"A mata atlântica era resultado de alguns milagres de anos de nativos com esse "jardim". Os que chegavam eram admitidos como mais um na diferença.
Quando os europeus chegaram poderiam ter todos morridos de inanição, escorbuto ou qualquer outra bereba nesse litoral se os nativos os tivessem recolhidos, acolhidos, os ensinado a sobreviver aqui e principalmente alimenta-los.
Não sabiam siquer colher um caju, aliás nem nem sabiam o que era um caju. Chegaram famintos e doentes. Darcy Ribeiro diz que eles fediam. Chegaram frágeis. Os nativos poderiam tê-los matados afogados. Durante mais de 150 o que os nativos fizeram foi socorrer estrangeiros flagelados chegando nas praias.
Querer configurar isso como uma conquista, como nos termos de uma guerra de conquista, como houve no México ou Peru, é também ignorar a extensão territorial brasileira.
Para chegar e ocupar seria necessário muito mais que uma canoa com 37 portugueses, mas no um desembarque de mínimo 300 canoas, com no mínimo 3000 portugueses. Não houve ao menos um desembarque".
Segundo algumas fontes, o náufrago João Ramalho se tornou influente entre os índios da aldeia, podendo arregimentar 5 mil índios em um só dia. [1]
Em maio de 1564, os oficiais da câmara redigiram uma carta a Estácio de Sá, capitão-mor da armada do rei, estacionada em São Vicente, reclamando sua ajuda para enfrentar os índios tamoios que ameaçavam a vila.
Ressaltavam que a capitania de São Vicente estava na fronteira, “entre duas gerações de gente de várias qualidades e forças que há em toda a costa do Brasil como são os tamoios e tupiniquins”, e que era constantemente ameaçada e cercada por inimigos.
Lembravam com pesar a morte de homens brancos que haviam perecido no sertão, como Francisco de Serzedo e João Fernandes. Por fim, constava um alerta com tom de ameaça:
Se não fossem socorridos, abandonariam a vila. A ameaça não foi, como sabemos, verdadeiramente cumprida, e os moradores não só reagiram como, mais tarde, partiram para a ofensiva. [2]
Em 1585 a Câmara da vila de São Paulo dirige uma representação ao capitão-mor Jerônimo Leitão, mostrando a necessidade da guerra contra os Tupiniquim e os Carijó, por estar a terra pobre e sem escravaria e hostilizada pelos selvagens.
Em 10 de abril, as Câmaras de Santos e São Vicente haviam feito igual representação. O capitão-mor, atendendo a esses requerimentos, marchou à frente dos expedicionários. Os Tupiniquim tinham na região do Anhembi (Tietê) 300 aldeias e 30 mil arqueiros. [3]
Em maio de 1589 São Paulo contava 150 a 170 moradores. [4] Em 1591, 150 moradores. [5] Em contava com um pouco mais de 170 moradores, um acréscimo de 80% numa década. [6] E em 1612 "sem mulheres brancas fica impossível povoar". [7]
[2] "SP na órbita do império dos Felipes" José Carlos Vilardaga p.84;85
[3] Dois Lemes e um Pires do século XVI, na vila de São Paulo
[4] "SP na órbita do império dos Felipes" José Carlos Vilardaga p.148 / S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601 (1920) Affonso d´Escraqnolle Taunay p.47
[5] https://brasilbook.com.br/r.asp?r=23259
[6] "SP na órbita do império dos Felipes" José Carlos Vilardaga p.148
[7] "Casa Branca e Senzala" Gilberto Freire
[8] Guerras do Brasil.doc: As Guerras da Conquista Documentário/Netflix