Irmãos João e Vicente Lacerda assinam contrato com a Câmara Municipal para fornecer iluminação pública
1 de junho de 1895
04/04/2024 16:50:27
Ontem foi lavrado contrato entre a Câmara Municipal e os srs. João de Oliveira Lacera e Vicente Lacera, para a iluminação pública e particular da cidade, pelo sistema de luz elétrica.
A Câmara Municipal pagará pela iluminação pública, que será feita por maio de 300 lâmpadas, de força de 32 velas cada uma, durante todas as noites, até as 5 da manhã, a quantia de 20:000$, anualmente. A nova iluminação deverá funcionar dentro do prazo de dezoito meses.
A notícia, nem poderia ser diferente, causou grande impacto na cidade; aqueles afeiçoados e desejosos das benesses propiciadas pelas inovações da ciência se regozijaram com a perspectiva de Sorocaba, finalmente, ter uma iluminação pública e particular decente.
Irmãos João e Vicente Lacerda assinam contrato com a Câmara Municipal para fornecer iluminação pública
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros