Notas para a História de Santana de ParnaíbaSuzana DiasEducada num meio ainda inculto, apenas desbastado pela sabedoria jesuitica, não pudera Suzana Dias formar sua intelligencia no conhecimento das sciencias e nem mesmo nos rudimentos das lettras. As suas doações posteriores são todas assignadas a rogo "por não saber lêr nem escrever". Não é cousa admiravel maxime em mulheres daquelles tempos primitivos. Recebiam, sem duvida, a doutrina christã. com grande aproveitamento para a sua natural piedade. Lêr e escrever, julgavam, era mais para homens!No entretanto, pelo altissimo espirito de sua religiosidade, salientava-se Suzana Dias entre as matronas paulistas. Basta lembrar que a acta da camara de S. Paulo de 6 de Agosto de 1593, sobre a posse do almotacel Antonio Roiz, diz que este era genro de Suzana Dias, bastando seu nome para dar importancia ao genro. É uma das raras vezes que o escrivão cita o nome de uma mulher (este bem a conhecia, pois, Belchior da Costa fora o segundo marido de Suzana Dias, a quem consagrava verdadeira paixão). Eis, a meu vêr, o motivo porque nomeia, a mulher e não o marido Manoel Fernandes Ramos!No mesmo anno, em 1593, é novamente citada em acta para mandar entupir duas covas feitas na praça por um de seus filhos de nome Francisco, que o linhagista Silva Leme não menciona. Dahi a conclusão do Dr. Americo Brasiliense Antunes de Moura, que nesse tempo já Suzana Dias era viuva e dirigia os negocios da familia. Diz Pedro Taques que o Padre Lourenço Dias Machado, primeiro vigario de S. Paulo, era primo directo de Suzana Dias. Tudo, emfim, fazia desta senhora a mais illustre matrona paulista! Herdara de seu avô, o primelro cidadão de S. Paulo, Tibiriçá, a coragem varonil, e de seu pae, Lopo Dias, a generosa piedade.Quando estava prompta a sua fazenda na Parnahyba transferiu sua residencia para 1á, como se vê no inventario de seu irmão Belchior Carneiro, de 1608, quando seu segundo marido notava aos juizes que apressassem o andamento do processo, pois deviam voltar a Parnahyba. Apontam como sua residencia uma casa a margem do Tietê, em frente a Santa Casa, propriedade da familia Aquilino de Moraes. Contava a tradição que seus filhos lhe offereceram riquissimo sofa engastado de ouro e prata.Assistiu ao engrandecimento do povoado, fez, com seu filho André Fernandes, grandes doações de terras a Sant´Anna, levantando-lhe uma igreja e procurando fosse elevada a Matriz. Presenciou a rivalidade de sua Parnahyba com S. Paulo, e, quando esta fora elevada a Villa, assistiu as festas, mas, no mesmo anno, perdera seu segundo marido. Nove annos depois, a 8 de Setembro de 1634, passou desta terra para o céu, onde foi receber o premio de suas virtudes. Seu corpo fôra depositado na capella-mór de sua igreja de Sant´Anna, após solemnissimas exequias. Ensina com seus exemplos como deve ser a vida de uma senhora christan - paulista verdadeiramente ciosa da nobre tradição de sua terra e de sua gente.Manoel Fernandes RamosEra natural de Moura, Portugal. Chegou a S. Vicente quasi em éra martim-affonsina, na segunda metade do seculo XVI.Nas actas da Camara de S. Paulo encontra-se a assignatura - Manoel Fernandes, não poucas vezes, porém, em nenhuma dellas encontrei o sobrenome Ramos. Dahi a confusão e a difficuldade de identificação exacta.A 25 de Agosto de 1564, ha o substituto de João Fernandes, servindo de "escriban da camara desta vila he dallm° tacaira e orfãos he do publico judicial he de todos os hoficios q nesta vila soia haver cõforme a uma provisam q os ditos aficiaes apresentarão em Camara" (Actas da Camara de S. Paulo, vol. 1, pag. 45).Tem-se tomado este Manoel Fernandes como sendo o primeiro marido de Suzana Dias, o segundo tabellião de S. Paulo.Em 1572 occupava o importantissimo cargo de juiz ordinario. Sorteado quasi sempre, muito cooperou na governança de S. Paulo primitivo. Casara-se com Suzana Dias. O Dr. Americo Brasiliense A. de Moura traz até a data approximadamente em 1570. É provavel, no entretanto, é conjectura apenas, nada se sabe ao certo. De seu consorcio tivera treze filhos.
Sao conhecidos oito: André Fernandes casou-se corn Antonia de Oliveira, Balthazar Fernandes casou-se com Isabel de Proença, Domingos Fernandes casou-se com Anna da Costa, Custodia Dias casou-se com Geraldo Beting, Benta Dias casou-se com Paulo de Proença e depois com Antonio Furtado de Vasconcellos, Angela Fernandes casou-se corn Antonio de Oliveira, Isabel Fernandes casou-se com Gonçalo Ferreira, e Francisco Dias que a acta da Camara de S. Paulo menciona.
Assim, Manoel Fernandes Ramos, bem velho, tendo dado ao paiz a sua mocidade, o seu trabalho maravilhoso e a luzida descendencia, partiu para a Patria eterna, marcando na genealogia paulista aquelle capitulo glorioso: "Fernandes Povoadores", capitulo esse que enche o paiz de orgulho e a historia de sua riqueza maravilhosa!Gloria à villa capaz de lembrar ao mundo as façanhas de seus heróes, dignos de serem escriptos com lettras de ouro nas paginas da historia nacional! O rio Tieté, si falar pudesse, lembraria episodios magnificos, sendo o malor de todos a evangelisaçao dos nossos selvicolas pelos abnegados padres jesuitas. Por favor, mande sugestões e correções para nossoCoordenador ParnaibanoCopyright 2002 - SPGenWeb ProjectEspaço patrocinado porrootsweb