Fundação, em Salvador, da Academia Brasílica dos Esquecidos, a primeira sociedade literária que floresceu no Brasil
7 de março de 1724
08/04/2024 23:52:44
1724 — Fundação, em Salvador, da Academia Brasílica dos Esquecidos, a primeira sociedade literária que floresceu no Brasil. Foi fundada pelo vice-rei Vasco Fernandes César de Meneses, depois conde de Sabugosa, que para esse fim convocou naquele dia ao palácioos letrados da capital. Aceitas então as bases apresentadas, celebrou a academia a sua primeira reunião a 23 de abril e reuniu-se pela última vez a 4 de fevereiro do ano seguinte, quando deu por encerrado o seu primeiro e único ano social.
Fundação, em Salvador, da Academia Brasílica dos Esquecidos, a primeira sociedade literária que floresceu no Brasil
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
“
Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens.