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“História do Brasil” de João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934)
190110/04/2024 18:04:28

História do Brasil
Data: 01/01/1901
Créditos: João Ribeiro
Página 204

as minas que ficaram para sempre um segredo do obstinadoaventureiro descendente do Caramuru.

De prata são ainda as serras resplandecentes dos sertões de Porto Seguro, e que se tornaram lendárias com o nome de Itaberabussu.

Eis como o historiador Gandavo nos conta a origem dessa famosa lenda:

A esta Capitania de Porto Seguro, diz o citado historiador, chegaram certos índios do sertão a dar novas de umas pedras verdes, que havia numa serra muitas léguas pela terra dentro, e traziam algumas delas por amostras, as quais eram esmeraldas, mas não de muito preço; e os mesmos índios diziam que daquelas havia muitas e que esta serra era muito formosa e resplandecente...”.

Esta serra resplandecente que o gentio em sua língua dizia Itaberaba-oçu, e que a corruptela em lábios portugueses transformou em Taberaboçu e mais geralmente em Sabaraboçu, vai ser por todo o século seguinte o alvo das mais arrojadas expedições sertanejas conduzidas de São Paulo em direção ao vale do São Francisco, das quais não poucas vararam os sertões em busca de Porto Seguro ou do Espírito Santo, donde lhes vinha a longínqua tradição da Serra das Esmeraldas. lenda de Sabaraboçu vai ter larga repercussão entre os mamelucos de São Paulo.

Dr. Teodoro Sampaio. Memória lida no Instituto Histórico de São Paulo:

"Começa aqui esse período das pesquisas sertanejas, de que a expedição de 1602, do comando de Nicolau Barreto, é uma das primeiras e mais memoráveis, mas cujos feitos só se salvaram para a História nas notas de viagem de um aventureiro estrangeiro. Começa esse período das expedições longínquas para descerem índios para as lavouras ou para buscarem minas, cujos tesouros só um século depois de porfiadas tentativas se desvendam. Um século inteiro a bater os sertões atrás de uma quimera..."

A bandeira de Glimer, de que temos um roteiro em latim conservado na obra de Piso e Markgraff, seria decerto uma das primeiras organizadas e levadas a efeito no tempo em que fora nomeado Governador-geral D. Francisco de Souza e o fora com a recomendação da Corte de investigar as minas que se diziam existir no Brasil.

É provável que fosse ele quem promovesse essa expedição que teve lugar em 1602; sabe-se de outra parte que em 1599 o governador-geral esteve em São Paulo e aí teve notícia do que corria acerca da Serra de Sabarabussu (Saboroason de Markgraff) e suas minas de prata. Dela fez parte um holandês, Wilhelm Glimer, que vivia em São Vicente e cerca de oitenta portugueses.

A bandeira seguiu pelas margens de Tietê, tomou o Paraíba depois de descer um afluente deste, transpôs a Serra da Mantiqueira, e, depois de cortar vários rios, atingiu a região vizinha do Alto São Francisco. Gastaram-se nove meses nessa expedição, que foi de todo infrutífera.

Não era pouco, porém, haver-se já desvendado, com esta e outras aventuras que se seguiram, devidas ao gênio paulista, o segredo do sertão meridional, e em que vem afinal o descobrimento das minas compensar os sacrifícios anteriores.

Ouro! – foi afinal a exclamação desejada! Quais os itinerários mais seguidos nessas múltiplas tentativas de penetração do interior do Brasil? [Páginas 201 e 202 do pdf]

Diz um grande geógrafo, Peschel, que foi o ouro ou ailusão do ouro que povoou quase toda a América. Ascolônias francesas e inglesas do norte, no século XVI, desapareceram literalmente pela fome, e apenas o comércio de peles e otabaco no século seguinte salvou a civilização anglo-saxônica dainteira ruína na América.A tão rude destino não ficou sujeito o Brasil; bastaria a agricultura dostrópicos para alimentar a civilização até que o ouro fossedescoberto; todavia sempre foi a imaginação do precioso metal oalento que amenizava a melancolia dos expatriados.O tesouro, contudo, que foi o sonho de todas as gerações dosprimitivos colonizadores, só veio a revelar-se dois séculos depoisda conquista.

Um século antes do esperado milagre já se havia o governoaparelhado para assisti-lo. Foi de 1608 a 1617 separado do norte ogoverno do Sul, e o primeiro governador, D. Francisco de Souza,trazia o pomposo título de governador e intendente das minas.

Em Madrid elaborara-se já com grandes minúcias o Código mineiro, que havia de regular as fórmulas da especulação futura; játinha a corte espanhola experiência de iguais maravilhas comoas do México e Peru, que tanta ambição e tumulto despertaram. [Página 221]

Entretanto, anos, lustres e decênios decorriam marcados de contínuas decepções; entradas e bandeiras batiam as solidões sertanejastrazendo nossos minérios que provados à análise nada revelavamde preciosos.Em verdade, achou-se o ferro abundante em São Paulo e umpouco de ouro, raro, na mesma capitania; as lavagens do ouro daíe do Paraná, que foi logo por todos os recantos explorado, quasenada produziam e reclamavam sacrifícios que não eram compensados. Caíram, pois, em olvido.Tentativas, prenúncios e empresas de exploração dasminas houve muitas desde o descobrimento do país. Asentradas que já referimos a propósito de C. Jaques, MartimAfonso, o primeiro tentam de colonização do Norte (capitania de João de Barros) revela a uniformidade dessaaspiração.O caso mais famoso ou notório foi o de Gabriel Soares,o historiador, proprietário do engenho de Jeriquiriçá naBahia, que supôs haver descoberto ricas minas de prata emlugar desconhecido, e foi o ponto de partida de empresassucessivas de Melchior Dias, que mais ou menos determinara o itinerário daquelas minas para os lados de Itabaiana(Sergipe).

Os holandeses do Brasil também tinham notícia oficialde quatro minas de prata na região conquistada; em 1641Nassau fez partir do Recife uma expedição de 173 pessoasà cata de minas de ouro; dela era chefe um espírito de ação,Elias Herckmans, guerreiro, historiador e poeta, que narrouas peripécias da inútil jornada através das florestas ou dodeserto sertão até o morro misterioso de Copoaba. Outrasempresas sucederam, como a de Niemeyer, a busca das minas de Itabaiana, seguindo as pegadas de Melchior Dias, e repetidas outras no Cunhau, Rio Grande. Quase ao findaro domínio holandês, uma grande expedição dirigida por Mathias Beck, que dela escreveu um interessante Diário, velejou para o Ceará, onde se fizeram explorações regulares no Itarema e Maranguape, achando-se prata, mas em quantidade insignificante; a reconquista portuguesa em 1654, quando chegou a notícia da capitulação do Taborda, dispersou os expedicionários.



A esperança de novos descobrimentos fortaleceu-se com os primeiros e raros indícios, e vários decretos de 1670 e 1694 davam grandes promessas aos descobridores, títulos de nobreza e uma das três ordens de cavalaria, afora outras vantagens. Há ainda notícias de, pelos meados de século XVII, haver um certo Marcos de Azevedo subido um rio, que se supõe o Rio Doce, com um único camarada e ter trazido daquelas ínvias paragens muitas esmeraldas e prata; não querendo fazer revelações, teve que sofrer trabalhos, foi preso e morreu na prisão sem comunicar o segredo. O governo, reconstruindo o roteiro de Azevedo, por notícias vagas, comandou a Barbalho Bezerra uma expedição; mas Bezerra logofaleceu enquanto se discutia o empreendimento.

Um ricaço de São Paulo tomou a si a ração regular do interior; a ele se deve o conhecimento do vasto sertão das Minas Gerais, como ao depois se chamou. Era esse homem já muito maduro, [Páginas 222 e 223]

um desses homens encontra-se o exemplo de férrea e indomável vontade. Para Borba agora o mundo seria o prêmio da fortuna ou da audácia. O descobrimento das minas, se o fizesse um dia, traria a prescrição do hediondo de que fora cúmplice, senão principal causa. E na verdade pôde ele realizar essa grande esperança!

No lugar onde é hoje Sabará achou e explorou uma sede de jazidas e lavagens de então, trilhado pelos aventureiros, o local não oferecia segurança, e o criminoso debandou para os lados do Rio Doce, onde viveu da selvagem hospitalidade de uma tribo de índios, entre os quais foi quase rei.Vinte anos (1680-1700) tinham já decorrido da sua áspera expiação no deserto, e a nostalgia da pátria que a melancolia davelhice agravara tornara-se nele invencível. Pediu para São Pauloà família que reabilitasse o seu nome, e o governo fez-lhe a promessa de esquecer a grande falta se indicasse oslugares das minasdescobertas. Com grande regozijo Borba aceitou a promessa e feza revelação dos tesouros que havia descoberto, o que, além do esquecimento do crime, lhe valeu novas e grandes honras.Alguns anos antes do descobrimento das minas de Sabará, outras mais para o sul foram descobertas. Um paulista de Taubaté,Antônio Rodrigues Arzão, em 1693, havia explorado o Rio Doce edescera até Vitória do Espírito Santo, para onde levou amostrasde ouro, de três dracmas, das quais se cunharam duas medalhas,uma para o governador, e com a outra voltou ele a Taubaté, ondepouco depois morreu.

O seu cunhado, Bartolomeu Bueno de Cerqueira, continuou a obra encetada, levando-a ainda mais longe. Era este um bandeirante de grande fama, que já em 1670, numa expedição de resgate, havia penetrado até o íntimo sertão de Goiás; e bastava-lhe soerguer abandeira para à sombra dela acorrer a multidão de aventureiros do tempo. Em 1694 veio com grande companhia acampar nas [Páginas 226]
*“História do Brasil” de João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934)

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