Fundação de Ponta Grossa/PR, pontagrossa.pr.gov.br/vvelha
15 de setembro de 1823, segunda-feira. Há 201 anos
Fontes (3)
De acordo com o Plano de Manejo do PEVV (IAP, 2004), existiam na região do Parque Estadual de Vila Velha, índios, primeiro em bandos, depois em tribos, como a dos caingangues, que habitavam a região na época do descobrimento do Brasil. A arte rupestre76 que se encontra na região, também demonstra a presença humana já há muito tempo, e a lenda repassada aos turistas possui aspectos ligados a cultura indígena.
Não se sabe ao certo quando surgiu, sendo que a mais conhecida é a criada por Protásio de Carvalho (LIMA, 1975), onde as rochas do Parque seriam uma antiga cidade que foi transformada em cidade de pedra devido a fúria de Tupã. O principal símbolo do Parque, a Taça de Vila Velha, seria a taça utilizada pelos amantes indígenas Dhui e Arace Poranga para se embriagarem com licor de butiá, as Furnas o solo rasgado por Tupã e a Lagoa Dourada seria o tesouro derretido.
Itacueretaba, antigo nome de Vila Velha, significa cidade extinta de pedras. O recanto foi escolhido pelos primitivos habitantes para ser Abaretama, terra dos homens. No local seria escondido o precioso tesouro Itainhareru. Com a proteção de Tupã, era cuidadosamente vigiado pelos Apiabas, varões escolhidos entre os melhores homens de todas as tribos.
Os Apiabas desfrutavam de todas as regalias, porém era proibido o contato com as mulheres. A tradição dizia que elas, sabendo do segredo de Abaretama, revelariam aos quatro ventos. A notícia chegaria aos ouvidos do inimigo, que tomaria o tesouro para si. Se o tesouro fosse perdido, Tupã deixaria de resguardar o seu povo e lançaria sobre ele as maiores desgraças. Dhui (Luís) fora escolhido chefe supremo dos Apiabas, entretanto, não desejava seguir esse destino, pois se tratava de um chunharapixara (mulherengo).
As tribos rivais, após tomarem conhecimento do fato, escolheram a bela Aracê Poranga (aurora da manhã) para tentar seduzir o jovem guerreiro e tomar-lhe o segredo do tesouro. A escolhida logo conquistou o coração de Dhui. Em uma tarde primaveril, Aracê veio ao encontro de Dhui trazendo uma taça de Uirucur (licor do butiás) para embebedá-lo. No entanto, o amor já havia tomado conta de seu coração e a traição não aconteceu. Decidiu, então, tomar a bebida junto com seu amado. Em seguida, os dois se amaram à sombra de um ipê. Tupã logo descobriu a traição do seu guerreiro e, furioso, provocou um terremoto sobre toda a região.
A antiga planície foi transformada em um conjunto de suaves colinas. Abaretama transformou-se em pedra. O solo rasgou-se em alguns pontos, originando as Furnas. O precioso tesouro fora derretido, formando a Lagoa Dourada. Os dois amantes ficaram petrificados e, entre os dois, a taça ficou como o símbolo da traição. Diz a lenda que as pessoas mais sensíveis à natureza e ao amor, quando passam pelo local, ouvem a última frase de Aracê: xê pocê o quê (dormirei contigo).
1° de fonte(s) [20895] Mudança da vila para o local atual, que primeiramente era fundada no lugar denominado Itarireoú, légua e meia distante do novo mosteiro, para o local em que existe, desde logo principiaram os choques entre a Camara e o Presidente do mosteiro Data: 1665, ver ano (22 registros)
Ofício do frei Pedro Nolasco da Sacra Família refutando as afirmações da Câmara Municipal de Sorocaba, 1816:
Exm. Snr: - mais de uma vez se encontra em papéis antigos confrontações de semelhante natureza, porém, o Padre Fr. Anselmo da Annunciação que imediatamente foi tomar posse, por explicação do mesmo doador, sempre reconheceu por demarcação do terreno doado - da ponte velha, mais abaixo da existente, até o Rio dos Couros, na língua da terra, Ceopirira, hoje corrompido em Supiriri, e dai a sair ao campo, moradia do dito Braz Esteves, e da largura do Rio, indo contestar com Diogo do Rego e Mendonça até sair ao campo hoje conhecido de Itapiva.
Este foi o terreno doado, unicamente o onus de 13 missas anuais, como se vê pelo documento no. 1. Acontece, porém, Exmo. Snr. que quando se mudou a vila, que primeiramente era fundada no lugar denominado Itarireoú, légua e meia distante do novo mosteiro, para o local em que existe, (em 1665) desde logo principiaram os choques entre a Câmara e o Presidente do Mosteiro, sobre quererem os Camaristas senhorarem-se das nossas terras para o Rocio desta vila.
2° de fonte(s) [27909] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XI Data: 1 de janeiro de 1906, ver ano (42 registros)
Nativos do Itariry
Só ha poucos dias tivemos ocasião de ler no X volume, da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, correspondente ao ano findo, o trabalho ali inserto sob o título Os primitivos aldeamentos nativos e nativos mansos de Itanhaen, firmado pelo sr. Benedito Calixto, que de ha muito consagra a investigações históricas o tempo que não emprega em enriquecer as belas artes nacionais com o seu tão justamente apreciado pincel.
Já pelo nome do autor, já que o trabalho se acha publicado numa revista que contribui com informações valiosas para o melhor conhecimento da história e geografia de São Paulo e do Brasil, e que há de sempre ser consultada pelos futuros historiógrafos e geógrafos, prestamo-lhes toda atenção e com supresa lêmos o seguinte:
"Os terrenos onde atualmente se acham aldeados os nativos mansos, estão afastados das terras de São João Batista pelo rio Castro. Esse aldeamento é nas cabeceiras do rio Preto no lugar denominado Bananal e Tariruhú. O outro aldeamento de nativos mancos é no rio Itariry, afluente da Ribeira de Iguape, no município de Itanhaen, conforme explicaremos no capítulo imediato".
E no capítulo imediato explica:
"A tribo nativa que habita o município de Itanhaen está dividida hoje em dois pequenos aldeamentos: um no rio Itariry, nos sertões de Peruhybe, a dois dias de viagem desta povoação e o outro no Bananal, dois dias de viagem da vila de Itanhaén". E mais adiante, referindo-se ainda ao primeiro dos aldeamentos supra mencionados escreve:
"A outra fração dessa tribo errante havia anteriormente emigrado para o litoral, indo formar o aldeiamento do Itariry, perto do rio Juquiá, no município de Itanhen".
Da leitura daqueles trechos resulta que o sr. Benedito Calixto está convencido:
a) que o rio Itariry é afluente do Ribeira. b) que o rio Itariry corre perto do rio Juquiá; c) que o rio Juquiá corre no município de Itanhaem bem como d) o rio Ribeira; e) e finalmente, que o aldeamento do Itariry se acha situado em terras pertencentes ao município de Itanhaém.
Pedimos licença ao autor daquele estudo, para retificarmos os erros geográficos que nele se contém. E não o fazemos para desgostar tão distinto e estudioso escritor, mas como homenagem á verdade, que cada um de nós decerto procura e venera. Resumindo:
1° - O rio Itariry é confluente com o São Lourencinho e os dois formam o importante rio São Lourenço; este é afluente do Juquiá; e o Juquiá, finalmente, é afluente do Ribeira. O Ribeira está a oitenta quilômetros mais ou menos do Itariry.
2° - O aldeamento de nativos do rio do Peixe (afluente do Itariry), acha-se situado em terras do distrito da Prainha, município de Iguape, a mais de vinte quilômetros em linha reta, da divisa dos dois municípios.
3° - Nem o rio Juquiá, que nasce perto de Itapecerica, nem o Ribeira, que vem desde o Paraná atravessam terras de Itanhaem; e nem o mais tênue fio de água nascido em terras de Itanhaem verte para o rio Ribeira ou para qualquer de seus tributários. [Páginas 155 e 156]
3° de fonte(s) [27893] “Sinalização Tupi-Guarani & Luso-Catolicismo”, João Barcellos Data: 22 de março de 2016, ver ano (148 registros)
Parte 3 - Duas Questões Exemplares - De Erro Estórico - Questão Itavuvu - Durantes as pesquisas em torno do Morro Berassucaba, na região iperoniana de Ipanema, deparamo-nos constantemente com a designação itavavuvu (ou itavuu) e itapebuçu, e sempre desconfiamos que itavuvu e itapebuçu seriam a mesma ´coisa´, mas, como essa ´coisa´ diferenciada vinha de muitos e dignos historiadores achamos melhor não mexer até podermos entender e colocar os pingos historiográficos nos ii dos contos oficiais, como diz o pesquisador Adolfo Frioli.
Até porque esta questão tem a ver com a historiografia sorocabana... O próprioFriioli, em 2011, pôs em ´cheque´ a história de Sorocaba, mas o fez por e com ilações (embora justas) diante dos resultados das pesquisas no complexo geomorfológico e histórico do Morro Berassucaba (ou Araçoiaba).
E agora? Ele, como eu, e também o biólogo Luciano B. Regalado, ficamos diante da prova que faltava para dar um trato historiográfico final àquela ´coisa´ indefinida entre itavuvu e itapebuçu – a saber: o cacique guarani Tukumbó Dyeguaká, colocado diante das designações explicou que “itavuvu e itapebuçu dão significado a uma mesma coisa, porque trata-se de caminho de pedra e caminho de pedra preta no mesmo lugar”.