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Antes das Minas Gerais: conquista e ocupação dos sertões mineiros. ANGELO ALVES CARRARA, Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor do Departamento de História/UFJF. Campus Universitário, Bairro Martelos - Juiz de Fora/MG
200706/04/2024 11:48:36

das Farinhas” aparece no documento – datado de 23 de junho de 1764– de criação da vila de São Pedro do Belmonte, na antiga povoação de RioGrande, pelo ouvidor de Porto Seguro, tendo por termo “toda a extensãodo território desde o rio Muquiçaba (atual Mojiquiçaba) ao sul, até o rio dasFarinhas, distante uma légua da mesma povoação”.16 Alguns anos antes, opároco desta freguesia informava que, a uma légua bem puxada a partir daaldeia dos índios menhãs, situada no pontal norte do Rio Grande (no localdenominado Peso do Pau), situava-se a barreta chamada das Farinhas. Eexplicava que esta denominação se devia a quepor aquela parte entra o rio de Patipe com um braço até o combro da praia e alise embarcam as farinhas das roças circunvizinhas, e quando descem as cheiasdo sertão, e vem o rio de monte a monte, tresborda por aquele combro por sera parte mais baixa e abre a dita barreta a qual brevemente entope o mar.17Ora, o rio Patipe é o mesmo rio Pardo.18 Ou seja, o “río de las Harinas” éde fato o rio Pardo. Mas Capistrano já havia chegado a esta conclusão poroutros meios, independentemente desta correção de leitura, e com base emoutra informação também presente na carta de Azpilcueta, que indica o fatode na serra do Espinhaço nascerem dois “ríos caudales” que “iban a salir almar entre Puerto Seguro y los Illeos”. Ora, só havia uma possibilidade: o rioGrande, ou Jequitinhonha, e o Pardo, ou Patipe, que Azpilcueta nomeia dasFarinhas. Este erro de leitura levou Derby a identificar o “Urinas” ao Araçuaí,o que, para Capistrano, parecia – como de fato o é – inaceitável: o Araçuaíé afluente do Jequitinhonha, e não sai ao mar entre Ilhéus e Porto Seguro.Qual teria sido o roteiro desta seção até o Espinhaço? Ou melhor: aque parte do Espinhaço atingiram? Creio que a hipótese apresentada porCapistrano é a mais razoável: a serra devia ser “uma das conhecidas pelonome de Almas, Grão Mogol e Itacambira”. Penso que a expedição seguiude fato o curso do Jequitinhonha até a barra do Itacambiruçu, e por esterio acima até a serra do Grão Mogol. Daí, continuaram pelo curso do Itacambiruçu até a barra do rio Congonhas, sempre em direitura do oeste, eprocurando, na medida do possível, não se distanciar do paralelo 16º.Desse modo, do ponto do Espinhaço em que se achavam, partiram,e foram hasta un río muy caudal, que tiene por nombre Pará, que según los indios nosdaban información, es el río de San Francisco, y es muy ancho. De la parte dedonde estábamos son los indios que dice [isto é, os ‘catiguzu’; de la otra [damargem esquerda do São Francisco?] se llaman tamoys, enemigos de estos, ypor todas las otras partes tapuyas. Viéndonos pues en este aprieto, les parecióa todos que ordenásemos barcos en que fuésemos por el río. Y así comenzócada uno a hacer lo que entendió, porque no teníamos carpinteros, y así nosasentamos em uma aldea junto de la cual pasa un río por nombre Monayl, queva a dar en el outro. Y esto por no ser sentidos de los contrarios que estaríande allí en tres leguas. Hicimos uma cruz grande y la pusimos en la entrada de laaldea. Y junto con ella hicimos una ermita donde hacía pláticas de Nuestro Señora los compañeros, y con su licencia comencé de ir por las aldeas y luego en latercera do[nde] fui hallé sus [de los indios] miserables fiestas, por que tenianuna niña pequeña en la plaza ceñida con unas cuerdas para matarla. Al lo cualse había juntado mucha gente de las otras aldeas. Y lleguéme a ella y habléleem lengua de nuestros indios, y no me entendió: porque era hija de tapuyas.Aquí ví ceremonias que nunca tenía visto en este auto de matar.Para Capistrano, a expedição teria dado na barra de algum rio maior,fronteiro à seção serrana, isto é, o Jequitaí ou o rio das Velhas. Capistranona verdade tendia a identificar o Pará com o rio das Velhas. Proponho outroroteiro: se a expedição de fato seguiu o curso do rio Congonhas, e não sedistanciou muito do paralelo 16º, então passaram nas imediações onde hojese acha a cidade de Montes Claros, indo sair no São Francisco próximo àbarra do rio Pacuí. Quanto ao nome do rio Monayl, há de se notar o seguinte:primeiramente, esta não parece ser uma palavra legitimamente tupi, tendoem vista o “l” final. Como se sabe, este som e letra inexistem na língua geral.Logo, ou se trata de erro tipográfico ou erro de pronúncia do padre Navarro.19Teríamos de pensar então num rio Mona-y, ou Muna-í (< muná – ig), literalmente – e claro está, se a tradução estiver correta – “rio escondido”. Ora, opadre informa que escolheram a aldeia em que se estabeleceram – e juntoda qual passava este rio Monayl – “por no ser sentidos de los contrarios queestarían de allí en tres leguas”. Nesse sentido, ou o rio de fato se chamava“Escondido”, exatamente por ter esta característica, ou, então, tratava-se derio com nome diferente, mas que, nas circunstâncias, se achava “escondido”dos contrários. Seja como for, nada nos autoriza a pensar na associaçãodesse Monayl com o Mangaí, de etimologia totalmente diferente.Retornando à aldeia em que se faziam os barcos, Azpilcueta viu queestavam quase todos prontos.20 Embarcaram-se então “con mucho cuidado”, e foram pelo rio São Francisco abaixo. Mas não puderam continuar anavegação por ser toda la tierra poblada al derredor de diversísimas generaciones de indiosmuy bárbaros y crueles. Las tierras que están alderedor de este río ]y[ treintaleguas y aún más al derredor son muy hermosas y llanas. Salidos del río hicimosnuestro camino por tierra. Volviendo, nos hallamos en la tierra que andamos.Contudo, o roteiro preferencial para se chegar a seu curso médio ealto-médio foi o rio Paraguaçu. Em 1561, Vasco Rodrigues Caldas, que foravereador na Bahia, ofereceu-se a Mem de Sá para penetrar os sertões embusca de minas, com 100 companheiros à custa própria. Subiu o vale doParaguaçu, até uma distância de 70 ou 80 léguas do litoral. Porém, desbaratado pelos tupinaés, teve de retroceder para a capital.Segundo frei Vicente do Salvador, Gabriel Soares de Souza, chegado aoBrasil em 15 de junho de 1591, intentava “chegar ao rio de São Francisco,e depois, por ele, até a lagoa Dourada, donde dizem que tem seu nascimento”. Em maio de 1592 partiram da Bahia e, chegando à serra do Gariru(ou Quareru, atual Serra Branca), levantaram um forte, em cumprimento àdeterminação régia de que pelo menos a cada 50 léguas assim se procedesse. Ao atingirem pela segunda vez essa distância, e já nas cabeceirasdo Paraguaçu, levantaram “outra fortaleza na qual, por as águas serem ruinse os mantimentos piores, que eram cobras e lagartos, adoeceram muitos eentre eles o mesmo Gabriel Soares, que morreu em poucos dias no mesmolugar, pouco mais ou menos, onde seu irmão havia falecido. Foi sepultadona fortaleza, que fazia, com muito sentimento dos seus”.21De seus afluentes, o mais importante, o rio das Velhas, foi também oque maior atração exerceu sobre os exploradores, e também aquele queprimeiro é nomeado sob a denominação original em tupi, grafada “Goaibihi”,em 1603.22 Dois anos antes, uma variante do que mais tarde se constituiriana estrada geral de São Paulo para as minas teria sido palmilhada pelaprimeira vez pela entrada que André de Leão dirigiu em 1601, durante novemeses, e que, segundo Orville Derby, teria alcançado as imediações daatual cidade de Pitangui.

DERBY, Orville. O roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas, p.319-350. O roteiro de Wilhelm ten Glimmerfoi reproduzido na obra de PISO, Wilhelm e MARCGRAFF. Historia naturalis Brasiliae. Louvain: Franc. Hackium/Amsterdam: Lud. Elzevirium, 1648, livro VIII, cap.2, p.263-4. A tradução portuguesa, por Melquíades da Boa MorteTrigueiro, foi inserida por Orville Derby nesse artigo.

Glimmer assinala que, chegados às cachoeiras do Paraíba do Sul, seguiram viagem “a pé, ao longo de outro rio que desce do lado ocidental e não [Páginas 8, 9 e 10 do pdf]
Antes das Minas Gerais: conquista e ocupação dos sertões mineiros. ANGELO ALVES CARRARA, Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor do Departamento de História/UFJF. Campus Universitário, Bairro Martelos - Juiz de Fora/MG

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