Em abril de 1918 o jornal Pharol (MG) traz uma reportagem sobre um novo método de combate a saúva testado em Sorocaba, nos então chamados "Campos de Santa Rosália".
O sr. Francisco Vera Cruz comunicou á Secretaria da Agricultura de São Paulo haver descoberto um novo processo para a extinção da saúva, que designou um de seus inspetores para assistir ás experiências.
Segundo o relatório apresentado pelo inspetor, o ingrediente utilizado pelo sr. Vera Cruz era um composto de base arsenical, no qual entravam também o arsênico e serragem de madeira, produzindo, pela combustão, gazes extremamente tóxicos, de cor amarelada e de uma densidade 3,2.
As exprências foram feitas em um grande formigueiro, nos campos de Santa Rosália, medindo 22 metros de circunferência, bastante velho e trabalhado pelas saúvas, que acumularam ali cerca de um metro de terra em toda a circunferência, acima do nível do solo.
O método adotado consistia na perfuração do formigueiro em vários pontos, com varas de ferro, e o sr. Vera Cruz decidia a questão da aplicação de diversos ingredientes, pois só desse modo serial possível atingir as panelas profundas, que estariam, ás vezes, a 5 metros de profundidade, como no caso da esperiência em questão.
Empregou-se no no ataque, durou cerca de 60 minutos, doze trociscos da composição citada, várias pessoas testemunharam a experiência além do representante do governo.
Aberto o formigueiro dez dias depois, viu-se que a sua rede de comunicação interna era das mais complexas e numerodas que até então se conheciam.Com o método de perfuração não só as panelas senão também todas as galerias subterrâneas foram inteiramente ligadas pelos furos, facilitando a difusão dos gases.
As observações feitas a respeito, no local do ataque, concluiu o inspetor em seu relatório, firmaram a sua convicção em relação ao assunto. Sua opinião foi de que o processo do sr. Vera Cruz satisfazia completamente como meio de destruição de saúvas, não sendo menos aconselhável pelo lado econômico, sendo que um kilograma de ingrediente ficaria menos de $800, em situações normais.
Capelas ipabem *Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas
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“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros