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“Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”. Luís Castanho de Almeida (1904-1981)
21 de dezembro de 1964



Da passagem de nativos dos grupos tupi por Sorocaba, em seu nomadismo, a certeza é completa. Deles restaram os topônimos: Sorocaba, terra de vossorocas; (...) Itapeva, pedra chata, primeiro nome da serra de São Francisco; Itavuvú, de Itapevuçú, pedra chata grande. (...) (Página 336) [0]

Na página 336 da obra “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”, publicada em 21 de dezembro de 1964 por Aluísio de Almeida encontramos:

De passagem de índios dos grupos tupi por Sorocaba, em seu nomadismo, a certeza é completa. Dêles restaram os topônimos como “Nhonhom” e “Nhu-nhu”, campo ou campina. Ipanema, "água ruim ou tal", em comparação com o rio Grande.

O morro do Araçoiaba com minérios de ferro em formação granítica, compreendendo talvez cinco léguas em sua extensão, a julgar pelo significado, foi denominado do litoralpara o sertão ou, o que é provável, pelos que tiveram a sua maloca na margem do Ipanema, na aba oriental. Esconderijo do dia, lugar onde se esconde o sol. [“Memória Histórica de Sorocaba” Parte I, 1964. Aluísio de Almeida. Página 336]

Os limites dos vários grupos tupí-guaranís, embora mais diluídos que as fronteiras estaduais, existiam. Sorocaba era, já então, uma encruzilhada aonde convergiam, por onde viajavam e se limitavam, os tupís do Tietê, os tupiniquins e guaianazes de Piratininga, os carijós dos campos de Curitiba, os guaranís do Paranapanema e outros guaianazes, talvez, das nascentes dêsse rio. Não foram encontradas, que se saiba, setas, machados de pedra e outras peças pré-históricas. Parece mesmo que não houve tabas no perímetro urbano. [Página 337]

O primeiro branco era o português Afonso Sardinha, que depois de residir em Santos passou para São Paulo, erguendo o seu solar no Butantã (hoje Casa do Bandeirante), onde tinha o seu trapiche, isto é, engenho de açúcar.

Foi entrando para o sertão, à procura de ouro e prata, pelo Tietê abaixo, tendo principiado no Jaraguá. Do Ibituruna (junto a Pirapora) obliquou para a serra do Piragibú tomando como referência um morrete isolado o Aputribú.

Daí avistou a linda montanha ao poente. Descendo pelo vale do Pirajibú ao campo de Pirapitinguí deixou, à direita o depois chamado bairro do Varejão (nome de família de um sitiante do século XVIII) no atual município de Itú, atravessou o rio Sorocaba, ou na atual rua 15 ou na barra de Pirajibú, e semente três.

A data mencionada por Pedro Taques, 1589, é apenas aproximada, pois inclui a exploração nos outros pontos mencionados. Bateou algum ouro até o século passado se encontrava em quantidade pequena em muitos rios da região e viu um minério de reflexo metálico que julgou ser prata e, enfim, fazendo roçar uma clareiro no ribeiro das Furnas que subiu até as fontes, deu a primeira martelada em minério de ferro no Brasil.

Pelo costume; seus guias e companheiros índios conheciam os lugares e os nomes. O "mineiro" ou técnico de minas, que o acompanhava, era Clemente Álvares. Enfim, estava junto com êle o. filho natural, quase que certamente, Afonso Sardinha-o-Moço,. mesmo porque êle já estava sexagenário. Ambos se.dedicavam ao bandeirismo de mineração.e de caça ao índio; sendo assinalada sua presença por êsses anos nesse imenso sertão que vai do Tietê a Paranaguá e ao Rio Paraná.

Tendo "limpado" de nativos da proximidades do Araçoiaba, e localizado as minas de ouro, prata e ferro, não fundaram propriamente um engenho ou forninho catalão, nem naquela data nem depois, conforme repetiram os cronistas e historiadores duzentos anos por um equivoco de Pedro Taques.

Porém, nada mais certo do que ser o Araçoiaba o marco número 1 da siderurgia nacional, pois o minério foi reconhecido antes do de Morro de Pilar (Minas Gerais) e, para isso era mister um malho, uma pequena bigorna, fole e, talvez um dos escravizados africanos que o velho Sardinha foi o primeiro a introduzir e São Paulo.

Na África o minério era trabalhado em instalações muito rudimentares. Aliás, ferro para comércio não foi produzido.

Descobertas as minas, pela legislação (Ordenações Filipinas confirmando, as Manoelinas) devia o felizardo comunicar à autoridade, que distribuiria os lotes. Parece que Câmara de São Paulo demorou a enviar um portador à Bahia. Somente em 1597 recebeu a grata notícia o Governador Geral.

D. Francisco de Souza, por alcunha D. Francisco das Manhas, encontrara-se em Madri com Gabriel Soares de Souza, negociante na Bahia, autor do Tratado Descritivo da Terra do Brasil, irmão de Pero Coelho de Souza que procurava prata e outro na lendária Sabarabuçú, tendo falecido na volta cem léguas da capital. De posse to roteiro do irmão, Gabriel conseguira favores de homens e título para governá-los, vindo a naufragar em Pernambuco, em 1591. D. Francisco, tomara posse de Governador nesse mesmo ano e em 1592 auxiliou Gabriel Soares a reconstituir a expedição, na qual Soares também morreu. Todos iam morrendo no sonho da Sabarabuçú, como repete em ritornello Paulo Setúbal. [“Memória Histórica de Sorocaba”, parte I. Aluísio de Almeida. Páginas 337, 338 e 339]

Havia moradores dispersos, desde que nada se encontrou. O mapa da navegação do Tietê por Dom Luiz de Céspedes Y Xeria em 1628 denomina Sarapuí ao rio Sorocaba, e diz que rio acima há povoadores. Eram os remanescentes de Araçoiaba e Itavuvú. [Página 340]

Em 1617, Domingos, que era menos sertanista, estabeleceu-se em Itú. Em 1634 estavam os três irmãos reunidos junto ao leito de morte da matrona Suzana Dias assistida porum vigário castelhano, que o fôra da desbaratada Vila do Guiará, povoação de castelhanos à esquerda do rio Paraná e junto a um ribeiro, perto das Sete Quedas. No ribeiro havia uma ponte que se atravessava para chegar a uma devota ermida de Nossa Senhora. Como aqueles brancos viviam do trabalho dos índios na coleta do mate nativo, com a escravização e destruição dêles, pagãos e cristãos, pelos paulistas, abandonaram a sua pobre cidade, matriz e ermida, muitos dêles, com o vigário, fixando-se em Parnaíba, com os teres e os penates, isto é, as imagens, com é curial supor. [Memória Histórica de Sorocaba: Parte I, 1964. Aluísio de Almeida. Página 342]

Como em 1654 já o testamento de sua mulher menciona a sesmaria do Aputribú e em 1660 aí residia um de seus genros, Manuel Bicudo Bejarano, é de crer que já tivesse colocado a escravaria na lavoura nesse local e enviado alguns para o curral de gado na paragem de Sorocaba, pois não imigraria com tanta gente sem preparar ao menos uns ranchos. Estava se despegando de Paranaíba, onde em 1648 falecera a filha Isabel, mulher de Diogo do Rêgo e Mendonça, e sentia-se, posto que septuagenário, com ânimo de fundar uma cidade em suas terras. Espicaçara-o a elevação à vila, no ano de 1653, da paróquia de Itú, fundação de Domingos e desejava imitar a André, atraindo os monges de São Bento.

De repente os acontecimentos se precipitam. Todos os cronistas dão o ano de 1654 para a chegada do Fundador com a sua grande família. Mas em 1960 foi descoberto no Arquivo Público de São Paulo o testamento de Isabel de Proença, a segunda esposa, feito em novembro de 1654, o qual se refere à casa grande e a igreja (sic) da fazenda.

Damos a hipótese arrojada de ser esta ponte já de 1599. Em todo caso, levaria mais de um ano para construir, e aquele testamento a menciona. Os escravizados sob direção do Fundador teriam, pelo menos, vindo construí-la antes da mudança. [Página 343]

Baltazar Fernandes fixou-se em sua casa à beira do córrego Lageado em sua foz no rio Sorocaba, em 1654. As ruínas que lá estão hoje são de taipa de pilão, mas muito velhas, possivelmente do século XVII. Se êle mesmo, com os mesmos índios que pilaram a capela, não construiu esta_ outra, pelo menos ela está no mesmo local.

Com água tirada do córrego fêz mover a roda do seu moinho de trigo, de que foi o primeiro plantador, da mesma sorte que trouxe mudas de vinha. Para o passadio dos índios, mandioca. Para vestes grosseiras, algodão arbóreo. Além do gado vacum, o suíno e talvez o ovelhum, que era uma tradição em São Paulo, servindo a lã para cobertores, peças de arreios, chapéus de feltro. Não há certeza. Não se fala em milho e feijão, talvez por ser evidente que deviam plantar êsses mantimentos.

A capela de Nossa Senhora ou igreja é a mesma dedica da a Santa Ana e popularmente chamada de São Bento, e a doação dela aos Padres de São Bento postulava a construção das celas junto k mesma. Até agora o convento nunca foi reconstruído e a linha da sua fachada é a mesma da igreja. Esta andou em obras muito tempo, mas as paredes, a madeira, a estrutura, tudo leva a crer que o arcabouço se conservou. "Nesta paragem de Sorocaba, onde tem sua fazenda e igreja", diz o inventário de 1655.

Ora, naquela época, o vigário é que ungia os seus paroquianos, mesmo que houvesse outros padres, como havia na sede os dois beneditinos. É claro que podiam vir todos os três. Mas não abandonariam a vila assim pelo menos por cinco dias, bastando um. É portanto, extremamente provável que o sobrinho do Fundador, mesmo por uma questão , de amor ao sangue, tivesse dito a primeira missa na capela de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, "da paragem de Sorocaba". Ano exato, 1654.

Cremos ter sido a 21 de novembro, dia de Nossa Senhora da Apresentação, que foi o dia da festa da Padroeira até 1925. Coincidia a doença e testamento da tia em 28 do mesmo mês. Em fins de março de 1655 ela jaz na igreja de São Bento, na capela-mor. Na igreja, por não haver outra para ser o jazigo dos fundadores, e na capela-mor, por ser quem era. Eis aí como se obtém certeza moral, a única possível, raciocinando. Em ciências experimentais, o método é diverso.

Não havendo o atestado de óbito, resta lugar para a chicana, pois não era possível que levassem o corpo em dois ou três dias, com mau cheiro, a Parnaíba, contra a vontade da testadora, que desejava sepultura onde morresse, como era impossível que a levassem a falecer em Parnaíba...

Com o fundador veio a imagem de Nossa Senhora da Ponte, que é alta, mas de roca ou vestir, isto é, cabeça e pescoço, duas mãos e o Menino Jesus em peças separadas, fáceis de transportar, armar e revestir, o vestido cobrindo o lugar onde seriam os pés. Os títulos e invocações marianas são centenas, acaso milhares. Poucos tem origem num mistério litúrgico ou num fato da vida de Nossa Senhora.

(...) Além de outras origens, muitos vem de topônimos. No Rio Lima, no Minho, no século XVI havia uma capela de Nossa Senhora da Ponte, junto à ponte. No Recife, pelo mesmo motivo topográfico, uma Nossa Senhora da Conceição da Ponte.

Balthazar teria na família uma cópia destas. Mas as feições da escultura parecem castelhanas. Documentalmente, em Vila Rica do Guairá houve uma Nossa Senhora junto de uma ponte. Suponhamos que essa capela seja da família Torales e Riquelme de Gusman (...) família da primeira mulher de Balthazar. [Páginas 344 e 345]

A terceira hipótese (quanto ao título Nossa Senhora da Ponte) é que se deveu à própria ponte de Sorocaba, existente no lugar. Tem contra sí que a capela foi ficar a um quilômetro da ponte e em 1660 o topônimo era somente “paragem de Sorocaba”: em 1654, quando esse nome sonoro surge escrito no primeiro documento existente, era fazenda, sítio de Sorocaba. Teriam escrito “da ponte de Sorocaba”.

O que paira acima das hipóteses é a interpretação mística já desenvolvida por frei Agostinho de Jesus cerca de 1709; Nossa Senhora é a ponte que liga o céu e a terra. Penso que a escolha do dia 21 de novembro para a festa litúrgica é por analogia com a Nossa Senhora da Escada, que festeja nesse dia.

De 1654 a 1660 e dois primeiros meses de 1661, sabe-se que vieram povoar Sorocaba: Baltazar Fernandes, casado com Isabel de Proença, cêrca de 370 administrados índios, três filhas solteiras, Mariana, Custódia e Verônica, os netos ainda menores Pedro e Francisco, filho do já falecido Antônio Fernandes de Abreu, os filhos menores Manuel e Luís.

Gabriel Ponce de Leon, casado com Maria de Torales, geralmente tida como filha do primeiro matrimônio de Baltazar e talvez apenas enteada, segundo Américo de Moura e Carlos da Silveira. Morreu em 1655, depois de maio.

Capitão André de Zunega Y Leon, filho do casal Gabriel e Maria, era casado com Cecília de Abreu, sua tia consangüínea ou afim, filha de Baltazar e Isabel. Mas em 1650 estava no sertão.

Pedro de Miranda, viúvo de Isabel, filha do fundador, com dois menores: João e Pedro. Este casou com Maria Diniz. Manuel Bicudo, casado com Potência de Abreu ficou com o seu sítio no Aputribú, às vêzes considerado dentro dos limites de Sorocaba, as vêzes de Itú, enfim tornando a Parnaíba. Em 1650 êle estava no sertão. Diogo do Rêgo e Mendonça casou com Mariana de Proença, 10a. filha de Baltazar, antes de 1661.

Bartolomeu de Zunega Y Leon, casado com Verônica Dias, depois de 1655. Manuel Fernandes de Abreu, casado com Maria Bicudo de Mendonça. Ficou Luís Fernandes de Abreu, último filho, então solteiro, casou depois e mudou-se. Outro Gabriel Ponce de Leon, casado, seus irmãos Sebastião e Bartolomeu de Contreras, filhos do 1.° Gabriel, Antônio de Oliveira Falcão, casado com Ana Rodrigues de Torales, irmã dos três precedentes. [Página 346]

Dos genros do Fundador só não vieram Aleixo Leme de Alvarenga e Pedro Correa. Popularmente se diz "seus genros castelhanos" dando maior importância a André, Gabriel e Bartolomeu, que eram da extinta Vila Rica de Guiará, onde Baltazar se casou pela primeira vez na família Torales e Zunega, de antigos conquistadores de Assunção do Paraguai. Os Ponce de Leon eram marqueses na Espanha; êste e o do México seriam o ramo empobrecido.

A localização da primeira casa de Sorocaba, a de Baltazar, foi feita mediante os comentários de Joaquim José de Oliveira à cópia que efetuou, lá por 1840, dos documentos então existentes no convento beneditino sôbre a demanda com a Câmara. Por maior felicidade, a primeira transcrição impressa em 1870 no jornal Sorocaba ao falar da casa no antigo ribeirão do Moinho, então Lageado, acrescenta: onde reside Teotônio José de Araújo. Como êste era presidente da Câmara Municipal, foi fácil alcançar a tradição oral, que apontava antes dêle o padre Florentino Oliveira Rosa, cujo oratório existia.

Diogo do Rêgo e Mendonça residia a uma certa distância da ponte. Nada se sabe dos demais genros, filhos e netos de Baltazar.

No campo do Itapeva, por interpretação das palavras "campo onde está Brás Teves" combinadas com as limitações do patrimônio beneditino, residia Brás Esteves Leme. Éste capitão Brás Esteves Leme era mameluco, filho de pai homônimo que não se casara e tivera catorze filhos de diversas índias. Casou-se com Antônio. Dias. Antes de falecer em 1678, havia-se mudado para o sítio além do rio Sarapuí, junto à barra dêste no Sorocaba, onde fundou uma capela a Nossa Senhora da Conceição. Era sogro do primeiro Pascoal Moreira Cabral, dono da fazenda hoje São Francisco, talvez no mesmo local de onde se mudou Brás Teves. Ëste Brás Teves teve também vinte filhos naturais ou mamelucos.

Pascoal Moreira Cabral era neto materno de André Fernandes. Sua sesmaria, limitando-se com a de Baltazar, teria sido uma das muitas do avô. Não há certidão de batismo do 2.° Pascoal, o fundador de Cuiabá; as crônicas o marcaram para sempre como sorocabano, o que também significava morador antigo. Pela crônica, nasceu em 1655, em Sorocaba. [Página 347]

Com Esteves e Moreira, passamos de Parnaíba a São Paulo donde eles vieram. Os Moreira estavam ligados aos Domingos, de Santo Amaro. Irmão de Pascoal, o alcaide-mor Jacinto Moreira Cabral. Já agora podemos dar não a máxima probabilidade, mas com um documento que, afirmando a presença de Jacinto em 1661, corrobora a dos outros. O alcaide-mor (título honorífico) Jacinto Moreira Cabral casado com Maria Leme da Silva, tia dos irmãos Leme, morava dentro de uma sesmaria de uma légua em quadra, a começar no Supirirí, e à qual servia o que se tornaria o Caminho Fundo. Talvez na Vila Barão.

Cláudio Furquim, nome resumido de Cláudio Furquim de Camargo, paulistano, casado com Catarina Colaço da Costa, era negociante e devia morar no centro da vila em 1661. O primeiro comerciante de Sorocaba. Pascoal Leite Pais, de identificação difícil porque não podia ser o velho irmão de Fernão Dias Pais, e logo morreu em Parnaíba.Domingos Garcia, que seria o filho solteiro de Garcia Rodrigues Velho ou o cunhado de Amador Bueno, ambos ligados por afinidade ao Fernandes.

Francisco Sanches, também do Guairá. Possivelmente os Moreira Cabral já tinham vindo a abrir caminho por Cotia e São Roque já existentes, saindo na serra de São Francisco. Provaremos que pouco depois os Domingues vieram por aí. Em todo caso, o grosso da população fundadora é parnaibana chegando pelo Aputribú.

O falecimento da primeira sorocabana, dona Isabel de Proença, foi nos primeiros meses de 1655.

Em 21 de dezembro de 1660 Balthazar Fernandes garantiu a fundação doando aos Padres de São Bento, de sua Parnaíba, a capela, terras, um touro, doze vacas, moço nativo para a sacristia e moça para a cozinha, doze nativos para a lavoura e criação, uma roça de mandioca para começo, a propriedade da vinha e do moinho, reservando-se o uso-fruto, tudo isso desde a assinatura da escritura, e que aconteceu no sítio do genro Bejarano em Apotribú, a 21 de abril de 1660, sendo aceitantes frei Tomé Batista e frei Anselma da Anunciação. Comprometia-se a testar toda a sua terça em bens móveis e de raiz a favor dos Padres, evidentemente fazendo a conta para completar os bens já doados em vida. O conjugue só podia dispor da têrça sendo os dois terços dos herdeiros necessários. O inventário dele, o primeiro que se fez em Sorocaba, foi lido por Silva Leme cerca de 1900 e então, com todos os papéis dos cartórios até 1800, foi recolhido ao Arquivo Público de São Paulo, onde não são catalogados e expostos à consulta, senão alguns. De muitos a umidade fez uma pasta a ser aberta por técnicos. Dos limites do patrimônio em terras existentes até hoje, resulta que o terreno doado por conta da terça, em vida, era quase todo. A conta é um terço de duas léguas quadradas, sendo a sesmaria total de duas léguas. Possivelmente, havendo outras sesmarias e bens móveis, a partilha reservou para os Padres o que faltava para a terça total em escravizados.

Eis a delimitação do patrimônio em terras, em 1660, da ponte do Sorocaba até o ribeirão do Itapeva, rio acima. Dai pelo campo até mais ou menos a Vossoroca, fazendo ângulo e continuando até Diogo do Rêgo além do Supiriri e, de novo em ângulo, procurando a ponte.

Entre esta e a casa, ficou em uso-fruto para o doador a vinha, situada nesse trecho, havendo mata perto da atual rua Santa Cruz, como a havia, atrás da capela. Os Padres aceitaram o compromisso de edificar o convento, o que não os impedia de estender para isso a mão aos moradores. O Visitador do Brasil, em nome do abade geral, que residia em Tibães, Portugal, deve ter aceitado a doação, mas não há documento.

Um mosteiro beneditino pelos seus benefícios espirituais, atrairia os moradores ao mesmo tempo que, tendo patrimônio em terras, servia de engodo a moradores pobres sem sesmaria, por meio de foro razoável.

A confusão das éras de 1660 e 1661 pelas cópias do já citado Oliveira, que claudicou noutros pontos, mas com a mesma efeméride 21 de abril para esta escritura tão importante, se explica pela data de 3 de março de 1661, que é a da criação da vila. Nas cópias dos livros do Tombo do Mosteiro e da Catedral, do século passado, está o ano de 1661. Idém, na Coleção Oliveira, publicada por Camargo César muitas vêzes. Azevedo Marques no seu dicionário, no artigo completo sôbre Baltazar diz, 1660, e na cronologia, a modo de índice, dá 1161. Afonso d´E. Taunay, na História antiga da Abadia de São Paulo, prefere 1660, copiando o texto de Marques. Este felizmente dá a fonte: Livro Ide Notas de..Parnalba de 1660. Aliás, a crítica do texto é décisiva. Lá está paragem e não vila de Sorocaba. O tabelião éde Parnaíba, quando aqui já havia um, se fôsse em 1661.Os Padres não tinham ainda principiado a construção,quando o Fundador teve notícia da presença em São Paulo deSalvador Correia de Sá e Benevides, governador das capitaInas do sul, expulso pelos fluminenses amotinados, mas benirecebido pelos seus governados do Planalto.Em estrito direito, o povoado devia ser elevado à vila pelo capitão-mor (às vêzes acumulando com o cargo de ouvidor)que governava cada três anos a capitania de São Vicente einnome dos donatários. Porque os povoados de Araçoiaba e deItavuvú só tiveram o pelourinho e tôda a região era município de Parnaíba, de que se devia desmembrar.Mas Baltazar ou o próprio Salvador Correia se lembraram do pelourinho de Dom Francisco de Souza, talvez con:-creto, talvez simplesmente como tendo existido. Êle requereuáó Governador a mudança do objeto, considerando haver naparagem de Sorocaba trinta casais, o número da lei."Pro forma"- e agradando ao Ouvidor do Donatário, Salvador fê-lo verificar a verdade do requerimento e. autorizoua mudança real ou simbólica (podia-se fazer outro nôvo) a3 de março de 1661, nomeando, os oficiais da Câmara.A primeira Câmara foi nomeada. De janeiro de 1662 co:-meçaram as Câmaras eleitas segundo as . Ordenações do Reino até o ano de 1829 inclusive, pois a Constituição de 1824aboliu o sistema, porém a lei complementar ou regulamento.,demorou um pouco.sociedade brasileira em formação seguia a de Portugal, com as suas três classes: clero, nobreza e povo, e quêlonge de serem castas estanques, se intercomunicavam ple- . namente. O plebeu tornava-se nobre e vice-versa. O nobrenão podia trabalhar em serviços mecânicos, como ferreiro, senão por amadorismo e, no Brasil, por dispensa tácita, para ensinar dirigir os escravos, ou, vendo-se obrigado a ser nobrecom á eleição para vereador, por exemplo, largava o ofício,mesmo porque todos tinham terras à vontade e a sua lavranão impedia a nobreza. Os homens do povo ingressavam nanobreza pela eleição de juiz ou vereador e paténtes de oficialde MilíCias õu ordenanças, primeira ou segunda linha, e" para cargos como ouvidor, eScrivãõ. Muitos ficando ricos juS=tificavam a nobreza em cartório mediante testèmunhas,vándo sangue limpo de cristão nôVo ou mouro até quarta: gêração ascendente, formando :árvores genealógicas, etc [Páginas 348, 349 e 350]

Não se conhecem atas dêsse tempo. Sabe-se que o Fundador construiu a casa da Câmara e Cadeia, em frente da qualpôs o pelourinho, na esquina das atuais ruas de São Bento eBarão do Rio Branco, e pelo menos localizou e deixou bemadiantada a matriz. Nessa qualidade e como juiz presidente, sómente êle podia fazer armar a sua querida vila. Tanto a faceda Câmara para a atual rua Barão do Rio Branco, como a fachada da matriz formam perpendiculares com a de São Bento,olhando para lesnordeste, não inteiramente a leste ou nascentepara seguirem a-direção longitudinal da lombada. São de 1661 a rua São Bento obtida com uma reta desde a igreja até a Câmara, então localizada, e a rua Barão do Rio Branco e a praça da matriz com a rua Dr. Braguinha até a primeira esquina.

Balthazar Fernandes já era falecido em 1667, éis tudo o que restou em documento por mão de seu filho Manuel Fernandes de Abreu. Como o seu inventário foi o primeiro aqui feito, seguindo- viu Silva Leme, a morte se deu mais perto de 1661 do que de 1667 e entre o jazigo, já, pronto, na igreja de São Bento, e a matriz em obras, a escolha da sepultura é tanto mais evidente quanto em São Bento os monges rezavam uma missa por mês por sua alma e, pelo costume, aspergiam (ou deviam fazê-lo) o túmulo real e não o simbólico do pano preto.

Nascera perto de 1580 ou no Ibirapuera, onde era a fazenda dos pais ou já em Parnaíba, para onde Suzana Dias se mudou nessa época. Fundou uma cidade já quase otogenário. Seu nome pertence à história da conquista do interior do Brasilpelos paulistas.

Por Suzana Dias era neto do português Lopo Dias que,em dúplice opinião, foi genro ou de João Ramalho ou de Tibiriçá. Tinha, pois, sangue índio a começar de uma bisavó outrisavó, Bartira. Talvez fôsse moreno, com alguns traços indiáticos, êle que tantas qualidades de robustês e coragem herdou da gente tupí-guaraní. Algumas cópias de seu retrato sãotiradas do quadro de Etore Marangone: A Fundação de Sorocaba, reconstituição muito feliz.

"Salvador Correia, a quem se deve a oficialização dos esforços anteriores, tem retrato verdadeiro, mas não se pode reduzir a um esquema único o motivo da fundação de Sorocaba.
1. Não nasceu a atual cidade da mineração, que tinha acabado em nada.
2. Não nasceu da pecuária e lavoura de mantimentos em si, que eram pequenas e nunca foram grandes.
3. Não nasceu da feira, mas deu origem à feira de animais ou pecuária transportada.
4. Não nasceu da ponte, por uma parada obrigatória de viajantes ao transpor o rio, porque morava pouca gente além do mesmo.
5. Não veio do rio como caminho andante, navegação fluvial, inexistente antes de 1654.
6. Nem procedeu do desejo dos sertanistas de abandonarem as terras velhas para abrirem fazenda de lavoura na mata virgem.

Todos esses motivos influíram, alguns com sugestões para o futuro, como o caminho, a ponte e a pecuária."
[“Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”, 1964. Aluísio de Almeida. Páginas 352 e 353]

“O descobrimento do Brasil”. Tese de concurso á cadeira de História do Brasil. Colégio D. Pedro II, 1883. Capistrano de Abreu. Página 108

"Os Paulistas começaram a descer o Tietê desde os primeiros tempos, provavelmente antes do meiado do seculo XVI. Uns foram subindo pelos seus afluentes, Juquiry, Jundiahy, Piracicaba, Sorocaba. Outros foram até o Paraná."

[Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, 1969. Página 194]

Capistrano de Abreu (1853-1923), um dos maiores historiadores do Brasil, um já ensinava que os paulistas começaram a descer o Tietê desde os primeiros tempos, provavelmente na metade do século XVI, logo depois de 1532, quando a mando de Martim Afonso foi fundada Piratininga. Alguns subiram os afluentes do Tietê, "o Juqueri, o Jundiaí, o Piracicaba, o Sorocaba. Outros foram até o Paraná", diz o mestre, e ao fim do 1500 já as águas do rio grande eram meio normal de comunicação para os Piratininganos.

O relatório dessa expedi ção descreve os dezenove dias de viagem cheios de aventuras. Tempos depois seguiu o mesmo percurso Dona Victoria de Sá, da família ilustre de Salvador Correa de Sá, com quem se casara Don Luiz de Xeria no Rio de Janeiro. Foi Dona Victoria de Sá a primeira brasileira branca a penetrar o sertão. Guiada por André Fernandes, sertanista, um dos fundadores de Parnaíba, chegou a Guaira, indo ao encontro do marido em Assunção.

André Fernandes voltou na canôa, com tripulação índia que o comandante de Guairá lhe forneceu. Pelo mapa feito então (1628), verifica-se que já era rotineira a navegação dos rios Sorocaba, Tietê e Paraná, tanto que Xeria encontrou na confluência dos rios Paraná e Paranapanema diversos moradores entre os quais o pau lista Simão Mendes. [Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, 1969. Página 195]


D. Francisco enviou Martim de Sá em 1597 no rastro de Diogo Soares. Em outubro de 1598, sonhando em atingir Sabarabuçú como pela retaguarda, e avantajando em demasia a pequena mineração dos Sardinha, crendo fazer da capitania de São Vicente um novo Perú, embarcou para o sul, com uma comitiva de soldados portugueses e nativos mansos para o transporte de pessoas e cargas e os primeiros trabalhos, não sem enviar antes, como administrador das minas, Diogo Gonçalves Laço, que chegou à vila de São Paulo em 13 de maio daquele ano.

No Espírito Santo deteve-se o Governador, enviando na direção da Sabarabuçú a Diogo Martim Cão. Parou pouco no Rio. De Santos a Cubatão, viajou em canoa. Subiu o péssimo caminho da Paranapiacaba em rêde. Nos arredores de São Paulo teria cavalgado.

Chegou à vila do Planalto em maio de 1599. Foi um alvoroço inclusive nas modas masculinas. E sonhando sempre, partiu logo para as minas dos Sardinha, pelo caminho já descrito. Parte a cavalo, parte em canoa, parte em rêde, estava nas Furnas, triste sertão, entre campos, no fim do ano. Em data não sabida de 1599 fundou no local a vila de Nossa Senhora de Monte Serrate, erigindo o pelourinho, um esteio de madeira de lei com uma faca e um gancho de ferro, objetos esses, nos ricos pelourinhos de pedra, menos grosseiros e coroados com as armas reais.

Continuam os escritores, uns aos outros se copiando, a dizer que este povoado se chamava Itapevuçú, quando é ressabido em Sorocaba que Itavuvú, corruptela de Itapevuçú, é duas léguas a nordeste. Alguns meses ficou no Araçoiaba, que também se chama Ipanema por causa do ribeirão, no meio de tanta penúria, aquele grande teimoso, enviando os mineiros para os arredores, por exemplo Bacaetava e ao Sarapuí.

Em 1654 já havia uma ponte no rio Sorocaba,no lugar da atual. Somente um Governador tinha gente e dinheiro para construir uma, neste sertão. Ainda que estreitinha. É que o passo do rio, desde talvez os nativos, só podia ser abaixo das cachoeiras em local meio raso,antes de espraiarem-se as várzeas. Nas Furnas haviam ranchos de pau-a-pique, palmeiras e sapé. Nenhuma rua. Nem vereadores. Nem paróquia. Uma Santa Cruz coberta, sim. A história não conta nem sequer se o Governador trazia algum padre consigo.

Sabe-se que o pelourinho foi mudado concretamente (ou se erigiu outro, sendo simbólica a mudança), para o Itavuvú e por ordem de Dom Francisco de Souza, com certeza histórica indireta. Isto é, em 1661 Baltazar Fernandes requereu a mudança do pelourinho erigido por Dom Francisco de Souza a légua e meia da atual Sorocaba. Desaparecido o documento original, várias cópias existentes falam em "meia légua", mas é êrro de cópia. [Páginas 340 e 341]

A capela de Nossa Senhora ou igreja é a mesma dedicada a Santa Ana e popularmente chamada de São Bento, e a doação dela aos padres de São Bento, postulava a construção de celas junto à mesma. Até agora o convento nunca foi reconstruído e a linha da sua fachada é a mesma da igreja. Esta andou em obras muito tempo, mas as paredes, a madeira, a estrutura, tudo leva a crer que o arcabouço se conservou. "Nesta paragem de Sorocaba, onde tem sua fazenda e igreja", diz o inventário de 1655.

Um documento especial não diz que o padre Francisco, de Oliveira celebrou a primeira missa de Sorocaba nessa capela, mas documentadamente se prova que êle era vigário de Parnaíba em 1654, sobrinho do Fundador e em novembro sua tia estava à morte e fêz testamento.[Página 344]

Sabe-se que o pelourinho foi mudado concretamente (ou se erigiu outro, sendo simbólica a mudança), para o Itavuvú e por ordem de Dom Francisco de Souza, com certeza histórica indireta. Isto é, em 1661 Baltazar Fernandes requereu a mudança do pelourinho erigido por Dom Francisco de Souza a légua e meia da atual Sorocaba.

Desaparecido o documento original, várias cópias existentes falam em "meia légua", mas é êrro de cópia. Quanto a êsse local ser o Itavuvú é verdade que a distância de légua e meia podia recair em outros sítios, mas não naquele que os cronistas acertaram chamando Itapebuçú e só erraram confundindo-o com o Ipanema, que está a três léguas.

Se Dom Francisco veio pessoalmente a erigir o pelourinho, foi pouco antes de 11 de junho de 1611, dia de sua morte em São Paulo. E depois de 1609, quando chegou pela segunda vez a Piratininga, feito governador das capitanias do sul e administrador das minas. Vinha com a promessa do título de Marquês de Minas, que seus descendentes lograram, isto é, receberam, tão relacionado com a nossa história local.

O ano de 1611 é não só conveniente, mas muito plausível, por estar sob o nome São Filipe, no mais antigo mapa em que aparece a região de Sorocaba, do holandês João de Laet. O que a tradição oral guardou é a localização da segunda Sorocaba no Itavuvú. Lá estão hoje, com casas mais modernas, como que duas ruas em ângulo reto e num dos lados a capela, sucessora de outra que também não era a primeira.

Deve ter havido um rancho para uma cruz, pelo menos. Outra curiosidade é que a margem esquerda do Piragibú, no Mato Dentro e perto da atual Aparecida, começo& â- ser povoada nesse mesmo ano, aparecendo por limite o caminho, parte do que já delineamos. Mas nem Parnaíba era vila. Era uma fazenda de Suzana Dias, viúva de Manuel Fernandes Mourão, os pais de três homens notáveis: André, Baltazar e Domingos, respectivamente fundadores de Parnaíba, Sorocaba e Itú. Ela casou-se pela segunda vez.

Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio, menos as sesmarias de André Fernandes, uma das quais êle doou antes de 1648, ano de sua morte, a Baltazar. Em 1625 Parnaíba torna-se município e êsses moradores prestam-lhe obediência. No ano de 1646, segundo informaram em 1747 ao vigário Pedro Domingues Pais, já havia moradores em Sorocaba. Nesse interim, André Fernandes tornava-se um dos maiores bandeirantes da caça ao índio. Baltazar o acompanhara em mais de uma expedição. Na destruição do Guiará, terminada em 1629-1630, os paulistas e parnaibanos passaram por Sorocaba na ida e na volta, no atual rumo da estrada de ferro a Itararé e daí ao alto Tibagí, onde estavam as últimas povoa-
[“Memória Histórica de Sorocaba” Parte I, 1964. Aluísio de Almeida. Páginas 340 e 341]

A confusão das éras de 1660 e 1661 pelas cópias do já citado Oliveira, que claudicou noutros pontos, mas com a mesma efeméride 21 de abril para esta escritura tão importante, se explica pela data de 3 de março de 1661, que é a da criação da vila. Nas cópias dos livros do Tombo do Mosteiro e da Catedral, do século passado, esta o ano de 1661.

Idem, na Coleção de Oliveira, publicada por Camargo César muitas vezes. Azevedo Marques, no seu dicionário, no artigo completo sobre Balthazar diz, 1660, e na cronologia, a modo de índice, dá 1661. Afonso d´E. Taunay, na História Antiga da Abadia de São Paulo, prefere 1660, copiando o texto de Marques. Este felizmente dá a fonte: Livro de Notas de Parnaíba de 1660. Aliás, a crítica do texto é décisiva. Lá está paragem e não vila de Sorocaba. O tabelião é de Parnaíba, quando aqui já havia um, se fôsse em 1661.

Os Padres não tinham ainda principiado a construção, quando o Fundador teve notícia da presença em São Paulo de Salvador Correia de Sá e Benevides, governador das capitaInas do sul, expulso pelos fluminenses amotinados, mas bem recebido pelos seus governados do Planalto.Em estrito direito, o povoado devia ser elevado à vila pelo capitão-mor (às vêzes acumulando com o cargo de ouvidor)que governava cada três anos a capitania de São Vicente einnome dos donatários. Porque os povoados de Araçoiaba e deItavuvú só tiveram o pelourinho e tôda a região era município de Parnaíba, de que se devia desmembrar.

Mas Baltazar ou o próprio Salvador Correia se lembraram do pelourinho de Dom Francisco de Souza, talvez concreto, talvez simplesmente como tendo existido. Êle requereuáó Governador a mudança do objeto, considerando haver na paragem de Sorocaba trinta casais, o número da lei.

"Pro forma"- e agradando ao Ouvidor do Donatário, Salvador fê-lo verificar a verdade do requerimento e. autorizoua mudança real ou simbólica (podia-se fazer outro nôvo) a3 de março de 1661, nomeando, os oficiais da Câmara.A primeira Câmara foi nomeada. De janeiro de 1662 co:-meçaram as Câmaras eleitas segundo as . Ordenações do Reino até o ano de 1829 inclusive, pois a Constituição de 1824aboliu o sistema, porém a lei complementar ou regulamento.,demorou um pouco.sociedade brasileira em formação seguia a de Portugal, com as suas três classes: clero, nobreza e povo, e quêlonge de serem castas estanques, se intercomunicavam ple- . namente. O plebeu tornava-se nobre e vice-versa.

O nobre não podia trabalhar em serviços mecânicos, como ferreiro, senão por amadorismo e, no Brasil, por dispensa tácita, para ensinar dirigir os escravos, ou, vendo-se obrigado a ser nobre com á eleição para vereador, por exemplo, largava o ofício,mesmo porque todos tinham terras à vontade e a sua lavra não impedia a nobreza.

Os homens do povo ingressavam na nobreza pela eleição de juiz ou vereador e paténtes de oficialde MilíCias õu ordenanças, primeira ou segunda linha, e" para cargos como ouvidor, eScrivãõ. Muitos ficando ricos juS=tificavam a nobreza em cartório mediante testèmunhas,vándo sangue limpo de cristão nôVo ou mouro até quarta: gêração ascendente, formando :árvores genealógicas, etc. O in- [Páginas 349 e 350]

A terceira hipótese (quanto ao título Nossa Senhora da Ponte) é que se deveu à própria ponte de Sorocaba, existente no lugar. Tem contra sí que a capela foi ficar a um quilômetro da ponte e em 1660 o topônimo era somente “paragem de Sorocaba”: em 1654, quando esse nome sonoro surge escrito no primeiro documento existente, era fazenda, sítio de Sorocaba. Teriam escrito “da ponte de Sorocaba”. [2]

Almeida (1969) cita alguns topônimos:
Sorocaba, terra de vossorocas;
Manfredini, Guandique, Rosa: História Ambiental de Sorocaba 16
Votorantim, morro de água branca;
Araçoiaba, morada do Sol;
Itupararanga, salto barulhento;
Ipanema, água ruim;
Itinga, água branca;
Ipatinga, lagoa branca;
Itapeva, pedra chata, primeiro nome da serra de São Francisco;
Itavuvu, de Itapevuçu, pedra chata grande;Inhaíba, campo ruim;Nhon-nhon de nhu-nhu, campo-campo ou campina;Nhu-mirim, campo pequeno;Iporanga, água bonita;Caputera, mato verdadeiro;Caguçu, mato grande;Cajuru, boca do mato;Jurupará, garganta do rio;
Pirajibu, rio do peixe;
Pirapitingui, rio do peixe vermelho;
Avecuia, terra que cai;
Bossoroca ou vossoroca, barroca;
Bacaitava, rio que corre entre as pedras;
Taquarivaí, rio do Taquaral;
Itanguá, pedra ou piçarra amarela;
Ceopiri, rio dos Couros, atual Supiriri;
Itararé, riacho que fura a pedra;
Jacareipava, lugar do rio jacaré, atual Jucurupava;
Jundiacanga, cabeça do Jundiá;
Jundiaquara, buraco do Jundiá;
Jundiaquara, buraco do Jundiá (bagre);
Cuiabá, lugar de cuias;
Sarapuí, rio do sarapu;
Manfredini, Guandique, Rosa: História Ambiental de Sorocaba 17Boituva, muitas cobras.Para o autor não se pode afirmar quais topônimos foram adotados por índiosaqui estabelecidos temporariamente em aldeias. “Destas, a de maior certeza é a doAraçoiaba”.
[0] 1° fonte: 21/05/2023 00:52:09
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“Memória Histórica de Sorocaba” Parte I
Data: 01/01/1964
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Página 338
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Data: 21/12/1964
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Página 337
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Página 341
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Página 350
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