“De maneira que quase todo o dia se gasta em confissões, e se mais intérpretes houvera, muito mais se confessavam, e não é pequena desconsolação vê-los estar todo o dia esperando na Igreja” - 12/06/1561 de ( registros)
“De maneira que quase todo o dia se gasta em confissões, e se mais intérpretes houvera, muito mais se confessavam, e não é pequena desconsolação vê-los estar todo o dia esperando na Igreja”
12 de junho de 1561, segunda-feira. Há 463 anos
Fontes (1)
Apesar do “exército de intérpretes” de que fala Jaime Cortesão, a amplitude dos propósitos missionários fazia-os esbarrar sempre na limitação imposta pela falta de mediadores lingüísticos.
É o próprio Anchieta quem relata numa carta escrita a 12 de junho de 1561 (1988:179): “De maneira que quase todo o dia se gasta em confissões, e se maisintérpretes houvera, muito mais se confessavam, e não é pequena desconsolação vê-los estar todo o dia esperando na Igreja”.
Em outra oportunidade, estando em Itanhaém, a quantidade de índios “desejando ser batizados e ensinados”, em contraste com a “falta de intérprete”, tornou inexeqüível os ofícios religiosos (1988:199). Na Bahia, o problematornou-se grave, como escreve Nóbrega de São Vicente em setembro-outubro de 1553: “Na Bahia não se entende agora com o gentio por falta de línguas que não temos”. Escrevendo também de São Vicente, a 15 de junho de 1553, Nóbrega lamenta não dispor de mais pregadores-línguas: “E muito mais se faria se já houvesse muitos obreiros; mas como só Pero Correia é o pregador não pode fazer mais”. A escassez de intérpretes na Bahia explica o destaque que Schwartz (1979:148) dá a Luís de Aguiar, “morador do Brasil por vinte e sete anos, piloto e capitão da guarda costeira, fluente na língua geral e um secretário legal capaz”, o que, entretanto, não o salvou de ser condenado pela Relação a dez anos de galés no início do século XVII. ["A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos" 2005]
Caiubi, este nome identifica o velho de mais de cem anos, cuja morte, sem dizer o nome, narra Anchieta em Piratininga por meador de 1561: "sendo morador noutro lugar duas léguas de Piratininga, dizendo-lhe os Padre que viesse para Piratininga para aprender as coisas de Deus, logo deixou quanto tinha e foi o primeiro que começou a povoá-la, indo de certos em certos dias buscar de comer com a sua gente ao outro lugar que por amor de Deus tinha deixado, onde tinha as suas roças e fazendas" (Carta de Anchieta, de 12 de junho de 1561, em espanhol, que, por andar incorretamente Cartas dos Padres [antigo Códice de São Roque, Lisboa], I-5, 2, 38, f. I25v).
Como em junho de 1553, Nóbrega tratava de fundar a Aldeia de Piratininga e se procedia à reunião doutras Aldeias nesse lugar (LEITE, História I 270; Nóbrega e a Fundação de São Paulo, 46, 79, 82), a idade de Caiubi coloca-se nesse período, antes de 29 de agosto de 1553, pois foi o primeiro, segundo o testemunho citado. [Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969). Página 342]