Após nova morte por linha de cerol, lei dobra multa
23 de dezembro de 2019
05/04/2024 13:02:40
Um dia após um motociclista ter o pescoço decepado e morrer atingido por uma linha de cerol em Belo Horizonte, o Governo de Minas tornou mais rigorosa e severa a punição para quem for flagrado comercializando os fios cortantes. Conforme a Lei 23.51, publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (23), a multa para quem vender linhas com cerol ou chilena será de R$ 3.590. Em caso de reincidência, o valor poderá ser aumentado em até 50 vezes, passando de R$ 179 mil."Fica proibida, então, no Estado, a comercialização das linhas cortantes e o seu uso em pipas, papagaios e outras destinações", diz trecho da nova legislação. Além disso, se a linha apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, os pais ou responsáveis dos menores serão notificados pessoalmente da infração.Tanto a linha com cerol quanto a linha chilena são proibidas há 17 anos em Minas Gerais. Antes da nova legislação, vigorava uma lei de julho de 2002, que previa multa de até R$ 1.500 para quem portava o material. Além disso, segundo a Polícia Civil, o Código Penal qualifica o uso como crime passível de prisão.PerigoA lei define linhas cortantes como aquelas produzidas industrialmente, como a “linha chilena”, em que são usados pó de quartzo e óxido de alumínio. Há também aquelas às quais são adicionadas misturas artesanais, como pó de vidro ou de ferro, que lhe atribuam poder de corte tal como o do cerol. Para se ter noção do perigo, a linha chilena é até 20 vezes mais cortante que um bisturi cirúrgico. EnterroO motociclista que morreu na MG-010, perto da Cidade Administrativa, após ser atingido por uma linha de cerol, foi enterrado nesta segunda-feira sob forte comoção e revolta dos familiares. A companheira ele, uma mulher de 26 anos, estava na garupa no momento do acidente. Ela teve escoriações pelo corpo, mas sobreviveu. Ninguém foi localizado com a linha cortante.
Após nova morte por linha de cerol, lei dobra multa
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros