Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) - "Piratininga - Aspectos Sociais de São Paulo Seiscentista"
1923. Há 101 anos
Do primeiro Paço Municipal de São Paulo, da casa quinhentista do conselho, mal restavam algumas ruínas em 1606. A 17 de janeiro de 1609, fazia o procurador Antonio Camacho sentir a seus colegas de vereança quanto a casa "adonde se fazia câmara e audiência estava muito desbaratada e cada vez pior, sendo necessário acudir a isto." [Piratininga - Aspectos Sociais de São Paulo Seiscentista, 1923. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 7]
Contra eles bramava em Câmara, a 14 de novembro de 1609, o solicito procurador Antonio Camacho, a lembrar aos seus colegas "que na vila havia muitas tabernas em as quais se vendia vinho muito ruim e meio caro por medidas muito ruins e pequenas". Acudissem, suas mercês a esta "eizurbitancia", como no tempo se dizia. Se os tais taberneiros jamais haviam visto fiscal a lhes examinar toneis e barris, verificar-lhes o batismo do generoso sumo, ou "visar as medidas de que se serviam!" [Piratininga - Aspectos Sociais de São Paulo Seiscentista, 1923. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 51 e 52]
Calcule-se o alvoroço em São Paulo ante tal aparato de justiça! Que não sairia desta viagem prenhe de ameaças para a liberdade dos devassadores de sertão e apresadores de nativos? Dos contraventores de cartas régias, desde a de Évora, cheia de hipocrisia legislativa, na frase feliz de João Mendes Junior, até a de 30 de julho de 1609 e o alvará de 10 de setembro de 1611, formais em suas declarações, límpidas e condenatórias do tráfico vermelho. [Piratininga - Aspectos Sociais de São Paulo Seiscentista, 1923. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 122]