No primeiro relatório sobre o caso, o delegado Sidney Benedito de Alcântara afirmava que Aladino Félix “realmente” tinha contatos com autoridades do governo federal até ser preso
18 de dezembro de 1968
06/04/2024 17:30:05
A evidência de que foi a direita quem tomou a frente nas ações que serviram de pretexto para o fechamento do regime aparece pela primeira vez num relatório do delegado Sidney Benedito de Alcântara, assistente do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), sobre o inquérito em que a polícia esclarece os crimes a partir de prisões ocorridas em meados de agosto de 1968. Com data de 18 de dezembro, cinco dias depois da edição do AI-5, o delegado afirma que os atentados da direita “começaram bem antes do atual terrorismo de esquerda”, numa referência ao início da fase mais acirrada dos conflitos armados que marcaram a fase mais dura da repressão política.“Pessoa com ideia fixa sobre subversão, atentados e conspiração”, acrescentou o então chefe da PF no Rio, coronel Florimar Campello. O diretor-geral da PF, general Luiz Carlos Reis de Freitas, afirmou que era um “lunático esperto e oportunista em busca de notoriedade”. O delegado Alcântara o perfilaria como misto “de gênio e de louco”.
Diziam uns que aquilo era o anti-Cristo, que vinha chegando; outros, o enviado celeste para avisar o fim do mundo; outros, ainda que um castigo vindo pela proibição da saída da procissão de João de Camargo, conhecido curandeiro da Estrada da Água Vermelha, a realizar-se ontem e que as terras por sobre as quais ele passasse jamais produziriam o que quer que fosse.
Férteis como são na criação de tais lendas, ficaram, como se vê, imensamente alarmados os matutos dos sítios longínquos da cidade com a aparição do "gavião do diabo", como foi pelos mesmos apelidado, o aparelho do aviador americano. Gavião do Diabo? Anti-Cristo? Mensageiro do fim do mundo? Castigo de João de Camargo? Avião assustou Sorocabanos
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Duas vezes a morte hei sofrido. Pois morre o pai com o filho morto. Para tamanha dor, não há conforto. Diliu-se em prantos o coração partido. Para que ninguém ouça o meu gemido, encerro-me na sombra do meu horto. Entregue ao pranto ao sofrer absurdo. Querendo ver se vejo o bem perdido! Brota a saudade onde a esperança finda. Sinto na alma ecoar dores de sinos! Só a resignação me resta ainda.