O "Planisfério dito de Cantino" é o primeiro mapa que apresenta a costa do Brasil a costa da América do Norte com a Flórida, a Gronelândia e a Terra Nova, Madagáscar, Índia, Malásia e Golfo da Tailândia. Foi a primeira vez que estão representadas num mapa as linhas do Equador e do tratado de Tordesilhas.
A África está espantosamente bem desenhada, tendo em conta que só tinha sido circum-navegada por três vezes (mas a última armada - a de João da Nova- ainda não tinha regressado a Lisboa). No entanto a Europa, em relação à África, não está desenhada correctamente, está mais curta.
É uma cópia do "padrão real" e foi desenhado por um cartógrafo Português, da casa da Guiné e da Mina(mais tarde Casa da Índia) em 1502. Demonstra o elevado grau científico com que os portugueses trabalhavam durante os descobrimentos. Foi obtido clandestinamente por um espião chamado Alberto Cantino.
Esta personagem pagou 12 ducados de ouro ao cartógrafo e enviou-o para Itália, para Hércules d´ Este, Duque de Ferrara.
2949§ Carta náutica das ilhas novamente descoberta na região da índia
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“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros