Conde da Ilha reivindicou as terras que, desde de 1624, pertenciam ao Conde de Monsanto, incluindo Sorocaba
1 de junho de 1679
14/04/2024 05:01:45
Neste pé se conservarão ambas as capitânias desde á éra de 1624 até o áhno de 1679, em que o conde da Ilha, Francisco Luiz Carneiro reivindicou tudo, quanto pertencia á sua casa, e ocupava a de Monsanto. Tendo-lhe el-rei passado carta de confirmação por successão das cem léguas doadas a Martirn Afonso, constituiu seu procurador a Luiz Lopes de Carvalho, e este repôz, ainda que por breve tempo, a capitania de S. Vicente no seu antigo estado.
Na cidade da Bahia, onde se achava, apresentou ao ouvidor geral do estado, a carta de confirmação, e requereu, que, visto ter o soberano feito aquella rnereô ao conde sen constituinte, mandasse apossa-lo de todas as villas, lugares, que houvessem possuído Martirn Àífohsò, e seus herdeiros, som contradieção de pessoa alguma. Foi aüendido o seu requerimento e conseguia unia carta de diligência deste teor (1) :
« B. Pedro por graça de Deos.... Me enviou a dizer por sua petição por escriplo o conde da ilha do Príncipe por seu procurador Luiz Lopes de Carvalho.... lhe mandasse passar carta dc diligencia, para em virtude delia se lho dar posse dc todas as villas, o terras da dita capitania na jóítbã dc sua doação, como as possuira h dito Marlim Alínnsn de Souza, e eu mandava; c rece(i) Arvhivo da Càm. de $, Vã\, a aios da posse pte tomòú o Conde da Ilha do Príncipe. [0]
Francisco Luís Carneiro de Sousa no ano de 1679, obteve do Príncipe Regente [D. Pedro II] reconhecimento da antiga demarcação das capitanias, contrariando o Marquês de Cascaes, e retomou a posse.
A pendência deste litígio que divergia a respeito da linha sucessória de herança, sua abrangência em relação às capitanias, as demarcações de limites, distintas nomeações, apenas contribuíram para que parte da história da Capitania de Santo Amaro se misturasse aos relatos sobre a Capitania de São Vicente, impedindo uma leitura destacada, visão precisa dos fatos, do cenário no qual formou-se a Capitania Santo-amarense. [2]Depois deste sétimo donatario Luiz Carneiro, conde da Ilha do Príncipe, lhe succedeu em a dita capitania seu filho Francisco Luiz Carneiro de Souza, conde da Ilha do Príncipe. Este oitavo donatario Francisco Luiz Carneiro de Souza, obtendo do príncipe regente o senhor D. Pedro II confirmação das cem léguas de doação feita ao primeiro donatario delias Martim AfTonso de Souza, fez restituir á villa de S. Vicente o antigo caracter de cabeça da dita capitania, e delia tomou posse na camara da dita villa. Grande oppõsição encontrou nisto por parte do marquez de Cascaes, que se conservava ainda na posse de donatario da villa de S, Vicente desde o anno de 1624.
[3]Por provisão do Príncipe D. Pedro foi na mesma forma confirmado Luiz Lopes de Carvalho por capitão -mór, nomeado pelo conde da Ilha do Príncipe por provisão do 28 de Abril de 1677 ; tomou posse em l.o do Junho do 1679. Consta do livro que serviu na dita ca- mará desde o anno de 1673, a fls. 36, 37 e 38. [4]
Conde da Ilha reivindicou as terras que, desde de 1624, pertenciam ao Conde de Monsanto, incluindo Sorocaba
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
87
“
Minha grandeza não consiste em não haver caído nunca, mas em haver me levantado sempre.
