O Relato de Anthony Knivet, Jornal Correio Paulistano
19 de dezembro de 1875
04/04/2024 17:45:34
Correio Paulistano
Data: 19/12/1875
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Neste mesmo ano (1598) veio Francisco de Mendonça Vasconsellos suceder a meu amo no cargo de governador da terra.
A urca, em que vinha o novo governador acertou de enfiar a barra do tempo em que o governador meu amo ia visitar um engenho novo de sua propriedade. Chegando é boca do porto, entrou a urca a disparar a sua artilharia, e, como ignorasse meu amo a razão porque atirava, mandou preparar sem demora uma canoa grande para se fazer ao mar, e, logo que se informasse do caso, voltar á cidade.
Não se havia metido meia hora depois que vogávamos, quando nos surpreendeu uma tormenta que virou a nossa canoa.
Certamente teria o governador perdido nessa ocasião a voda, se não o auxiliara, em primeiro lugar Deus, e depois eu.
(...) No começo do ano de 1599, chegaram diante da cidade da Bacia (Bahia?) nove urcas; mas nada puderam fazer. Quatro meses depois que chegara o governador geral a São Vicente, teve meu amo que fazer ali. Acompanhei-o.
Quando chegamos, achava-se o governador a 50 léguas, em um lugar no interior, onde lhe constava haverem muitas minas de ouro.
Não tendo achado, porém, coisa que pagasse o trabalho, despachou gente mais para o sertão em busca de um sítio chamado Itapusik. Como eu conhecia esse lugar, tive ordem do governador geral para seguir para ali.
Encontramos em Itapusik minas não vulgares. Trouxemos uma porção de terra aurífera e vários pedacinhos de ouro, que achamos em lugares lavrados pelas águas.
Muito folgou com isso o governador geral; deu-nos pelo achado mais do ele valia, e enviou-o ao rei, a quem requereu permissão para averiguar se essas minas eram lavráveis ou não.
Mandou igualmente 40 mil libras em lâminas de prata preparada na mina de São Paulo a 12 léguas de São Vicente.
Quando eu me achava em Itapusik, partiu meu amo para casa. Em consequência de sua retirada, tive de servir como soldado até que partissem navios para o Rio de Janeiro.
Servi 3 meses, e fui muito bem recompensado pelo governador, que remeteu-me de novo para meu velho amo.
Depois disto, mandou-me meu amo para um lugar chamado Orgelen (Orgams). É uma serra que se avista do Rio de Janeiro. Ai encontramos uma pequena mina de ouro e mui preciosas pedrinhas.
Por esse tempo chegou da Espanha uma urca, em que vinham um bispo e um governador espanhol, os quais partiram em uma embarcação menor para o Rio da Prata e dai para somma (seria cima?)
Pouco depois da chegada desse navio, manifestou-se no Rio de Janeiro uma doença (variola?) a modo de sarampo, mas, em verdade, tão fatal como a peste; pois, no decurso de três meses, ceifou no Rio de Janeiro passante de 3 mil pessoas entre portugueses e nativos.
Andava eu então ocupado em ir e vir á noite ao engenho em um barco, transportando pau Brasil para a urca; e por causa do ar inchou-me de tal modo uma das pernas que eu não a podia mover.
É comumente mui perigoso, naquela região, expor-se ao ar durante a noite quem está quente; pois, como a terra é cálida, penetra o ar com muita força, e faz enfermar de repente um ou outro membro do corpo humano. Durante bem um mês, andei bastante incomodado dessa perna.
A 14 de agosto de 1601, embarcou meu amo Salvador Corrêa de Sá, com sua mulher Donna de Soso, naquela urca para seguir viagem do Rio de Janeiro para Pernambuco.
O Relato de Anthony Knivet (1560-1649). Jornal Correio Paulistano
Em São Paulo, rico era quem tinha talheres – só dez famílias possuíam – e camas. Isso mesmo: camas. Em 1620, um representante do rei de Portugal em visita à cidade simplesmente não tinha onde dormir. A solução foi confiscar a única cama decente da cidade, que pertencia a um cidadão chamado Gonçalo Pires.
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Me digam quem é feliz, quem não se desespera, vendo nascer seu filho no berço da miséria? Um lugar onde só tinham como atração, o bar e o candomblé pra se tomar a benção. Esse é o palco da história que
por mim será contada