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Atualização: 27/09/2021 02:56:30


Em 1906 João de Camargo, já com 48 anos, foi trabalhar na Olaria de Elias Monteiro. A vida dele nestes tempos não deveria estar às mil maravilhas. Todo escravizado depois da libertação era mão-de-obra barata, porque não sabia ler nem escrever e estava distante do paternalismo em busca de uma identidade própria.

A vida trabalhista de Nhô João foi confusa, instável, mudando sempre de ofício e de patrão. Existem registros de que ele foi ajudante de Júlio Ribeiro no seu jornal, um dos periódicos da cidade. Foi contratato na época para rodar a manivela da impressão.

Algumas referências sobre João trabalhador não esqueceram sua tendência ao alcoolismo. Também relataram que ele nunca mentia e era muito submisso às ordens do patrão. Quando alguns dos patrões o maltratavam, ele ia à noite para casa bêbado. Tinha por hábito encostar num balcão de bar e ficava horas bebendo. Esteve assim até receber a missão de edificar a Capela Bom Jesus do Bonfim.

João de Camargo, segundo um de seus primos, "Dito", curava antes da visão. Mas oficialmente tudo se iniciou quando Nhô João sapira à tarde do trabalho e passou por uma mercearia, como de costume, que ficava onde hoje é a rua Barão de Tatuí, e encontrando conhecidos e amigos, começou a beber.

Um tempo de chuva se formava e relâmpagos anunciavam a tempestade. João, acoolizado, disse a todos que iria embora. As pessoas assustadas foram contra a sua partida já que a chuva forte estava para começar.

Ele deu adeus a todos e subiu pela estrada da Água Vermelha enfrentando raios e trovões. Em algum ponto próximo ao córrego da Água Vermelha onde ficava a cruz de Alfredinho ele caiu e talvez tenha até adormecido pelo estado alcoólico em que se encontrava. João de Camargo caiu no chão duro e perdeu os sentidos por segundos, minutos, horas, ninguém soube com certeza.

Ele contara aos amigos no bar depois que retornou do local de onde saíra, que ao som dos trovões não ficou com medo, ouvia uma voz suave que dizia: "João, sou eu quem te faz todas as tardes acender velas nesta cruz fincada no teu caminho para teres os conhecimentos necessários a fim de cumprires uma sagrada missão".

João assustado perguntou à voz: "Qual é a missão?"

- Mais tarde vais saber! (a voz confirmou).

João novamente insistiu: "Que devo fazer? Não tenho conhecimento algum. Sou um homem rude."

- Sei de tudo isso, serei teu guia. Jura que farás tudo o que te ditar - disse a voz misteriosa.

João voltou assustado ao bar, onde há horas estivera entre amigos e conhecidos e ao falar para todos narrou também as mensagens que aquela voz quis expressar.

"João, não fique assim perturbado! Sou um emissário de Deus. Venho ensinar-te o caminho do bem e da caridade. Deve cumprir sua missão. Sai destas matas, volta agora mesmo de onde saíste defronte ao regato da Água Vermelha, alí onde saíste do barulho da cidade e levanta um altar para os necessitados".

João teve a visão. Viu Alfredinho e sua morte trágica entre relâmpagos e gritos, sons se misturavam com lembranças e visões sem formas concretas. Nesse momento a visão foi se tornando intensa sobre sua alma.

Ele quis fugir e não pôde. Segundo sua versãoaos amigos do bar teve contato espiritual com um menino sorrindo que lhe falou suavemente: "João, eu sou o te protetor. Não tenhas medo. Faça tudo o que eu te ditar."

E neste momento, o menino Alfredinho pediu a João de Camargo que erguesse naquele local uma Capela. João, a partir desta data, deixou a bebida e passou a ser um missionário livre de seitas e de dogmas, mas capaz de ter compaixão da dor e da miséria humanas.

Fonte: "O Solitário da Água Vermelha" p. 22/23/24/25


João de Camargo* (01/01/1931)


João de Camargo* (01/01/1920)


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