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Rogério Marcos Oliveira quebra a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
16 de maio de 197805/04/2024 08:11:39

Estátua de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Data: 01/01/1978
Créditos: Revista Época
((emm)

A noite de 16 de maio, lá para os fins do outono brasileiro de 1978, já estava mais escura do que de costume em Aparecida quando um apagão de dois minutos deixou o santuário definitivamente nas trevas na última missa do dia, interrompendo o sermão do padre e assustando os fiéis a prepararem-se para a sagrada comunhão.

Nessa altura, o vulto de um homem pulou dois metros e meio até ao nicho onde estava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, partiu a soco as três camadas de vidro que a protegiam, pegou-a nas mãos e levou-a para fora do santuário.

Logo ali, a cabeça da santa descolou-se do corpo, pela primeira vez desde 1717, estilhaçando-se no chão.

A polícia e os fiéis correram pelas ruas de Aparecida como num filme de ação atrás do homem de 19 anos, identificado como Rogério Marcos de Oliveira, que embora alcançado pelo guarda João Batista, jogou o corpo da santa ao chão e escapou.

Enquanto as freiras Egide e Efigénia recolhiam os cacos, um grupo de fiéis perseguiu Rogério com o intuito de o linchar.

Para acalmar os homens, o padre Lino, um dos redentoristas responsáveis pelo templo, gritou "era falsa, a imagem era falsa". Foi a primeira mentira - piedosa - da igreja durante o episódio. A segunda ocorreria mais tarde.

Na sequência, o padre Izidro, reitor do santuário, ligou para o Vaticano para pedir conselhos sobre como restaurar a peça sagrada.

De Roma, sossegaram-no e aconselharam-no a recorrer a Pietro Maria Bardi, o artista italiano cocriador do aclamado Museu de Arte de São Paulo (MASP), de modo a que ele nomeasse um restaurador profissional da instituição para se ocupar da santa.

"Fui apresentada, dias depois, a Nossa Senhora, ou melhor, aos 165 pedaços de Nossa Senhora que sobraram. Quando os vi, fiquei em pânico", conta ao DN a restauradora e artista plástica Maria Helena Chartuni.

"Eu era devota de Aparecida em criança mas aos 12 anos visitei o santuário e não me comovi, por causa da escuridão e do excesso de comércio, daí que durante a adolescência, como qualquer bom adolescente, a tenha deixado de lado", conta Maria Helena, que tinha 35 anos na época do restauro e hoje conta 74.

"Perante a situação, 165 pedaços de santa, fora outros milimétricos à volta, pedi a ela que me ajudasse e durante 33 dias dediquei-me ao trabalho com relativo sossego."

O relativo sossego deveu--se à notícia falsa veiculada pelo padre Izidro de que a imagem tinha sido transferida para o Vaticano - a segunda mentira piedosa no processo - de modo a acalmar as televisões e os jornais brasileiros que, durante meses, não falaram noutro assunto.

Alarmado, um professor cristão chegou a considerar em artigo no jornal Folha de S. Paulo que o atentado à santa fora um aviso para o Brasil, por ter aprovado por aquela altura o divórcio, como Fátima, em 1917, fora um aviso da ameaça bolchevique para o mundo.

Numa sala com a fechadura trocada e vedada por um cordão de segurança, a que apenas Chartuni, Bardi e os padres responsáveis pelo santuário tinham acesso, a restauradora classificou as peças, selecionou as colas e definiu o método de trabalho, começando pelo manto, depois pelas mãos e terminando na cabeça, cujo lado direito ficou literalmente em pó.

Juntada cera de abelha para proteger a obra, a Padroeira do Brasil ficou como nova após um mês e dois dias.

"Durante o restauro entendi que aquilo que eu julgava lenda, que ela havia sido pescada no rio, primeiro o corpo e depois a cabeça, era verdade, ela esteve, de facto, na água", assegura.

"Por isso e pelo contacto durante séculos a velas e a candeeiros, da sua cor natural, algo em torno do bege, passou a castanha ou negra".

Ao fim dos tais 33 dias, Maria Helena percorreu num carro do corpo dos bombeiros, lado a lado com a santa restaurada, o percurso de mais de 200 quilómetros da Avenida Paulista, sede do MASP, até ao santuário de Nossa Senhora Aparecida.

"Os fiéis fizeram um corredor humano durante cada centímetro do caminho, chorando, rezando, cantando, e aí se deu a minha transformação, foi algo que aconteceu sem qualquer tipo de marketing católico, eram as pessoas, a santa e a fé delas - e bastava."

Mas exatamente um ano depois, o padre Lino, o da primeira mentira, telefonou-lhe a pedir ajuda novamente.

O padre Izidro, o da segunda mentira, sentindo-se um restaurador nato, havia resgatado a santa negra e pintara a peça com tinta para automóvel mais clara.

"Quando levantei o véu, não queria acreditar ela estava cinza, parecia de gesso, só foi salva por causa da cera de abelha, tive de dizer ao padre Izidro para ele não mexer mais no meu trabalho, assim como eu não dava as missas dele."

De então para cá, Maria Helena Chartuni vem visitando e tratando a sua obra mais aplaudida todos os 39 anos desde o atentado. Para o imaginário católico brasileiro, ela é uma salvadora da pátria.

E Rogério Marcos de Oliveira, um vilão brasileiro. Encontrado com sangue pelas mãos e pelos braços, por ter quebrado o vidro a soco, pela polícia horas depois do atentado junto ao rio Paraíba - o mesmo onde há 300 anos foi pescada a santa -, levaram-no a um hospital para receber tratamento.

A seguir, a uma esquadra de polícia, de onde haveria de sair dois dias depois para um sanatório, por indiciar problemas mentais.

O agressor de Aparecida, que já havia atingido semanas antes a imagem de São José da sua paróquia, na cidade de São José dos Campos, confessou depois que era um iconoclasta decidido a destruir todos os santos que encontrasse.
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