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Araçoiaba e Ipanema. José Monteiro Salazar
1997


Se ligarmos os municípios paulistas de Iperó, Sorocaba e Araçoiaba da Serra por uma série de linhas teremos construído um triângulo obtusângulo do tipo escaleno e cujo vértice inferior repousará sobre Araçoiaba, enquanto que, no lado esquerdo de quem olha a figura, teremos o vértice que corresponde a Iperó e o direito a Sorocaba. Assim, estará delimitada uma região do território paulista situada entre os 23 e 24 graus de latitude sul e os 47 e 48 graus de longitude oeste, um pouco acima do Trópico de Capricórnio. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. José Monteiro Salazar. Página 1]

Dos rios que circundam, sendo o mais importante, e mais próximo, o Ipanema e, do lado sul, o antigo Serapuhy; este, porém, bem mais distante. Ainda na parte central do Araçoiaba nascem, alguns pequenos riachos e um relativamente maior e mais importante, o antigo Rio das Furnas, hoje chamado Ribeirão do Ferro, o qual, ao descer a vertente, forma o ainda hoje chamado Vale das Furnas. Ele nasce no Monte do Chapéu corre primeiro do norte para o sul e, depois de passar pelo Vale das Furnas, torce bruscamente e muda radicalmente de direção, fazendo uma grande curva e passando a correr do sul para o norte, indo desaguar, afinal, no Ipanema.

Do lado nordeste, apresentam-se três cabeços conhecidos como o Cabeço do Ferro, o Cabeço Vermelho e o Cabeço Araçoiaba e, no alto, a montanha apresenta como um grande platô, onde existem várias lagoas.

Uma delas, hoje em dia, coberta por uma espécie de vegetação aquática muito comum em lagoas do interior de florestas e que dá uma coloração verde, ficou famosa por ter-se criado, com o correr dos séculos, a lenda da existência de ouro em seu fundo. Seria mesmo a Lagoa do Ouro, um verdadeiro Eldorado?

Aliás, não obstante antigas crônicas, nunca foi encontrado ouro no Morro de Araçoiaba. Entretanto, em princípios do século XX, caiu ali um meteorito de proporções regulares e que foi visto na ocasião por dezenas de pessoas ao descrever uma grande curva em baixa altitude e cair, finalmente, num ponto, assinalado por alguns como a própria lagoa.

Como existe a conhecida lenda que atribui à queda dos meteoritos a formação de fontes de ouro sendo mesmo eles conhecidos como a "mãe do ouro", isso reforçou os murmúrios e, hoje, ainda há na região quem afirme com veemência que há no Araçoiaba ouro às mancheias. Aliás, como é sabido, foi a busca do ouro um dos motivos principais da penetração dos bandeirantes por todo o Brasil e, de resto, que atraía uma multidão de aventureiros a todas as partes do continente americano, desde o longínquo Canadá até a Patagônia. [Páginas 2 e 3]

Já em 1879, Manuel Eufrazio de Azevedo Marques, em sua magistral obra, dava a seguinte e breve descrição de Araçoiaba, efetuada pelo Engenheiro Daniel Pedro Muller: "Entre os montes, nenhum merece particular atenção como o de Araçoiaba oi Byraçoiaba, como alguns escrevem, que significa ´coberta do sol´, a qual se acha dentro de uma planicie debaixo do tropico, 2 e 1/2 léguas oeste de Sorocaba. Esta montanha, riquissima, pela imensa quantidade de metal de ferro é isolada e forma na periferia inferior um ova, (...) Este granito é composto de um feldspathogrisco quartzo branco transparente, mica negra de mineral e de ferro magnético, mais ou menos com pedras iguais. A nordeste da montanha encontra-se, sobre o granito e o eixo argiloso de transição, o "grauwakenscheifer e, sobre este, uma imensa massa de grés que também se acha a oeste da montanha ou pedra de área, as quais não se acham em separações de camadas como nas montanhas secundárias, mas acham-se putrefatas. Este grés consiste em quartzo branco combinado em algumas paragens de cal, o qual forma, às vezes, exteriormente, estalactites sobre o grés, principalmente nos ribeirões e cavas. Em algumas partes passa este grés duro em marne mole. Nas regiões mais baixas, porém, consiste o grés em grânulos de quartzo ligados por uma dissolução chlontica. Ao lado, para sudoeste, encontra-se, ao pé da montanha, grunstein (pedra verde - diorito), homblendeschiefer e basalto em bancos e, sobre estes, o já dito grés. Também se acha, em alguns lugares em torno de Araçoiaba, a formação aurífera por inundação. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Páginas 6 e 7]

Diz José Vieira Couto de Magalhães (1837 - 1898) que havia dois troncos entre os nativos brasileiros: o vermelho e o branco. Os brancos, certamente, tiveram duas origens: a primeira, proveniente de cruzamentos com alguma raça do oeste sul-americano ou, mesmo, se aceitarmos hipóteses ousadas, descendentes de europeus (via Atlântida), da própria Atlântida ou de Vikings. Acreditamos que a história da humanidade ainda não é bem contada e, talvez, não se conheça nem metade dela. O fato, tenha vindo o nativo brasileiro de onde possa ter vindo, é que há, nitidamente, estas duas divisões. Uns, do tipo vermelho, parecem remontar a ascendentes orientais, japoneses, mongólicos, raças vermelhas. O outro é branco. No livro supracitado, aparece a fotografia de uma moça nativa, de certa tribo do Amazonas, fotografada pelo autor, que embora em estado rudimentar de civilização, tem fisionomia típica de uma branca de origem européia, a delicadeza de traços e o olhar meigo e compreensivo. Dá muito o que se conjeturar acerca de sua origem. No Brasil não se encontrou em territórios sabidamente ocupados por nativos, vestígios de pedra lascada. Eram comuns, porém, os da pedra polida. Mas não havia atividades pastoris na época da conquista. Aliás, não havia animais de tração, burros, cavalos, bem como rebanhos bovinos. [Página 8]

Segundo José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898), não tinham ideia do valor dos minerais. Prova disso é que denominavam os minerais por nomes comuns, tirados de sua cor. Por exemplo: Itauna (pedra preta) era o ferro; Itatinga (pedra branca) a prata; e Itajubá (pedra amarela) o ouro. Acreditavam que as pedras eram todas do mesmo valor e só consideravam as que achavam bonitas.

(...) Há vários autores que dizem terem sido os selvagens brasileiros apenas de dois grupos; o Tupi e o Guarani. As diversas tribos (Tupinambás, Tupiniquins, Tamoios, Tapuias, Carijós e Aimorés) não constituíam propriamente nações independentes e, sim, grupos que se separavam e ganhavam dos outros nativos como que apelidos, devido a práticas que adotavam ou características que adquiriam. Seria, num exemplo grosseiro, como que um grupo de paulistanos que fosse morar em determinado lugar e passassem só a se alimentar de frutas e passasse a ser conhecido como "os fruteiros" ou "os frutistas". Assim, seriam uma só grande nação Tupi e, bem ao sul nos territórios hoje ocupados pelo Rio Grande do Sul e Paraguai, os Guaranis, esses com influências de nações do oeste (talvez mochicas ou outros). [Páginas 9 e 10]

Em um ponto de seu livro, Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957) "Nos campos de Piratininga, no vale do Tietê, entravam os Tupiniquins. Os tupinambás, a leste, sempre inimigos dos portugueses. Ao sul e sudoeste de São Paulo os Carijós - quase sempre também inimigos". E continua: "Depois das grandes lutas entre Tupiniquins e Carijós, os Tupiniquins povoaram a região de Sorocaba e seus sertões". [Página 14]

De posse de todos esses dados e afirmativas, somos levados a crer o seguinte: Os nativos Tupiniquins tomaram posse da região de Sorocaba partindo do litoral para onde haviam vindo, desde a Bahia e, após a luta contra os Tupinambás, ali se fixaram. Muitos eram aliados dos portugueses nas lutas contra os carijós e Tupinambás. Outras tinham sido reduzidos à condição de escravos. Mas, às vezes, revoltavam-se contra os portugueses.

Azevedo Marques é um dos que, também, denomina os selvagens Tupiniquins, do grupo dos Carijós, colocando os verdadeiros Carijós nas proximidades do Rio Tietê (o antigo Anhembi). [Página 15]

Por seu turno, o Padre Montoya (1595-1652) afirma que Araçoiaba não poderia ser senão uma junção modificada de "araçoeva" (aurora) e "m´bae" (fantasma). Achamos que não, por vários motivos. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Página 16]

Francisco de Assis Carvalho Franco afirma que "as bandeiras eram apenas veículos de devastação, nada criando ou deixando de permanente; na rota de traçavam". (Página 23)

São Paulo era uma cidade pobre. Primeiro as pobres choupanas de que se compunha o povoado, depois asas de taipa. Só muitas décadas após meados do século XVI é que começam aparecer telhados, pois antes as cobertas eram de palha. Um primeiro sobrado aparece já em 1611, de propriedade de Lourenço Ruxaque. (Página 24)

Os ferozes Carijós, Tupinambás, que não perdoavam inimigos, que ainda comiam a carne dos inimigos mortos. De forma que as verdadeiras entradas só começaram com o raiar do século XVII. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Página 26]

Como dissemos acima, os europeus, orgulhosos por suas aparentes riquezas, altivos por sua origem, consideravam-se superiores a todos os outros indivíduos e olhavam os nativos e, mesmo depois, os mamelucos, com o mais soberano desprezo. (Página 27)

A primeira vez em que aparece o nome de Afonso Sardinha é no ano de 1575, no livro de Atas da Câmara, quando ele ocupa o cargo de Almotacel. Nos anos de 1576 e 1577, ele figura como vereador. Depois, em 1578 e pelos anos seguintes, até 1586, não há menção ao seu nome. Em 1587, porém ele era eleito Juiz e há vários documentos por ele assinados, com seu sinal particular, a cruz com três hastes. Em 1590, aparece novamente como Vereador. Tomou posse em 27 de janeiro. Então, teria ficado na Vila pelos dois anos seguintes pois, em 1592, era nomeado Capitão da Gente de São Paulo para comandar um grupo (uma expedição) que avançou pelo sertão para acabar com as invasões de nativos.

Os nativos traziam em sobressalto a vila de São Paulo. Já em 22 de abril de 1585, a Câmara tomava conhecimento de uma carta acompanhando um requerimento a ser enviado ao Capitão-Mór Jerônimo Leitão, que substituía o Governador Lopes de Souza, na ocasião em São Vicente. Naquele requerimento, alegava-se que a "vila se despovoara pois os mortos pelos nativos são inúmeros e eles mataram, nos últimos anos, mais de 150 pessoas entre portugueses, espanhóis e até padres da Companhia de Jesus, em suas investidas". Era pedido ao Capitão General que fosse feita a guerra. Em outra sessão da Câmara, em 30 de maio de 1586 (Livro de Atas), falando-se da interdição de pontes e caminhos, explicava-se que assim era melhor, pois só havia praticamente mulheres e crianças, pois todos os homens estavam na guerra contra o gentio.

Em 17 de maio de 1590, Antonio Arenso enviava notícia ao Capitão Jerônimo Leitão, veiculada pela Câmara, onde dizia que havia informações de que uma expedição fora toda dizimada e todos na Vila estavam preparados com armas e mantimentos, para acudirem aos arredores da mesma, onde já estavam por chegar os nativos. Em 9 de abril de 1590, a Câmara mandava aviso ao Capitão-Mor para que acudisse, pois havia notícias de que os nativos do sertão vinham marchando em grande número contra São Paulo. Em 11 de abril, a Câmara resolvia por vigias "nos matos à saída desta vila". Em 7 de julho do mesmo ano, a Câmara recebeu notícias de que houvera um encontro nas cercanias, em que morreram 50 homens brancos e os nativos, proclamando seu valor e bravura, atreviam-se a vir até os arredores próximos, atacando fazendo e matando muitos brancos e escravizados. (...)

Em 20 de janeiro de 1591, a câmara é informada de que os nativos se ajuntavam no sertão e iam invadir São Paulo. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Páginas 43 e 44]

Mas a partida do grupo expedicionário demorou certo tempo. Em 1592 mesmo, no dia 2 de maio, numa ata da Câmara, estava consignado: "estamos em estado de guerra contra os nativos há 3 anos". Ora, pode-se concluir; se havia estado de guerra desde 3 anos, ou seja, desde 1589, não teria sido possível a Afonso Sardinha ter andado pelo interior na direção de Sorocaba (território dos Tupiniquins). [Página 45]

Há uma notícia indireta, registrada no Livro de Registros em 16 de março de 1601. À página 104 aparece o Traslado de uma Provisão de "torna-se Cavaleiro Sebastião de Freitas". Do texto consta: D. Francisco, do Conselho de El Rei, e Governador deste estado faz saber ... ... Sebastião de Freitas, no ano de 1596, acompanhou o capitão Diogo Gonçalves Lasso, indo de socorro desta vila de São Paulo, para o Porto de Santos e a um rebate que houve de quatro velas (navios) inimigas ... e, outrossim, acompanhou com armas e escravizados aos descobrimentos das Minas de Borassoiaba". (Página 47)



Portanto, em 1597, já existia, em funcionamento, o engenho de ferro com dois fornos catalães do morro de Araçoiaba. (...) Quando Martim Afonso de Souza desembarcou na Barra do Tumiarú, em praias vicentinas, em 22 de janeiro de 1532, trazia em sua companhia o mestre Bartolomeu Fernandes, alcunhado "Bartolomeu Carrasco", um "ferreiro contratado para atender por dois anos aos reclames de peças de ferro da Armada e dos integrantes desse primeiro estabelecimento luso em solo brasileiro". (...)

Assim, o ofício de ferreiro ia sendo mantido em pequena escala pelos povoadores. Havia o medo de que esse ofício fosse ensinado aos nativos os quais poderiam produzir armas de ferro, em substituição às rústicas que usavam, de pedra, madeira ou osso. E isso era fundado pois que, até 1583, os Procurador da Justiça do Rei, Gonçalo Madeira, havia acusado um tal Manoel Fernandes de conviver com os nativos no sertão fabricando armas de ferro para eles, e acrescentava que "isso era de muito prejuízo para a terra". [Página 49 e 50]

A estada em São Paulo, por parte de D. Francisco, já durava demais. Tinha trazido grande incremento às coisas da vila. Como foi dito, São Paulo era, na ocasião, uma pequena vila com cerca de 2 mil habitantes e havia muita pobreza.

Naquele fim do século XVI, haveria, se tanto, umas cinco casas maiores dignas de alojar o Governador e alguns membros de sua comitiva. Mas a sua presença trouxe grande alvoroço para a população.

Tudo o que o que o fidalgo fazia era de grande pompa Frei Vicente Salvador diz, em seu livro: "Depois que chegou D. Francisco de Souza e viram suas galas, seus criados e criadas, houve logo tantas libres, tantos periquitos e mantos de soprilhos que já parecia outra coisa".

Enfim, partiu D. Francisco para as minas de Araçoiaba. Imagine-se uma viagem que hoje em dia pode ser feita de carro em uma hora e meia e que, naquele tempo, durava em média, segundo cronistas antigos, cerca de 18 dias!

Mas a grande e brilhante comitiva, pois só de soldados havia trezentos e mais "gente de marcação da Armada que trouxe dito Senhor" - segundo informa Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) - "que de Biracoiaba, passou ordem, dada de 2 de agosto de 1599, ao Provedor da Fazenda, fazendo cobrar duzentos mil reais, do fiador dos flamengos, João Guimarães, para as despesas que estavam fazendo com gente de trabalho que com ele se achava naquelas minas, em cujo lavor, estabelecimento houveram despesas e com os soldados de infantaria que o acompanhavam do resto.

Informa ainda Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) que, "por mandado de D. Francisco, de 20 de setembro de 1599, recebeu Diogo Sodré, almoxarife, o Pagador D’Armada e que veio para as minas de ouro e prata o dito Senhor, seis contos, 129.509 mil, que estavam no almoxarifado da Fazenda de Santos, carregados em receita ao almoxarife dela, João de Abreu, dos direitos da Urca nomeada "Mundo Dourado", para pagamento dos soldados e manejo das fitas minas".

No dia 3 de junho de 1599, acompanhado de grande e imponente séquito, constituído de fidalgos coloridamente trajados, técnicos, os soldados de infantaria já mencionados e numerosos nativos domésticos, entrava D. Francisco de Souza no povoado, fazendo reboar as montanhas com o éco de suas músicas marciais, trombetas e tambores.

E foi recebido regiamente por Afonso Sardinha, não obstante a pobreza de suas instalações no vilarejo de Itapebussu. Parece que d. Francisco gostou da recepção, ou dos ares, ou ficou influenciado pela "febre" do ouro e pedras preciosas e, na falta deles na exploração do ferro, pois demorou-se em Araçoiaba, relativamente bastante tempo. Eis que, chegado a 3 de junho ainda há atos dele em novembro. Teria ficado pelo menos uns 4 meses."

Há de fato, a cavaleiro do local onde se situam as ruínas dos formos de Afonso Sardinha, no vale das Furnas, um cabeço do Morro Araçoiaba que termina em uma pedra imensa, uma verdadeira laje, longa e chata e, por isso mesmo, no dizer dos nativos "itapevussu", ou seja "pedra longa e chata". Certamente e, como já destacou o Engenheiro-agrônomo Casemiro Junqueira Vilella, homem de grande cultura e muitos estudos que, durante certo tempo, foi Diretor do órgão do Ministério da Agricultura ali sediado, naquele local residiam os que operavam o Engenho de Ferro. Mas, será que a povoação seria alí mesmo? É uma pergunta que fazemos baseados em certas premissas.

1 - D. Francisco de Souza para lá deslocou-se, acompanhado de uma grande comitiva, cerca de quinhentas pessoas. Homem de pompas, acostumado a luxos, encontraria condições de se hospedar decentemente e com conforto em um grupo de casotas, uma espécie de favela, ali existente, pois, mais do que isso, certamente, não haveria por alí na Itapevussú.

2 - Achou-se, por certo, á vontade, pois demorou-se muito.

3 - Pedro Taques, em seu já citado livro diz, textualmente "Depois de ter examinado ocularmente estas minas, e adiantado o estabelecimento delas, que as denominou de Nossa Senhora do Monte Serrate, onde mandou levantar pelourinho ..." Note-se que não se fala na suposta pequena vila ou povoação. O nome seria, então, por acaso, o das minas ou do Engenho de Ferro?

4 - Quando a fundição terminou, em seu primeiro período, segundo uns em 1612, e segundo outros, em 1620, os habitantes se retiraram para o Itavuvu, hoje terras de Sorocaba.

5 - A distância de Itavuvú, a cavalo, por exemplo, passando por montes e vale, em suma, cortando caminho, de Itavuvú ao Engenho de Araçoiaba, não seria mais de uns doze quilômetros, não muito. Portanto, poderíamos então levantar certas hipóteses a respeito:

1° - Não seria a habitação de Itapevussú apenas dos escravizados, serventes e capatazes? E o pessoal mais graduado do empreendimento não teria casas melhores no sítio de Itavuvú, região mais ampla e melhor e para onde viriam, todas as noites, acabado o trabalho?

2° - Quando muito, com todo o seu pessoal, e não falam em famílias, haveria, talvez, em Araçoiaba, umas trinta ou quarenta pessoas. Isso justificaria a criação de uma vila?

3° - O pelourinho teria sido levantado em Araçoiaba apenas para um núcleo tão pequeno? Ou já teria sido feito, chamando-se o local de Monte Serrate, no próprio Itavuvú?

Pois repetimos: Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) não alude a Vila. Cita apenas que D. Francisco levantou pelourinho e denominou as minas de Nossa Senhora do Monserrate. Um ou outro autor acrescentava Monte Serrate do Itapevussú, mas isso não aparece na obra de Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777). E ele continua sendo a melhor fonte de pesquisas para aquela época em Araçoiaba.

Então, segundo nos acode ao raciocínio, poderia, muito bem, em melhores casas, mais bem construídas, de Afonso Sardinha e seus principais auxiliares, no Itavuvú, ter ficado D. Francisco indo, diariamente, como o faria, nesta hipótese, o próprio Afonso Sardinha, para o local das minas e dos engenhos. [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Páginas, 58,59, 60 e 61]

Como dissemos acima, não possuímos e cremos, não existe em qualquer arquivo, no Brasil ou em Portugal, nem em qualquer Biblioteca, registros, crônicas, narrativas, papéis, em suma, que dessem maiores detalhes sobre o funcionamento da Fábrica de Ferro de Afonso Sardinha, a primeira do Brasil.

(Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Página 62)

Muita gente já leu o interessante livro "A Estrada do Sol", escrito por Victor Von Haagen, por sinal casado com uma professora brasileira. A Estrada do Sol era uma via construída pelos incas, de largura reduzida, em geral de 1 metro a 1 metro e meio muitas vezes, quando em terrenos mais moles, calçada de lages pequenas.

As subidas dos morros era feita por mini-degraus, tão suaves que até cavalos podiam utilizar-se deles. (Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Página 145)

Outro fato singular: Se tomarmos uma régua e formos a um mapa da América do Sul, veremos que o trajeto de Cuzco a São Vicente perfaz uma linha reta. E essa linha passa por terras da Fazenda Ipanema (...)

Entretanto, a presença dos incas em São Vicente foi confirmada pois uns 25 anos atrás, o jornal "O Estado de São Paulo" publicava o encontro de ruínas do tipo inca em terras de São Vicente (...)

Citaremos, ainda, uma estranha pirâmide que existe no Morro de Araçoiaba, aparentemente obra da natureza, mas onde pode-se notar, investigando bem, a existência de pedras formando verdadeira escada até o seu topo.

Ao lado, há um monticulo menor, com uma abertura e pela qual, seguindo-se um corredor, percorre-se todo o trajeto subterrâneo em torno de um núcleo. É como se colocasse uma tigela dentro de outra muito maior.

Fato singular: Em Machu Picchu, no Peru, próximo a Cuzco, cujas ruínas ainda não são bem explicadas, há um Monte-Pai e um Monte-Filho. Outro fato interessante: "Machu Pichu" significa "O lugar que esconde o sol". Essa é também a significação de Araçoiaba em Tupiniquim, ou antes, em Tupi.(Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Páginas 146 e 147)
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