Wildcard SSL Certificates
1904
1905
1906
1907
1908
1909
1910
1911
1912
Registros (47)



Após 52 dias no mar, desembarca em Santos o Kasato Maru c/ imigrantes japoneses
18 de junho de 190804/04/2024 17:16:41

Kasato Maru
Data: 18/06/1908
Créditos: Wikimedia / commons
No porto de Santos. Foto colorida digitalmente(.245.

Vieram 165 famílias (781 pessoas) que foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Entre eles o primeiro japonês a morar em Sorocaba.

Nabek Shiroma, proveniente da região de Okinawa, chegou em 1918 à cidade de Sorocaba.

O Kasato Maru

Ao término de 1899, a armadora britânica Pacific Steam Navigator Company (PSNC) planejou um bom número de vapores destinados a renovar a sua frota.

Dentre estes, foi encomendado um par de navios gêmeos ao Estaleiro Wigham Richardson, situado no Rio Tyne, próximo ao Porto de Newcastle.

O primeiro deste par foi lançado ao mar em junho de 1900, com o nome de Potosi, o segundo, um ano mais tarde e batizado Galicia.

De desenho tradicionalmente britânico, com casa de comando separada da superestrutura central, eram navios destinados a ter capacidade mista.

Possuíam casco de aço, seis porões de carga, três conveses, duas hélices, única chaminé e maquinário de expansão tríplice.

O Galicia, porém, não foi dotado de instalações para passageiros, ao contrário do Potosi, que podia transportar duas dezenas de pessoas em segunda classe e cerca de 780 emigrantes alojados em grandes espaços comuns de terceira classe.

O Potosi nunca chegou a navegar com esse nome. Quando se encontrava em fase de aprestamento, foi visitado por responsáveis da organização denominada Frota de Voluntários Russos (RVF), os quais procuraram na Inglaterra navios para comprar. O Potosi foi um dos escolhidos e a oferta da RVF foi aceita pela PSNC.

Os novos proprietários ordenaram então ao estaleiro construir uma série de modificações estruturais para adapta-lo como transporte de tropas.

Rebatizado Kazan, o vapor saiu, em setembro de 1900, de Newcastle para Odessa. Podia transportar cerca de 2 mil homens e logo após a sua chegada ao porto russo foi integrado como navio auxiliar da Frota do Extremo Oriente.

Em 1904, com a eclosão do conflito com o Japão, o Kazan foi transformado em navio-hospital e nessa condição foi afundado nas águas pouco profundas de Porto Arthur por ocasião do ataque conduzido pelos cinco contratorpedeiros nipônicos.

Após a captura desse porto pelos japoneses (em 1905), o vapor foi recuperado do fundo do mar e restaurado, passando ao serviço da Marinha Imperial do Japão, como transporte auxiliar, com o nome de Kasato Maru.

No ano seguinte, o navio foi afretado à armadora Tokyo Kisen, e por esta, utilizado na inauguração da nova linha entre o Japão e a Costa Oeste da América do Sul.

Em 1908, quando a Companhia Kokoku necessitava de um vapor para expedir seus primeiros emigrantes ao Brasil, é o Kasato Maru o navio escolhido.

Esta leva de imigrantes nipônicos chegando em terras brasileiras era a conseqüência da assinatura, em 1906, de um acordo entre o Japão e o Brasil, estabelecendo um tratado de amizade entre as duas nações.

Em novembro do ano seguinte, o então secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Carlos Botelho, e Ryu Misuno, representando a Companhia Japonesa de Imigração Kokoku, firmaram contrato, autorizando a chegada de 15 mil imigrantes.

Em 28 de abril de 1908, o Kasato Maru zarpou de Kobe, tendo a bordo 781 emigrantes destinados à lavoura paulista.

Após 50 dias de viagem, o vapor atraca em Santos, em 18 de junho, marcando o início do fluxo de imigração japonesa no Brasil, fluxo esse que em 70 anos traria quase 800 mil indivíduos de um povo portador de milenar cultura formada por conhecimentos de ordem prática e sabedoria filosófica.

À viagem primeira do Kasato Maru, seguiram-se entre 1908 e 1914, outras nove, feitas por vapores diferentes, que desembarcaram em Santos um total de 133.200 imigrantes.

Além dessas viagens extraordinárias, feitas exclusivamente para o transporte de imigrantes, nenhum outro navio japonês aportava em portos brasileiros, não existindo ainda qualquer linha regular entre os dois países, tal fato só acontecendo em finais de 1916, por iniciativa da Osaka Shosen Kaisha (OSK).

A armadora Osaka Shosen Kaisha, em 1910, afretou o Kasato Maru pra sua linha comercial entre Kobe e Keelung.

Dois anos mais tarde, a OSK decide comprar o navio e reforma-lo. Após alguns meses de trabalho, o Kasato Maru volta a serviço, podendo acomodar um total de 520 passageiros em três classes diferentes.

Em dezembro de 1916, estando o Japão neutro no conflito que se desenrolava na Europa, a OSK decide inaugurar uma nova linha entre portos japoneses e portos da costa leste da América do Sul, via Oceano Índico, e o Kasato Maru é escolhido para inaugura-la, realizando viagem de Kobe a Buenos Aires, via inúmeros portos de escala intermediária.

No entretempo, o Galicia, navio-irmão do ex-Potosi, após permanecer durante 16 anos a serviço da armadora PSNC como navio de carga, empregado sobretudo na rota entre Liverpool e Valparaíso (Chile), foi vitima dos acontecimentos bélicos, sendo perdido em maio de 1917 ao largo da localidade de Teignmouth devido à explosão de uma mina naval.

A entrada em serviço na rota de ouro e prata de uma nova série de vapores, maiores e mais velozes, a partir do início da década de 20, fez com que a OSK retirasse da mesma os navios mais antigos.

Foi o caso do Kasato Maru, que, após uma substancial reforma, voltou a servir a linha entre o Japão e Taiwan.

Em 1930, foi vendido a uma empresa de pesca japonesa, sendo então convertido em navio-fábrica, função que manteve até seu destino final, sendo afundado em meados de 1945, no Mar de Okhotsk, águas japonesas, durante um violento ataque aéreo norte-americano.
Após 52 dias no mar, desembarca em Santos o Kasato Maru c/ imigrantes japoneses

Relacionamentos
-
Cidades (2)
testeSantos/SP674 registros
testeSorocaba/SP10973 registros
-
Temas (2)
erroc2:testeJapão/Japoneses
219 registros
testePela primeira vez
904 registros
Você sabia?
Livro mais vendido
“A origem das idéias”, Olavo de Carvalho, youtu.be/vjO2sixWLgk

1840
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
Jean de Léry (1534-1611)
8 registros


Procurar



Hoje na História


Brasilbook.com.br
Desde 27/08/2017
28375 registros (15,54% da meta)
2243 personagens
1070 temas
640 cidades

Agradecemos as duvidas, criticas e sugestoes
Contato: (15) 99706.2000 Sorocaba/SP