O redator d’ Veneno, certamente se encontrava entre aqueles moços elegantes e smarts dacidade e numa crônica muito divertida responde aos anseios do colunista do Cruzeiro:Há opiniões que valem por um decreto do céo. O modista do Cruzeiro, isto é,o crítico da moda proclamou há dias que Sorocaba não era ainda umacidade civilisada porque as moças não andavam de chapéu.(…) Debalde os pais que pagam as despesas objectaram e argumentaramcontra. Nada. Era preciso salvar a civilização de Sorocaba. E havia, pois, deentrar em uso o chapéu feminino.Então, uma das nossas casas comerciais telegrafou para S. Paulo: “Mandeum milhão de chapéus femininos”. E a casa de S. Paulo respondeu:“Seguem-se quatro bilhões de chapéus femininos”. E imediatamente correu76 Cruzeiro do Sul, 09/07/1912.66pela cidade o seguinte boletim:Ao Povo!“Convida-se ao povo de Sorocaba para reunir-se hoje, ás 7 da noite naPraça Cel. Prestes, afim de, precedido de uma banda de música e ao som daValsa do Jesuíno, ir até á gare da Sorocabana afim de aguardar a chegadados chapéus.”Á noite foi um sucesso; nunca se viu manifestação igual. O povo inteiromexeu-se. Girândolas, foguetes, batarias, flores, folhas e frutos, houve detudo.(…) O povo fremia, vibrava, tangia de entusiasmo.(…) Foi um sucesso,Foi um escarcéu!Viva o progresso!Viva o chapéu!E, no dia seguinte, Sorocaba renacia alta, majestosa, estupendamenteprogressista! Bondes eléctricos cruzavam pelas ruas, fazendo tinir aqueletem-tem característico; automoveis circulavam, atroando os ares com o seufon-fon; palacetes majestosos enchiam largas avenidas, emgrinaldadas defocos reluzentes; tínhamos escolas normais a dar com pau; academias,universidades, teatros, casinos, café-concertos, cascatinhas, Rua Libero, etc,etc. Sorocaba era a capital do mundo!Porque?Porque doze senhoritas foram á Igreja de chapéu!77
Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. [“Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Página 202
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Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré- ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.