Durante muito tempo na História, essa, escrita com H maiúsculo, não houve espaço para a menção de mulheres. Não é que elas não existissem, não é que elas não agissem. Elas existiram e tiveram impacto relevante em eventos que consideramos dominados por homens. Revoluções? Estavam lá. Guerras? Também. Acordos de paz, disputas territoriais… Elas estavam fazendo ciência, empreendendo e criando espaços em uma sociedade feita por homens para homens.
Mas se elas costumavam estar nesses lugares, por que não são mencionadas? Ora, a história também era um domínio restrito à masculinidade. O apagamento do papel do feminino era, portanto, natural. “Por muito tempo na história ‘anônimo’ era uma mulher”, sintetizou Virginia Wolf. Apesar disso, algumas biografias teimaram. Nomes se sobressaíram, como Marie Curie e Joana d’Arc, outros terminaram esquecidos, alguns não passaram de breves menções nos relatos masculinos. É um grande poder esse de selecionar o que é digno de ser lembrado e o que pode ser apagado, esquecido.
O Brasil, por exemplo, nasceu de um decreto assinado por uma mulher. Maria Leopoldina, e não D. Pedro I, nos tornou oficialmente independentes. A escravidão fora formalmente encerrada por outra, consolidando a luta de milhares de mulheres negras que criaram artifícios para deixar a condição de cativas e não tiveram sua assinatura no documento final. A primeira greve geral do país? Obra de mulheres. Assim como foi uma mulher que reivindicou pela primeira vez a igualdade de ensino e o direito à educação. Catarina Paraguaçu teria sido não apenas a primeira mulher indígena, mas a primeira mulher da história brasileira a aprender a ler e a escrever.
Paraguaçu era filha de Taparica, cacique dos tupinambás, e foi considerada “a mais antiga figura feminina da história do Brasil”. Nos primeiros anos de colonização, ela teria intercedido pela vida do português Diogo Álvares, o Caramuru, com quem formou um dos primeiros casais interraciais do país, e o mais famoso do século XVI. Lamentavelmente, muito do que restou da história de Paraguaçu está vinculada ao seu casamento com Álvares. Sabe-se, no entanto, que ela teria reivindicado o direito à educação das mulheres, tendo sido a primeira a dominar as letras, e escreveu uma carta de próprio punho ao padre Manoel da Nóbrega em 1561, quando a maioria dos homens no mundo não detinha esse tipo de conhecimento.
Numa época de grande discriminação contra as mulheres, sobretudo as indígenas, a influência de Catarina se impôs na sociedade colonial. Naturalmente, o casamento dela com Diogo Álvares não foi apenas determinado pelo amor romântico. A aliança firmada entre os dois contribuiu para o longo processo de aculturação que os europeus iniciaram em 1500 e desenvolveram pelos séculos seguintes, mas também poupou parte dos tupinambás do cacique Taparica da hostilidade usual dos homens brancos.
Em um mundo ideal, a alfabetização pioneira de Paraguaçu teria aberto as portas para que outras mulheres indígenas acessassem os sistemas de educação. Mas a história segue um curso próprio, geralmente pouco inclusivo. Foi apenas 445 anos depois da alfabetização de Paraguaçu, em 2006, que o Brasil concedeu o primeiro título de doutora para uma mulher indígena, a linguista Maria Pankararu, que recebeu o título pela Universidade Federal de Alagoas, com uma tese sobre a língua ofaié.
Quase 20 anos depois, em 2023, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul dava a Susana Kaigang título equivalente. A indígena se tornou doutora em educação recuperando a trajetória de sua mãe, a militante indígena Andila Kaigang. “A história oficial não traz a história dos povos indígenas porque foi escrita pelo colonizador”, diz. “Cabe a nós contar nossa própria história e ocupar os espaços”.
O processo de reconstruir a trajetória de Andila tem o peso de trazer uma biografia pouco conhecida. “Ela estava no centro de muitos debates que envolviam a educação dos povos indígenas”, explica. Além de seu envolvimento na educação escolar indígena, Andila participou de frentes de retomada de terras, atua na Organização Indígena Instituto Kaingáng (INKA) e no Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, estabelecendo conexões entre educação, cultura e tradição kaingang.
“Recontar a história das mulheres indígenas é recontar partes de uma história que insistem em esquecer”, sintetiza. Se mulheres como Catarina Paraguaçu abriram uma porta, mulheres como Susana, Andila, Maria Pankakaru e outras tantas estão dispostas a escancarar as janelas.
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