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Relato de Diogo Garcia de Moguer
janeiro de 152704/04/2024 11:07:22

não nos prolongaremos mais neste particular. Apresentamos as fontes, para quem quiser seaprofundar nesse assunto.As filhas do Bacharel com o correr do tempo, foram se unindo a outros moradores dopovoado, portugueses e espanhóis, onde resultaria a sua boa relação com os castelhanos –e daí o grande número da sua gente e parentela, que toda abandonou São Vicente,acompanhando o Bacharel de volta para Cananéia, por ocasião de sua expulsão em 1531.A respeito das suas atividades e patriarcado em São Vicente, nenhum documento chegou,melhor do que o relato de Diogo Garcia de Moguér. A carta deste navegante ao rei daEspanha, datada de 1527 e conhecida como “Memória de la Navegación”. Por estedocumento é possível, hoje, se fazer uma avaliação do grande comércio de escravos(índios), que se realizava, através do Porto de São Vicente, e também que o Bacharel eseus genros, Gonçalo da Costa, Francisco Chaves e outros, ainda deviam ser muito ricos,certamente participantes do tráfico de escravos e seguramente com ligação com AntonioRodrigues e João Ramalho. O documento relata:“Memoria de la navegación que hice este viage en la parte del mar oceano desde que salíde la ciudad de La Coruña, que alli me fué entregada la armada por los officiales de S. M.que fué en el año de 1626”. (Mello Moraes – “Cronografia Histórica” – 1886, pá. 150 –transcrição integral)“...

1526 – E de aqui fuemos a tomar refresco en S. Vicente que esta em 24 grados, e ali vive um Bachiller y unos yernos suyos mucho tiempo ha que há bien 30 años e alli estuvimos hasta 15 enero del año siguiente de 27 e aqui tomamos mucho refresco de carney pescado y de las vituallas de la tierra para provisión de nuestra nave, e água e lema etodo lo que ovimos menester, e compre de un yerno deste Bachiller un bergantín que mucho servicio nos hizo, y más el propio se acordo con nosotros de ir por lengua al rio (da Prata) y este Bahiller com sus yernos, y hicieron comigo uma carta de fletamiento para lastraer em España con la nao grande “ochocientos esclavos”, e y ola hice con acuerdo de todos mis oficiales e contadores e tesoreros que allegando em el rio mandasemos na não porque la nao no podia entrar em el rio que era mui grande, y elos no quisieron sino hacer mela llebar cargada con esclavos e aí lo hice que así la mande cargada com esclavos, porque ellos no hicieron nen me dieron la armada que S. M. mando que me diesen, e lo que con ellos yo tenia capitulado concertado e asentado y firmado de S. M. pero antes hicieeron lo contrario que me dieron la nao grande e no conforme a lo que S. M. Mandava, e no la dieron en tiempo que les fué mandado por S.\M. que me la diesen em entrando Setiembre, y ellos me la diron medido Enero que no podia yo aprovechar della porque aqui V. M. lo verá por esta nevegación, y está una gente ali con el Bachiller que comen carne humana y es mui buena gente amigos muchos de los cristianos que se llaman Topies...”

Este documento nos dá uma boa ideia da força e variedade das atividades do Bacharel eseus genros. Os diversos produtos que eram comercializados, a existência de um estaleiro,onde eram construídos bergantins, a contratação de “línguas da terra”, o grande comérciode escravos. Tudo isso somado, configura a importância do povoado de São Vicente.Pode-se perceber que era um importante centro de abastecimento das armadas itinerantes, [“São Vicente Primeiros Tempos”, 2006. Secretaria de Turismo e Cultura da Prefeitura de São Vicente. Página 51]

O Bacharel era figura bastante conhecida pelos antigos navegadores. Mantinha com eles laços de amizade e até mesmo intercâmbio comercial. Quando o navegador português Diogo Garcia de Moguer passou por São Vicente em 1527, encontrou um bacharel que ali se achava desterrado. Emm sua “Memória de la Navegación”, Garcia registrou que ali residiam, entre outros, o bacharel Cosme Fernandes e seus genros Gonçalo da Costa e Francisco de Chaves, que receberam os navegantes “de braços abertos”.Foram realizadas, ainda de acordo com a “Memória”, transações comerciais de vulto. Diogo Garcia adquiriu muitas provisões, além de encomendar a Gonçalo da Costa a construção de um bergantim (pequena embarcação), e firmar com o Bacharel e seus genros contrato pelo qual estes lhe forneceriam quatrocentos índios dos que fossem aprisionados em guerra. Na “Memória” de Garcia de Moguer encontramos a seguinte passagem: “E de aqui fuemos a tomar refresco em São Vicente questá en 24 grados, e ali vive um Bachiller e unos yernos suyos mucho tiempo ha que ha bien 30 anos, e ali estuvimos hasta 15 de Enero del ano seguiente de 27.” O respeitado historiador santista Francisco Martins dos Santos, em sua “História de Santos”, comenta esse trecho da “Memória” de Diogo Garcia, enfatizando que a expedição desse navegador teria aportado em Cananeia e não em São Vicente: “Há neste depoimento de Diogo Garcia apenas um pouco de confusão. Os 30 anos de presença do ´bacharel´ estariam bem contados por aproximação, visto que ele viera para o Brasil em fins de 1501, mas não em São Vicente (povoação) e sim na costa de São Vicente, passado os primeiros anos de seu desterro em Cananeia e Iguape, cidades de hoje que ele fundaria ou iniciaria."[1]

Passando a viver entre os índios carijós da área, ganhou liderança e respeito de sua tribo na então aldeia de Maratayama, servindo durante décadas como intérprete, traficante de escravos e guia de navegação pelos navios de diversas bandeiras que começavam a aflorar por aquelas águas.[2]O nome Maratayama significa lugar onde a terra encontra o mar ou terra do mar (Mara= mar e Tayama= terra). Já o nome atual, Cananeia, tem origem em uma lenda antiga da região que se refere à esposa do bacharel Mestre Cosme Fernandez, a índia Caniné, filha do Cacique Ariró.[0]

Interessante menção a essemisterioso personagem está no relato de Diogo Garcia na sua Relación y derrotero, arespeito do acolhimento que teve em 1527 pelos moradores de São Vicente, apud Cortesão(1955:114): “E aqui fuimos a tomar refresco en San Vicente que está en 24 grados, e allivive un Bachiller y unos yernos suyos mucho tiempo ha que ha bien treinta años”. CândidoMendes, na obra citada, o confundiu com João Ramalho. Teodoro Sampaio o identificacom Cosme Fernandes Pessoa, de Iguape, “o mesmo bacharel deixado em degredo em 61Cananéia em 1501” (1978c:247). Também acenando para a condição de náufrago doBacharel da Cananéia, Capistrano de Abreu (1963:57). [3]

Foi descrito por Diogo Garcia de Moguér e Alonso de Santa Cruz em seus depoimentos de1526 a 1530, que se consolidam, como as mais completas informações que chegaram aténossos dias, com especial destaque para os informes de Alonso de Santa Cruz, primeirooficial de Sebastião Caboto, que descreve o povoado da seguinte forma: “...nesta ilha temos portugueses um povoado chamado São Vicente, de dez ou doze casas, uma feita depedra, com seus telhados e uma torre para defesa contra os índios em tempos denecessidade, etc...”Um dos fatos que chama a atenção é o duplo título usado pelo fundador de São Vicente,Iguape e Cananéia – Bacharel Mestre – hoje conhecido pelo nome completo: CosmeFernandes Pessoa, como já é tratado no seu trabalho de 1895, de autoria de ErnestoGuilherme Young, “Esboço Histórico da Fundação da Cidade de Iguape”, em revisa doInstituto Histórico e Geográfico e São Paulo, V.I, 1895, PP. 49 a 101, e “Histórias deIguape”, mesma revista, 1903, V. III, pp. 222 a 375. Neste trabalho à pág. 229, escreveu opesquisador: [5]
Chegada de Diogo Garcia de Moguer


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