“Uma gamela de ouro, outra só de ilusão… Gente de outras terras, outros mares, outras serras; Todos num só coração”. Não houve alguém ainda com tamanho entusiasmo para falar sobre Capão Bonito que o professor, poeta e historiador Juraci B. das Chagas. Sua afinidade com as letras e sua paixão pela cidade natal são comprovadas no poema que abrimos essa reportagem especial sobreo município que nasceu como Freguesia Velha.Capão Bonito completou neste ano, 160 anos de fundação. Mas o pequeno povoado que deu origem ao município começou por volta de 1746 com o nome de Freguesia Velha e foi fundado por moradores atraídos pelos minérios preciosos encontrados nos rios das Almas – esse rio nasceu bem antes da Revolução de 32 – e Ribeirão do Chapéu, num território pertencente atualmente ao município de Ribeirão Grande, emancipado em 1992.Por estar localizada no meio do sertão da Serra do Paranapiacaba, e numa posição geográfica considerada desfavorável para o desenvolvimento, o primeiro povoado teve vida curta, e partir disso, os primitivos capão-bonitenses, com o apoio da Igreja Católica que buscava uma área mais adequada para suas pregações, juntaram-se aos garimpeiros e formaram uma nova povoação às margens do rio das Almas.Com a chegada do catolicismo no pequeno arraial, o então padre Manoel Luiz Vergueiro decide dar um novo nome à Freguesia Velha: Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema – atual padroeira do município. Porém, a denominação criada pelo vigário não caiu no gosto dos moradores e o nome Freguesia Velha permaneceu até 1850, durando exatos 104 anos (1746-1850).Fazenda Capão BonitoCom a escassez do ouro no rio das Almas, os moradores da Freguesia Velha não encontraram alternativa a não ser a busca por novos horizontes. Aos poucos, o povoado que deu origem ao atual município de Capão Bonito foi se esvaziando e deixando traços de abandono e ruínas, mas mesmo com a decadência no garimpo, alguns ainda insistiam na atividade econômica e tentaram convencer as famílias prontas para a mudança, a permanecerem no povoado às margens do pequeno riacho.Liderado pelo tenente coronel José Ignácio Ferreira, o grupo pró-mudança iniciou um movimento para a transferência do povoado a um local mais apropriado para atrair novos investimentos. A briga entre os grupos pró e contra a mudança durou até 1848 com a chegada de Pedro Xavier dos Passos, que na época, adquiriu parte das terras pertencentes ao Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e sua esposa D. Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, e ao Coronel Frederico Martins de Araújo, um dos primeiros presidentes da Câmara Municipal de Capão Bonito.
O nome da fazenda era Capão Bonito, denominação dada em virtude da existência de um bonito capão de mato em forma de coração. Conhecido como Sucuri, o novo fazendeiro doou uma parte das terras adquiridas – cerca de 150 braças quadradas – à capela Nossa Senhora da Conceição. Com as terras doadas, começou-se então a construção de uma nova e maior igreja para atender os garimpeiros e os mais de 5 mil habitantes da época. Para homenagear o solidário doador e por ser o chão nascente do Rio Paranapanema, o novo povoado foi batizado de Capão Bonito do Paranapanema, que se tornou distrito pertencente ao termo de Itapeva da Faxina.
A “nova freguesia” foi elevada a município em 02 de abril de 1857 através de uma lei promulgada pelo governador da província de São Paulo, Conselheiro José Joaquim Fernandes Torres. Na Lei também foi excluído o Paranapanema, tornando-se assim Capão Bonito, tendo como seu fundador o padre Joaquim Manoel Alves Carneiro.