam, sobretudo os estudantes e confrarias secretas das universidades. Tamanho ódio de Goethe por esta campanha, que o profetizou a morte.

No dia 10 de maio de 1819, um jovem estudante chamado Carlos Luís Sand, natural de Wunsiedel na Francônia, que havia sido sorteado pela Burschenchaft, uma sociedade secreta, assassinou o Consul com um punhal.

Luís Sand tentou imediatamente se suicidar, pois sabia que dali, não teria como fugir. Porém, não conseguiu e foi preso em flagrante, com ferimentos leves, causados por ele mesmo.

Seu julgamento foi realizado as portas fechadas no dia 10 de novembro de 1819, e numa verdadeira atmosfera de terror os juízes o condenaram a morte. No entanto, adiaram a execução, o que motivou enérgicos protestos e por fim um verdadeiro ultimato do Imperador da Rússia.

Os trabalhos em favor do réu foram intensos, de forma que se decidiu fingir uma execução, a fim de contentar Alexandre I. Anunciaram a execução para as nove horas da manhã de 20 de maio de 1821, num campo às portas da cidade, quando o povo ali chegou para assisti-la, teve a noticia de que fora feitas ás seis em ponto e somente encontram algumas manchas de sangue. E um enterro foi realizado.

Em 14 de julho de 1821, segundo registros do Arquivo Nacional, desembarcava no Rio de Janeiro um jovem passageiro clandestino, vindo num barco do porto de Hamburgo com o nome de Júlio Frank.

Paupérrimo, sem que ninguém o conhecesse, sendo logo preso na fortaleza da Lage, por queixa, ou coisa semelhante, do comandante do navio, que o trouxe, por haver embarcado furtivamente [5].

Depois ficar um tempo preso, foi posto em liberdade. Logo, em 13 de novembro de 1823, chegava á Guanabara a fragata Russa "Enterprise", destinada a explorar os mares austrais, sob o comando de Oto de Kotzebue, filho do escritor assassinado em Mannheim, e ficou 25 dias na cidade, hospedado em Botafogo.

Assombrado por essa presença, Júlio Frank retirou-se para a província de São Paulo, foi para o interior, exatamento para Ipanema [5] e depois chegando a miséria na, então chamada, vila de Sorocaba.

Apareceu Frank descalços e somente com a roupa do corpo. Divertia-se em chamar escolares e ajudá-los nas lições. Teria dado aulas de francês, inglês, italiano e latim quaisquer que fossem.

Empregou-se como caixa numa venda (estalagem), e foi despedido por não dar sossego às garrafas de álcool, a latas de passas e azeitonas.

Preciosas notas recolhidas por um "Velho Sorocabano", Lopes de Oliveira, de parentesco com o Dr. Francisco de Assis Vieira Bueno, discípulo de Frank, habilitam-nos a apreciar até o tipo físico do professor "alemão".

"Frank de estatura mediana, cabelos louros, de olhos azuis, usando barba. Andava sempre de mãos cruzadas sobre as costas, palmas abertas, dedos entesados. Muito supersticioso, prestava atenção a crendices e práticas indígenas, nem se furtava a sessões de magia negra".

O relacionamento com o senador Nicolau de Campos Vergueiro, manda-chuva em Sorocaba e grande maçon, teria começado ou se aprofundado neste momento da história. Nicolau Vergueiro o recomendou ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, então presidente da província, para que este fosse nomeado professor de filosofia e história universal do Curso Anexo da recente Faculdade de Direito.

Nomeado sem nenhuma evidência de seus conhecimentos ou virtudes, se tornou líder prestigioso da mocidade. Julius Frank foi um criador da "Bucha", uma sociedade secreta que chegou a ter presidentes e ministros como afiliados.

O historiador Felício dos Santos em "Casos reais a registrar" afirma: "a maçonaria acadêmica de São Paulo, a misteriosa bushhafft, fundada pelo professor de História, Dr. Frank, jacobino alemão emigrado para o Brasil depois do célebre assassinato de Kotzebue.


Túmulo de Júlio Frank


Júlio Frank


Registro da chegada de Júlio Frank


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[1] Felício dos Santos
[2] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=19825
[3] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=7810
[4] https://brasilbook.com.br/r.as...
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[8] Edison Veiga - De Bled (Eslovê...


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